sexta-feira, 16 de outubro de 2015

AMARELA DA SECA NA FLICA 2015

Foto: Camila Souza/GOVBA Camila Souza/GOVBA Camila Souza/GOVBA
Quando eu era pequena, sonhava em escrever e escrevia em qualquer pedaço de papel. 

Os papéis iam... as histórias, também. A mim, não preocupava onde estavam, ou a posse... As palavras saiam de mim, vivas aqui dentro, e nasciam, para viverem aqui fora. 

Sempre vi as palavras como "vivas" e como "vida". É vital, para mim, comunicar. E comunicar, para mim, é troca, via de mão dupla - ouvir, entender, falar, ser entendido e continuar girando esse ciclo.


Quando senti que poderia resgatar o sonho de infância e voltar a escrever, comecei a escrever em caderninhos. Depois, numa parta no computador. Depois, nos blogs. Depois, nas redes sociais. E escrevia. Escrevo.

E minha mãe dizia: "Guarda tudo para lançar seus livros ". Mãe,  nasceu o primeiro!

Pequena, dizia que seria, quando grande, professora e escritora. Me graduei em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda e fui enveredando por essa área. Fiz especializações dentro da área de Comunicação - Teleradiodifusão e Relações Públicas com Metodologia do Ensino Superior. Um dia, uma amiga me convida para dar aula, numa faculdade no interior. No dia, me lembro como hoje, me questionei: "eu, em sala de aula? Nem tenho jeito para ensinar...". Peguei, de cara, quatro turmas... de sexto e sétimo semestres. Tremia. Sabia o assunto na teoria e na prática..., mesmo assim, como ordenar isso tudo? Como saber a hora de dizer o que, quando, como, onde e por quê? Foi um desafio que começou em 2005 e vibro, até hoje, por ter encarado! 

Eu era o tipo "tia legal". Toda criança gostava de brincar comigo e me ouvir contar historinhas. Uma prima me pedia para inventar. Ela não queria que eu repetisse o que já conhecia. E criei várias para ela - uma está saindo do forno, em homenagem ao nome da personagem que ela me deu há uns 20 anos... é... o tempo contado em números parece tão distante... para mim, foi agorinha. Interessante que meu filho, desde muito novinho, me pedia: "conta história de boca, mamãe", que vem a ser o que, hoje, ele chama de "histórias inventadas"... Afinal, todas as histórias nascem da invenção de alguém, né?! Mas, ele queria ouvir as da mamãe dele. Qual criança não pede isso?!

Criava peças, na infância e apresentava na frente de casa, com meus irmãos e vizinhos - éramos todos uma família só. Muito, muito divertido, mesmo!

Já adulta, continuava a escrever em papéis. Me dizia: "preciso direcionar minha atenção para o trabalho" ou para estudo, ou para preparar as aulas - que não via como trabalho e sim como prazer. Até que meu filho nasceu e minha vida mudou. Mudou mesmo! TUDO. Coisas muito ruins aconteceram e coisas muito boas, também! Era tudo "over". Até que, ele, que com dois anos soletrava, com 5 bloqueou e não queria ler, nem escrever nada. Entrei em pânico. Foi isso, mesmo: pânico! Fui em busca de orientação profissional e eram questões emocionais - inclusive, com a escola na época que era maravilhosa, mas, todo mundo erra, né verdade? Enfim, comecei a escrever... aqui no blog. Na verdade, comecei a escrever aqui, um pouco antes, mas o segundo nasceu desse dilema. E abri o "Mães na Prática". Chamei de escritoterapia. Falava sobre as questões, sem abrir minha vida. Meu objetivo era me ler, racionalizar.

Aí, um dia, uma grande amiga e escritora, Morgana Gazel, me disse: "você tem muito jeito de escritora". Interessante é que, muitas pessoas me diziam isso, mas eu só dizia: eu gosto de escrever, para mim é um prazer! Só que, nesse dia, mesmo ela já tendo me dito a mesma coisa milhões de vezes..., eu escutei e deixei entrar.

Um dia, outro amigo me enviou o link da Secretaria de Educação do Estado, só que o prazo estava encerrando em uma semana. Corri! Um sufoco! Meu amigão Isac Kosminsky e Juliana Santos - preciso citar esses nomes, em especial - viraram noites para me ajudar na ilustração... Foi um sonho sonhado há seis mãos! Fiz a inscrição. Só de me inscrever, me senti  Escritora. Me inscrevi como Escritora. Assumi, aceitando que, sim, eu escrevo! 

Foto: GOVBA em 02/06/2014
Quando fui selecionada... tá, assumo: chorei, muuiittttoooo!!!! Eu, além de sentir, era "oficialmente" Escritora com livro publicado! E, que maravilha, para crianças do ciclo de alfabetização de toda a rede pública do Estado. Publiquei poesias, em antologias poéticas e isso tudo, em dois anos. Não. Não sou famosa, não saio em capa de revista... Mas, pude ver minha filhinha, recém nascida, "Amarela da Seca", ir para a FLICA - Feira Literária Internacional de Cachoeira/Ba. Pois é... ver os filhos crescerem. 

