Têm
coisas que a gente não precisa pensar em mudar, porque o tempo já
passou e já mudou. A gente precisa ver, entender, aceitar e saber lidar.
O caminho que seguimos, o rumo que tomamos, segue nos levando. O tempo vai passando. A mudança segue junto.
Não
tem como recuperar o tempo que passou. Não tem como seguir de onde
parou, porque não houve parada, houve caminhos que seguiram em direções
diferentes. Não foi desencontro, foi cada um seguindo o seu ponto. Não
houve erro, houve seguir. Há consequências e com isso, precisamos lidar de maneira equilibrada, franca e honesta.
O
que andamos e o tempo que passou não devem nos fazer sofrer. O não
sofrer não quer dizer não ver o que se viveu. Foi vivido. É preciso
saber identificar o que foi "erro", para redimir. Ainda que cicatrizado,
fica a marquinha do real, do que houve. O que muda é daqui para frente.
Não como queremos, voltando no tempo para dar um novo rumo. Sim, como
podemos e sim, como o outro pode. Seguimos e vamos indo.
O
importante é criar novas oportunidades e ver onde estamos para entender
como chegamos até aqui e avaliarmos se é assim que queremos seguir. Nem
sempre o caminho de um é o de dois. Mas, em alguns casos, os caminhos
de dois pode ser um. Se cada um tomou seu rumo, fizeram as escolhas, o
tempo legitimou e firmou. Foi o que foi construído - ou, destruído. Se
há ruínas, é possível mudar o caminho, mas aquele mesmo, só com muita
amor para reconstruir. Se não fizer sentido, não faz sentido refazer, é
seguir e construir algo absolutamente novo, sem desmerecer a importância
do que passou. Nossa felicidade está onde estivermos. Ela nos segue,
ela nos quer! Ver que ela - a felicidade - está conosco é que faz a
diferença real.
Não
adianta se tornar racional demais ou emocional demais - nem o frio, nem
o quente, o morno, o caminho do meio é o equilíbrio.
O
não julgar é não julgar. O respeitar é respeitar. O aceitar é aceitar. E
viver é isso, saber o que fazemos, saber o que queremos e ponderar o
que de fato queremos e fazer acontecer - sempre respeitando o que
queremos, caso envolva o querer de outra pessoa. O que eu quero pode ter
como barreira o querer do outro. Querer que o outro queira e seja o que
queremos é ilusão e ilusão não é real. O não real é perigoso. Há perigo
nas esquinas das nossas visões. Aquilo que não gostamos de ver precisa
ser visto, precisa ser entendido e precisa ser aceito para ser mudado ou
assimilado.
Não
adianta falar em ser e fazer se não se é, nem se faz. Não adianta se
magoar com a reação do outro se a ação foi nossa. Se eu falo e escuto de
volta, eu pedi para ouvir. Fico "pirada" com pessoas que falam e
esperam que você cale e dizem: "é o meu jeito de pensar..." e o meu, de
pensar em cima do que você pensa e dialogar, não conta? Diálogo é isso: dois falarem, dois ouvirem, dois entenderem uma coisa só.
Numa
relação, se dois falam de vez, ninguém se escuta e um grita para se
fazer entender, tem algo não saudável aí. São dois falando duas coisas,
ouvindo muitas coisas e entendendo nada de um para o outro.
Eu
convivo com algumas pessoas que são assim: falam que é importante
escutar, mas, não escutam nada. Elas vivem um mundo particular e
particularmente perigoso, por se tratar de distúrbio grave e nunca
tratado, por nunca ter sido aceito. Esse mundo tem uma linguagem própria
e quando você vai falar, vem de pronto uma resposta "nada a ver", como
se a pessoa já estivesse numa cena dentro de seu mundo e, de repente,
passa aqui no mundo real e emite o pensamento, como se fosse continuação
da conversa... Um exemplo: estávamos falando dos buracos nas ruas da
cidade e como o carro fica comprometido com esses impactos. O carro
dessa pessoa está com a chapa de proteção de um treco embaixo que está
chacoalhando, porque de tanto buraco na cidade, a peça vai folgando. Eu
falo: "com tanta buraqueira, não tem como a chapa ficar quieta, coitada.
