terça-feira, 15 de julho de 2008

MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA

“...E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão". (Mateus, 7:3-5)

Com certeza, “muito ajuda quem não atrapalha”.


Estar disposto a ajudar, não é só dizer: “conte comigo!” é estar disposto mesmo! É fazer o que for preciso para o outro sair daquele buraco...


Existe muita gente, nessas horas, que se preocupa mesmo, que tem, até, a boa intenção de ajudar, mas está tão envolta com seus problemas (e não admite) que pode provocar uma situação muito pior para quem está precisando de ajuda e para si próprio.


Não há problema algum em respeitar as próprias limitações e dar um apoio à distância, vez ou outra. Ou, vai, dá um abraço sincero. Procura se informar, de fato, sobre a doença... Não vá de peito aberto, não porque é “chumbo grosso”.


Como já falei anteriormente, a mente humana não tem barreiras físicas, não tem gavetas, nem divisórias...é importante viver cada emoção e saber administrá-las. Fingir que não as vive; empurrar com a barriga; não tocar no assunto, afim de acreditar que não falando, a sensação deixa de existir...isso não dá certo. Se você quer ajudar mesmo, se cuide primeiro, para depois não “enfiar os pés pelas mãos”.

Vou contar como uma pessoa que amo muito, e me ama também, quis ajudar, mas causou as minhas piores crises e atrapalhou meu tratamento por duas vezes (vou falar por alto, porque foi muita coisa...):
Minha sogra é uma pessoa super legal. Tanto que a conheci primeiro e foi ela quem me apresentou ao seu filho... me escolheu como nora. A gente se dá super bem, mas não soube respeitar que eu estava doente e...

Ela mora no exterior e vem para o Brasil a cada 6 meses, ficando por 2 meses aqui. Ela sabe que é uma opção dela e que é muito desgastante essa realidade, mas me confessou, certa vez, que quando vai para lá, guarda a lembrança de cada um de nós em uma caixinha (força de expressão, claro). Ela sempre insiste, quando passamos por um problema, para repetir: ”isso é passado”, mas eu acredito que isso aliene mais do que ajude. A técnica das “Afirmações” é uma maneira de você repetir palavras e frases positivas para dar forças na caminhada da vida. É uma técnica importantíssima, mas usada de maneira correta. Repetir que uma situação é passada, antes de ter terminado, cria uma confusão de tempo e espaço e não resolve nada. Acredito que repetir “isso vai passar!” é mais correto. A gente precisa ter forças para viver as emoções, fingir que elas não existem; “guardar numa caixinha”...isso pode ser bonito quando se quer manter a aparência de que tudo está bem...mas, na realidade não dá certo. Ela é uma pessoa que se exercita em busca da paz, mas vive um turbilhão de vai-vem-vai de novo-vem de novo...avião, horas de vôo; mudança de fuso horário; mudança de clima; mudança... isso gera, naturalmente, uma instabilidade psicoemocional. Por mais legal que a pessoa seja, ela é humana, e isso quer dizer virtudes e defeitos...

Voltando, morávamos no apartamento de minha sogra (mas o lar é nosso), que ela nos cedeu com muito carinho. Com a DPP, apesar de minha família viver lá, pedi para ir para casa de minha mãe. Era um porto seguro para mim. A corda estava puxada para todos: eu com DPP, meu avô internado, Iuri trabalhando muito e ainda me ajudava com Pedro... concentrar tudo em lugar era mais prático. Além do quê, eu precisava culpar algo ou alguém pela minha doença, então, a culpa era do apartamento...

