A maioria das vezes, durante as crises, sentia uma vontade de retomar a minha vida ecoando, bem longe.
Cansava até de estar em crise. A vontade de viver (apesar de pedir para morrer a todo instante) era tão forte, que, mesmo sem perceber, eu desejava estar VIVA!
Comecei a ler o que conseguisse, sobre Depressão Pós Parto; Depressão; Ansiedade... Precisava saber, em termos técnicos e comprovados, que eu não era a única. Tinha uma necessidade de me sentir “normal” de alguma maneira.
Comecei a buscar explicações para cada sintoma que apresentava e, isso, me ajudava a correr atrás da esperança perdida.
Você já percebeu que, todo mundo, inclusive quem nem percebe, vive de esperança? Esperança de que amanhã o dia vai amanhecer; de que vai fazer sol; de que vai chover no Sertão; de que vai ver todos que ama no dia seguinte... a gente vive com tanta esperança, que nem sente. Ter esperança é tão natural quanto respirar. É vital!
O dia-a-dia pode cansar, mas, sempre há a esperança do dia de folga. Muitas vezes, a chamamos de expectativa, de planos... mas a vida é feita de sonhos e esperanças. Afinal, quem é que trabalha por trabalhar? Vai ao médico só por ir...? Para tudo tem que ter um bom motivo: a esperança de viver melhor; ter mais condições de investir no futuro; trabalhar para poder se aposentar e “curtir a vida”... cada um tem seus planos e ideais na vida, e todos, baseados na esperança de viver melhor.
Imagine um dia você acordar e não sentir mais essa esperança?
Tudo perde o sentido; o rumo; o brilho!
Viver para quê?
É assim que o “depressivo” vive (ou se arrasta). Sem esperança. Uma completa e total ausência de perspectiva.
Nesse momento, lembrava de quem eu era; de como vivia... do que gostava... mas, com muita calma, para não viver de passado e/ou despertar mais um complexo de culpa. Lembrava de como sempre fui bem tratada pelas pessoas que conviviam comigo; de como sempre havia alguém querendo me ter como “filha”... Percebi que sempre e em todos os ambientes que vivia, era querida. Eu não me via como era, mas, sabia que era. E, quem estava de fora, me via como eu sempre fui. Meu ângulo de visão era outro, era, literalmente, coisa da minha cabeça.
Nossa cabeça tem um poder incrível sobre nossas vidas. Costumo dizer que tudo “parte do pessoal”. Tudo parte de quem somos; como somos. Até um profissional é, antes de tudo, uma pessoa.
Me resgatar mentalmente me ajudou bastante. Mas, me trazia um certa carga de culpa: “Por que não sou mais assim? Vivo uma realidade tão distante daquela.” A real sensação, era de que eu não tinha passado. Era como se eu tivesse sido criada naquele instante e meu passado era uma história que me haviam contado e parecia familiar... Sabe esses filmes que apagam a memória das pessoas e reprogramam? Elas acabam lembrando de quem eram; do que gostavam de comer; de como andavam... Ou, como aqueles filmes que alguém vem do futuro para salvar um passado que nunca viveu, mas que estudou sobre a época e sentia como se tivesse vivido... Mais ou menos assim.
Mas, acordar e ver que a esperança voltou é muito melhor! Apesar de toda dor, há algo positivo: um novo mundo se abre! Uma nova vida te espera. Novinha e zerada. Hora de ser quem realmente se é. Hora de viver as coisas boas, de sorrir para o sol.
Meu dilema era (e ainda tem sido, às vezes) me organizar com o tempo. Apesar de quase 12 meses ser considerado pouco tempo cronológico, a intensidade que se vive te faz ter a impressão de que viveu a vida toda daquele jeito “cinza”. Mas, permitir o amarelo te inundar é melhor que qualquer coisa!
É sentir que está vivo. VIVA!!! Dá vontade de viver fazendo festa e comemorando cada dia.
