quinta-feira, 24 de julho de 2008

NOSSA CABEÇA, NOSSO MUNDO!!!



Durante o período da DPP - Depressão Pós Parto, a minha auto-estima estava debaixo da sola do pé.

Nunca fui extremanente vaidosa, mas sempre gostei de comprar roupas, sapatos, bolsas e assessórios como qualquer mulher! Gostava de usar batom tom de terra; perfumes que me inspirassem atitude e força, como alguns masculinos; gostava de ler, cantar e dançar. Uma pista de dança não ficava sozinha se eu estivesse por perto.

Sempre fui muito conversadeira. Tímida? Nem um pouco. Sempre fui alto-astral, mas, também chorava, xingava e gritava quando estava estressada ou de TPM...

O que estou tentando descrever, é que eu já fui uma pessoa para frente. Sofria, temia, fingia... tudo muito normal, como a maioria das pessoas. Nada demais. Sempre fui muito emotiva, sensível até a alma; em contrapartida, também sabia empurrar quem pisasse em meu calo (isso poderia ser uma missão muito fácil, ou muito difícil - não sou de meio termo...).

Sempre gostei muito de falar e escrever e sempre escrevi com meu coração, aliada a língua portuguesa, claro!

Pintava os cabelos e os cortava com frequência, sempre mudando o visual. Unha feita. Sobrancelha "limpa", como falo. Sempre bem apresentável. Meu mundo era O MUNDO!!! Não precisava ser rica e famosa, me bastavam a família,os grandes amigos, os estudos, as farras... o prazer de viver! Ir à praia, tomar um banho de sol! Levantar o rosto e deixar a chuva molhar... Meu Mundo, minha Vida!!!

Com a DPP, não falava, não sorria, só chorava e sofria!

Minha auto-estima sumiu... me achava feia e gorda (havia engordado 23 Kg com a gravidez). Não penteava os cabelos; não escovava os dentes (e sempre fui dona de um sorriso aberto e dentes muito brancos). Não usava perfume, nem passava batom.

Roupa? Vestia camisolão. Calçado? Dos saltos que sempre me aumentavam uns 10cm, caí para o chão: pés descalços.

Quando alguém me dizia: “sorria, você tem um filho lindo. Um marido que te ama. Uma família que te apóia...” só faltava pular no pescoço. Eu sabia de tudo isso, e quanto mais me falavam, mais me sentia vazia, por não estar valorizando tanta coisa boa. Esse tipo de “apoio moral” tinha um efeito totalmente contrário. Me culpava por tanto ter...

"Recuperar a vaidade não era prioridade para mim", repeti por várias vezes. Minha prioridade era recuperar o brilho nos olhos. Recuperar a esperança (bem que dizem que a "esperança é a última que morre", porque quando ela morre, a gente vai junto...) era minha prioridade!

Sentia-me tão oca, tão vazia, que é verdade quando dizem que “a beleza é um estado de espírito”. Quando o espírito está vazio, você fica vazia! Eu estava vazia. Ou melhor, eu me sentia vazia! Meu mundo, o nada!



Mal sabia eu que estava cheia: de Deus; de amor; de Luz!!!



Eu estava cheia de tudo que precisava para me reencontrar: o espelho da verdade.



Esse espelho me refletia uma vida inteira pela frente, para viver problemas e soluções.



E esse é o conselho que dou agora: se permita, porque a beleza da vida está em viver cada dia; com sofrimento, com alegria, com tudo que ela traz.



Se permita ser salva pelo amor de quem te ama mesmo!!! Creia, só está do lado de quem ESTÁ (porque é uma fase péssima, mas uma fase!!!) em DPP quem ama de fato!

Ainda estou recuperando a vaidade. Foi muita bagunça mental. Agora, estou arrumando a casa. A reforma já foi feita, agora, é arrumar as "gavetas" - risos! Mas, estou muito bem. Novos valores, novas virtudes, novidades. Novos sorrisos...



NOSSA CABEÇA, NOSSO MUNDO!!!

2 comentários:

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