Foto: GOVBA em 02/06/2014
Outra coisa que muito me emocionou foi, quando recebi o prêmio, ano passado, meu filho estava nessa fase de desbloquear a leitura e escrita e ele ficou tão emocionado com a mãe escritora que, sabe o menino com dificuldade de ler e escrever? Escreveu - do jeito dele... - um livrinho com a psicóloga dele e levou no dia da premiação. TODOS os autores presentes tiveram o privilégio de ler seu manuscrito. Sim: MANUSCRITO. E com ilustração. Isso foi um estímulo tão positivo que me fez ver, ainda mais, a importância da leitura na vida das pessoas. Gente, ler é viajar por muitos lugares! É conhecer mundos novos e acreditar que isso não tem fim. 

Como ocorreram alguns probleminhas burocráticos, a publicação e o lançamento dessa coleção só saiu agora, em 2015. Mas, não foi por falta de vontade da equipe do projeto. Eles suaram e sofreram duplamente: por não conseguirem concretizar como idealizaram e por serem cobrados e condenados por nós, autores. Nada que com esclarecimento e boa vontade não se resolva. Disse para eles que foi um parto de fórcipes. Nós, autores, pudemos sair da maternidade com o filho no colo, pela primeira vez, tocá-los! Eles nasceram! A equipe que trabalhou para fazer o parto, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, puderam ter a sensação de dever cumprido! E todas as crianças do ciclo de alfabetização do Estado poderão viajar, dentro das próprias origens! Se identificam com os personagens, que podem ser qualquer um deles. E essa foi minha maior lição: entender, aqui e agora, que o que importa é o aqui e agora, sempre! E o propósito maior, de ver as histórias vivas, vivendo e sendo vividas, vívidas sob o sol e sob o luar, à beira de um rio, ás margens da fronteira do ir e vir, do partir e chegar, do, simplesmente, as palavras poderem chegar a qualquer lugar/gente, que possa ali passar e ler, em cada criança, professor, funcionário de escola pública que, ao receber, abrir e ler e ir, para onde cada história os conduzir. Ver meu filho querer concluir seu livro, junto comigo, gente, não tem preço! Aceitar que, mesmo com tantos obstáculos, esses livros nasceram é o que deve ficar; é o que fica; é o que é!

 
Fotos: arquivo pessoal

Fiquei muito feliz com o resultado! Muito feliz em ver cada criança, no stand, em meio à praça pública, poderem tocar e, sim, abraçar, como algumas crianças fizeram, os livrinhos da coleção PACTOS DE LEITURAS . Na Flica, foi apenas exposição. Os livros são destinados para as crianças das escolas públicas do Estado. Muita gente interessada em comprar a coleção, mas, por enquanto, nenhuma editora nos conhece - quem sabe, a partir de agora, os livros possam ir além? Olha, aí, Companhia das Letrinhas e outras... As histórias são lindas, bem escritas e falam com a criançada, numa linguagem limpa, clara e lúdica, sobre aceitação, respeito, cooperação, infância, história de alguns lugares... 

Estou feliz, por poder viver o aqui e agora e digo, bem como repito a todo instante: que bom que existe o agora!

Ah, a FLICA, acontece de 14 a 18 de outubro, na cidade de Cachoeira, Bahia. Os livros estão lá, todos pendurados para quem quiser ler, debaixo de lindas árvores, numa praça pública que simboliza a independência da Bahia - praça Dois de Julho. E leiam, leiam, leiam! Como cantam os personagens do "Circo de Só Ler" - espetáculo teatral de Salvador, muito bom e que meu filho ammaaaa e escuta as músicas diariamente: "leia, leia, leia, leia, porque quem lê clareia, clareia a visão...".

Pat Lins.


Foto: Arquivo Pessoal Noelia Barreto

Foto: Arquivo Pessoal -
Escritoras Noelia Barreto, Adelice Sousa, eu, o escritor homenageado - Antonio Torres -, Secretário de Educação do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto e a escritora Vanina Cruz, em  Praça Dois de Julho - Cachoeira/Ba
15/10/2015

Veja também: http://patlins.blogspot.com.br/2014_06_01_archive.html?m=0

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Imagem: SB COACHING

Um dia, uma pessoa me perguntou, numa conversa amena:

- O que você acha que veio fazer aqui?

Respondo:

- Viver,  além de existir. Sei lá... Apenas ser eu.

- Quanta pretensão!

- Oi?!

- Você se acha melhor que todo mundo, então? Não tem nada para aprender; nada a pagar... Veio perfeita?

- Ahhhh! Agora entendi. Sua pergunta foi ampla, respondi amplamente. Sinto muito... Se você quer saber como eu vivo minha existência,  posso te dizer que tenho muito a aprender, por isso vivo a cada dia como ele sendo um dia. Sofro, choro, alegro, dou risada ... Como qualquer um. Devo ter muitos débitos,  porque conta não para de chegar. Reclamo. Resmungo. Mas, aprendi mesmo a agradecer. Aí,  vivo muito melhor. Por isso que te agradeço. Você me fez ver que antes de responder perguntas abertas,  preciso me certificar o que mesmo meu interlocutor quer saber? .... - fui interrompida

- Lá vem você com esse papo cabeça de a importância de se comunicar. Só te fiz uma simples pergunta. Custa responder com objetividade?

- O que é objetividade para você?

- Affff! Não consigo conversar com você...

- Ohhh! Pena. Tudo bem para mim. Mudemos de assunto.

- Olha para lá! Você viu a roupa de fulana?

- Tô vendo.

- Só isso: "Tô vendo?". Tá horrível.

- Vixe!

- O que foi? Reparou agora,  foi?

- Sim. Reparei que preciso ir. Até mais ver.

Pat Lins

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