Quando minha sogra veio para o Brasil, Pedrinho já havia nascido e tinha quase 1 mês. Ela estava muito ansiosa para conhecer o neto. Mas, eu só não sabia que tudo seria tão ruim... Não sei se fora ciúme de Pedro com meus pais... não sei, só sei que ela ignorou minha doença, dizia que aquilo era “muita raiva acumulada”... e que ela poderia me ajudar... Hoje, entendo que era boa intenção dela, mas poderia respeitar minha situação e isso me ajudaria mais... Ligou e pediu a Iuri que passássemos um final de semana com ela, para que pudesse curtir Pedro. Eu pedi que reconsiderassem e ela fosse para lá, porque para mim era muito difícil sair de casa. Mas ela insistia, e Iuri, até, me chamou de egoísta, afinal a mãe dele fica tão pouco no Brasil... não queria ser injusta, mas o fato é de que essa opção é dela. Eu não proibi, em momento algum, o contato dela com Pedro. A situação tomou uma proporção diferente. Parecia, como tudo foi colocado, que eu estava “embarrerando” esse vínculo... ficou um ar de “coitadinha, ela vem e nem pode curtir o neto”... e eu, o algoz. Eu, havia começado o tratamento, ainda estava me ajustando aos remédios... egoísta. Totalmente fora de órbita, e ainda tinha que racionalizar pelos “normais”... Fomos, para o maldito final-de-semana... Em resumo: minha sogra pediu que nos mudássemos para lá, que conversaria com minha cunhada (já que era ela quem estava morando na casa, e fazendo esta de ponto de apoio para ela, que morava no interior e a casa também é de Iuri). Iuri amou a idéia...e eu, pedia que não, que eu precisava ficar na casa de minha mãe, por enquanto, porque me sentia mais segura e à vontade... daí, ela decidiu, então que alugaria o apartamento, para nos gerar renda...sem opção, teríamos que ficar nessa casa... Iuri feliz, eu agoniada, mas sem reação... Minha cunhada passou uns dias lá e ficou certo de que voltaria para fazer a mudança. Mas senti que ela não estava satisfeita... Nem eu. Ficamos lá, e o apartamento fora alugado. Nossos móveis, foram, uma parte para casa de minha tia (já que essa casa era muito menor e ainda estavam os móveis de minha cunha). Minha sogra voltou para o seu lar e nós ficamos. Minha família precisav me socorrer o tempo todo. Estava sozinha e me trancava dentro de casa. Me recusava a fazer o tratamento...piorei muito!!! Parei de acreditar na cura; interrompi o tratamento e passei a viver um pesadelo ainda maior. Antes dela viajar, minha cunhada voltou com uma surpresa: estava grávida de 1 mês! Para quem nem namorado tinha...foi uma surpresa mesmo. Minha sogra viajou tensa. Os olhos pareciam que iam saltar do rosto, mas afirmava que estava tudo bem. Sempre com um discurso “otimista”. Se fosse sentido, o que se falava, seria real... mas, o que sentia era muita angústia e uma provável sensação de culpa (afinal, pai e mãe, quando o filho faz algo impensado, se culpa logo... impressionante, mas é.), fora a saudade de Peu, do filho e de todos nós aqui. Para ela é difícil esse vai-e-vem, mas, ela um dia se acostuma de verdade e se encontra.

Minha cunhada decidiu que teria o filho aqui na Capital e alugaria um canto.Daí, levaria, finalmente os móveis... a casa ficou uma bagunça por muito tempo e eu, me afundava em minha bagunça mental e a casa daquele jeito me deixava louca! Decidi voltar para a casa de meus pais, até Ju concluir sua mudança... estava tudo programado. Havia mergulhado no “inferno” durante aquele período. Perdi a fé que recuperava aos poucos. Fora as inúmeras vezes que tia Meire, tia Lita, Jildélia, mami, Sani, Marquinhos e Andrea “mendoim” tinham que me socorrer... Demorou até realmente, voltar para a casa de meus pais. Mas fui. Retomei até o tratamento. Estava amparada e Iuri não precisava mais se atrasar para o trabalho. Tudo havia recomeçado a andar.

Coincidiu com retorno de minha sogra e minha cunhada já com 7 meses. A casa, uma bagunça. E a mudança nunca que acontecia. Minha sogra, muito nervosa, se queixava da bagunça (mas, na verdade, ela estava preocupada com a filha grávida e como seria...), de que Ju não tinha paciência com ela, tudo que falava a filha rebatia...Do outro lado, Julie se queixava que a mãe em vez de tranqüilizá-la, a deixava mais nervosa... e eu, que estava em estava me erguendo e progredindo no tratamento em meio a essa confusão. Como sou do lema: MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA, e tinha o “argueiro em meu olho”, tratei de me reservar o direito de cuidar de mim e me afastei. Ligava, procurava saber como estava a gravidez...não era hora de ficar preso ao julgamento de ela ter engravidado por ciúme, sei lá...o fato é de era o sonho dela e ela aproveitou a ponga.