Por isso que ela toda hora folga...". A pessoa reage aos gritos: "É por
causa do buraco! É por isso que folga!". Eu, pensando estar eu
surtando, falo: "e o que foi que eu disse?". A pessoa: "disse que..." e
não disse mais nada. Na verdade, ele não estava escutando o que eu
falava. Estava em seu "fantástico mundo particular" e, dando uma volta
por aqui, voltou ao mundo real e falou qualquer coisa em sua defesa,
como se houvesse um ataque. Isso não é fácil, mas, é o caminho de cada
um, é o mundo de cada um... E cada um escolhe se quer interagir com
aquele mundo ou não. Nisso se baseia a minha DS
- distância saudável - onde, como não sabemos lidar, afinal, nós também
somos falhos, com o mundo alheio, melhor não interagir. Melhor DS. É saudável para ambos os lados. A pessoa não vai entender... nem tente explicar mais... Agora, a DS
não é vingança e nem para arrogância. Tem gente que é intolerante e não
respeita o jeito dos outros, quer impor a vontade e quando não
consegue, não tenta se fazer claro, e se afasta. DS não é se afastar, simplesmente, fingindo não ver a situação. DS
requer humildade para reconhecer a própria limitação no não saber lidar
com as diferenças e, para o bem das partes, manter essa distância. Isso
é DS. Tem gente que diz: "usei a DS...".
Discutir faz parte de qualquer relação pessoal. Não é isso. Não é fugir
da discussão, não é evitar o diálogo. É ver de verdade que já se tentou
- de verdade e com humildade - administrar a situação e não se saba
mais como. Tem gente que coloca uma cosia na cabeça e coloca o outro
como quem não entende - e é possível que não tenha entendido mesmo - e
não vê que eu mesma não estou me fazendo ser entendida, "eu quero impor e
que você aceite o que eu vejo de você e pronto". Isso é arrogância,
orgulho... A DS não é
orgulhosa, nem arrogante, nem presunçosa. Ela entra onde a gente
entende que a gente não tem condições de estar ali e assume que não sabe
como lidar, porque entende que a gente tem limitação, também. DS não é
sabedoria... é por não se ter essa elevação pessoal e esse grau de
elevação que a sabedoria exige, que uso a DS. A DS é um paleativo
emergencial entre falhas, não é solução. Porque todos nós somos falho!
Assim,
o tempo passa e mudanças passam, mudanças chegam, mudanças podem
surgir... A gente faz o nosso caminho, colhe o que planta, mesmo assim,
tem sempre um algo novo a plantar e outro a colher. Será a mesma
colheita? Não. Isso é ruim? Não. Se um casamento termina, por
incompatibilidade de gênios, a injustiça está em não reconhecer as
qualidades do outro, mas, o que pesa mais: as qualidades ou os defeitos?
Isso é a incompatibilidade de gênios - ambos com algo pessoal a
ajustar. Ambos com caminhos a desvendar. Ambos com necessidade de se
cuidar. Se isso não fortalece o elo, o vínculo enfraquece, sinal de que
esse movimento deve ser separado. Se há um sentido juntos, continua. A
incompatibilidade não é condição de separação mas de se saber lidar. Se
sabe lidar, lide e daí mesmo, da vontade, surge a motivação e dentro de
si o estímulo, porque aquilo não é uma obstrução, mas, um obstáculo a
ser superado juntos e com o amor que une o casal - ou qualquer relação.
Se não há sentido, força ou conhecimento para lidar com a situação, DS.
Ou, separação, mesmo. O não saber lidar com as diferenças é sinal de
que cada um precisa se tratar. Isso não quer dizer que tenha que
empurrar com a barriga.
O tempo, assim, passa! O tempo,
assim, passou e mudou muita coisa. O que fica a gente avalia: quer
continuar ou quer parar? Ninguém precisa ser infeliz junto. Se a
felicidade foi detectada com consciência e clareza é cada um seguir seu
caminho, que não há mais um caminho a dois. que siga o caminho.