Como já falei, nos outros textos, os problemas continuam; muitas vezes “pipoco” de nervoso, grito, xingo... isso é natural. Eu não virei um monge budista ou zen (bem que eu queria, mas minha natureza é mais explosiva... teria que nascer de novo... risos). Mas, na hora da raiva, das dívidas chegando, das contas do dia-a-dia e do desemprego temporário, quem vai sorrir de cara e dizer “obrigada”? Talvez, alguém diga, porque de tanto se trabalhar e vigiar, podemos, e devemos, nos burilar e melhorar, mas ainda não cheguei a esse estado de espírito. Me entristeço, mas penso: “é só mais uma fase.”. Comecei a acreditar na esperança de que “dias melhores retornarão”. Respiro fundo e deixo os sentimentos de angústia passarem. Quando vem muito forte, converso, escrevo, mas deixo passar. Essa atitude não é só para quem já teve Depressão, é para todo e qualquer Ser Humano. Buscar a paz e harmonia e afastar amargura, angústia e dor é exercício diário! A simplicidade e a beleza pura da vida precisam ganhar mais destaque em nosso cotidiano. Dar valor à simplicidade é um grande exercício de humildade e sabedoria. O mundo sempre existiu com essa natureza exuberante e nós estamos destruindo aquilo que é para nos dar sobrevivência. Em nome de quê, mesmo? Devemos encontra um equilíbrio entre viver o desenvolvimento e preservar a Natureza. A vida foi feita para a gente costruir, edificar! Deus nos criou para viver, não para nos destruirmo.
Viver é cada dia. Li num livro de bolso de auto-ajuda, a seguinte introdução (ao final, citarei a fonte) e, dessa introdução, faço o encerramento da minha dica de hoje: A VIDA É FEITA ESPERANÇA. É ELA QUE NOS DÁ AS CORES VIBRANTES E OS SONS ESTIMULANTES PARA VIVER!!! É um texto rico em sua simplicidade e por falar aquele “óbvio” que a gente insiste em passar por cima, por achar que é “lição aprendida”, só que não é exercitada!
Eis o texto:
“Desde a manhã até a noite, nós nos deparamos com dificuldades, contratempos, sofrimentos, agitação e situações de inveja, ciúme, revolta, que podem provocar em nós depressão, ansiedade, medo, implicâncias de toda ordem. Passamos o dia resolvendo esses problemas, sem saber como dar uma guinada em nossa vida. Nós somos os sujeitos de nossa felicidade. A vida é linda! É preciso despertar a nossa sensibilidade, desenvolvendo hábitos positivos, otimistas, transparentes. Se olharmos a vida com menos dureza, menos exigência, ela poderá não ser tão perfeita, mas será mais leve, mais agradável, mais poderosa.” (Carmem Seib – Como lidar com a Depressão).
Patricia Lins
Paty,
ResponderExcluirHá quanto tempo te conheço, fiquei emocionada ao ler o seu blog hoje, pela 1ª vez. Estou tentando engravidar a quase 1 ano e fico muito ansiosa, decepecionada toda vez que mestruo. Sei que a DPP é algo muito comum hoje em dia, o seu depoimento é muito precioso para as pessoas que tem ou que possam vir a ter uma DPP. Continue, não pare, vc é uma pessoa linda, sempre te admirei, mesmo distante, gosto muito de vc. Desejo a vc muita luz. Que Deus te abençoe, tenha certeza absoluta que ele te ama e está do seu lado.
Um abraço bem apertado!
Silvinha (Tchuva, pra vc, rsrsrs)
"Tchuva" (rs) meu carinho por vc tb ainda é o mesmo de qdo andávamos grudadas - rs. Mas, a vida adulta tráz essas "separações"...
ResponderExcluirContinue tentando amiga, vou torcer por vc.
Crer em Deus foi o que me salvou mesmo. Sinto que desci ao fundo do poço (e este parecia nem ter fim...). Mas, chegando lá embaixo, decidi subir e crescer. Mas, ter o apoio de tanta gente ao eu redor foi de fundamental importância!
Aprendi muito com essa situação.
Mas, ao menos, Pedrão taí, forte, esperto e muito safado!!! Isso me deixa tão feliz, sabe?! Posso reclamar da falta de tempo para mim, para me cuidar e me curtir, mas, depois passa...Pedro me enche de alegria.
Muito obrigada pelas palavras,
Pat (ou Patthy - rsrsrs)