Novamente, outro final-de-semana fora solicitado, e recusei de novo. Outra insistência e fui vencida pelo cansaço... mas, fui determinada a não sucumbir. Voltei para a casa dos meus pais, na certeza de que a mudança seria concluída e eu voltaria para casa. Minha sogra pediu que fossemos lá, que ela precisava ter uma conversa conosco. Perguntou se a gente não poderia deixar Julie morar lá, já que não estávamos lá mesmo... ficamos sem ação! Iuri se chateou e “fechou a cara”. Eu fiquei sem saber como reagir. Ela falou que era hora de ajudar Ju, que ela não tinha emprego (mas tem um negócio próprio...), que precisaria de um lugar para ficar até ter o nenê. Disso eu já sabia, e falei que como Ju voltaria para o interior, e estava alugando um canto para ficar só 4 meses, seria mexer muito com a gente por tão pouco tempo. Mas, não fui ouvida. As audições estavam condicionadas a escutar um “tudo bem”. Falei que pensaria numa solução, porque fomos pegos de surpresa e pensaria em Julie, já que o fato é que uma criança estava para nascer, e uma mãe precisa de tranqüilidade. Ela falou que Iuri estava sendo materialista, apegado àquela casa (ora, quem foi que nos pediu para morar lá?). Afirmei que não, que ele estava muito cansado, e que estávamos esperando a mudança de Ju para voltarmos ao lar.Enfim, ela me perguntou se eu sabia quando terminaria o tratamento... foi aí que vi que ela não levava a sério a DPP como doença. Sim como raiva acumulada. Mas não vou entrar nesses detalhes... Sem saber o que fazer, decidimos ir para a casa de minha tia (onde já estavam parte dos móveis). A casa precisava de reforma, mas não tínhamos condições de fazer, nem minha tia, mas as teria por perto e poderia continuar meu tratamento. Aquele baque me desestruturou e comecei a achar que era um fardo a ser carregado... Levei outro tempo para me recuperar e permitir que o sentimento que sempre nutri por minha sogra voltasse. Porque, naquele período, por mais, que tentasse racionalizar, não aceitava o que minha sogra havia feito e o fato dela nem perceber o que fez... Pior foi Iuri, que ficou muito triste com a mãe e se arrependeu de ter sucumbido aos seus pedidos, para, no final, ainda ser taxado de “materialista”... logo ele. Percebi que minha sogra era tão humana quanto eu. Vi que ela vivia uma grande incoerência entre VIVER, PENSAR, SENTIR E AGIR. Mas, o fato é de que me atrapalhou muito, pensando que ajudava.

Na casa de minha tia, pagávamos o aluguel com muito carinho, já que ainda tinha a companhia e o apoio delas. E foi importante encontrar um pouco de paz. Mas, ainda não era definitivo. Lá, tínhamos a intenção de só ficar até eu melhorar, e depois, procuraríamos um canto para a gente, mas a realidade é que não tínhamos dinheiro. A inquilina do apartamento sempre deu trabalho e atrasava muito o aluguel. O apartamento fora pedido de volta e Susana permitiu que voltássemos para lá. E disse que oraria pela gente, para que equilibrássemos essa energia de “casa”, porque a gente estava se mudando demais... Como o diálogo com ela é meio complicado, usei a ferramenta da carta, porque ela internaliza o que lê, mas não o que ouvia... Falei o que escrevi aqui, e que como poderíamos ter problema de energia com “casa”, nós tivemos um período em que ela não respeitou nosso momento e manipulou nossas vidas de acordo com suas crenças. Que a culpei por muito tempo pela minha piora e pelas minhas recaídas, num período em que estava melhorando consideravelmente. Ela não me respondeu, mas abri meu coração. Era a única maneira de recuperar a verdade em nossa relação, com a verdade!

Estamos bem de novo. A relação estava meio ferida, mas o processo de cicatrização está em andamento. Já a vejo com o respeito que sempre tive e percebi o que quer dizer: "é nitroglicerina pura!!!" - rs. Acontece, quando há uma mistura de emoções exaltadas; ritmos desritmados... mas, o importante, é que passa! E uma relação verdadeira e amorosa, fica para sempre!!!
Mas, vi que MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA!

É importante, quem está de fora, respeitar esse tempo que não é mensurado em horas, nem dias...mas o tempo das coisas. E como diz na Bíblia (até usei a passagem em eu convite de casamento): “Tudo tem o seu tempo determinado,e há tempo para todo o propósito debaixo dos céus".(Eclesiastes 3)

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