Separação é solução quando é
solução. Se a solução é separar para cada um ser feliz, que seja. Para
mim, tenta-se tudo, porque vivemos tantas fases e tanta cosia interfere e
confunde que é necessário limpar o ambiente para se saber. Uma dor que
julgamos ter sido causada pelo outro, pode ser, perfeitamente, uma dor
nossa de uma expectativa nossa e que jogamos no outro. Um dia se
descobre que o problema estava ali e, por muito tempo, a raiva imperou, e
raiva é sempre injusta. Por mais que tentemos justificar as nossas
raivas, ela, por si só, é um sentimento inferior, está atrelada às
nossas características
mais fechadas e mais orgulhosas e vaidosas... portanto, nunca estará
pautada na justiça. Justo é compreender, ainda que o outro tenha feito a
maior merda, que estamos com raiva e entender essa raiva, deixá-la
passar e saber como agir. A paz sim, a harmonia, o equilíbrio isso é
justo. Não condena, apenas avalia, compreende e entende, decidindo como
agir com ponderação - e ponderar é equilíbrio entre emocional e
racional.
Assim, enquanto descubro isso, o
tempo passa. Troco com pessoas que tomam as minhas dores e eu me sinto
na obrigação de não reconsiderar porque os outros de fora vão me
julgar... e vejam o quanto erramos por medo, receio e por puro ego
ferido. O que de nobre temos para nos dar leveza? Sejamos, antes, para
fazer! Sendo já se faz. Já se é.
Assim, outro tempo passa. E me
pergunto: o que é tempo? E o que é Tempo? E me vem a resposta: Vida! E
vida, passa. A gente nasce para passar, mesmo. Passar dessa para
"melhor", né assim? E
como passar dessa para melhor se nem aceitamos que Vida passa com o
Tempo e que isso é um processo da Natureza? O que fica? O que fizemos de
melhor, quem fomos e o que deixamos no ar? Como passar se tememos e não
aceitamos essa passagem como algo natural? - e não me refiro aqui a
passagem como reencarnação, ir para caixinha de Deus, ou, se tornar uma
estrela no céu... não estou condicionando a qualquer crença religiosa,
mas, considerando que toda religião sabe que a Morte de uma Vida é a
única certeza que se tem e o que vem depois dela... Ainda assim, todas
concordam com um tempo infinito vinculado ao Divino Ser Criador, que
cada um dá seu nome, eu chamo de Deus e Ele nunca se mostrou chateado
comigo por chamá-lo assim... ou, por não entender o que Ele me diz...
mas, vamos para a frente.
Se a gente não aceita o natural,
como normal e quer que o normal seja o anormal e antinatural, vamos
viver uma Vida mais difícil e ver a felicidade omo utopia, assim como a
linha do horizonte onde cada passo que damos em sua direção, ele se
distancia na mesma proporção. Assim, como a Natureza, o Tempo faz parte
desse corpo Divino e Deus, para mim é Vida+Natureza+Tempo, Ele se
manifesta em nossas vidas assim, passando, porque o Tempo, ainda que
eterno é dinâmico sem fim, mas, para esse nosso tempo Ele é algo
temeroso, finito e passageiro... A gente criou o tempo cronológico e
teme a nossa própria criação, é mole? E corre, para fazer dessa
cronologia algo próximo ao Tempo real... isso é loucura e se afasta de
Deus e, com isso, se afasta da Vida e da Natureza. destruímos o caminho
para nossa essência e, assim, do caminho para a nossa Felicidade. E
Felicidade passa o tempo inteiro ao nosso lado, cutucando e pedindo
atenção... só que a gente só olha o relógio no pulso ou no celular. Só
acha que está atrasado quando alguém liga e diz: "cadê você?". E eu me
pergunto: "cadê você, Patricia?". E eu me pergunto: "onde estou eu?". E
eu me pergunto: "quem sou eu?". Com o Tempo vou saber responder, porque
vou me encontrar. É nesse caminho que sigo, indo e voltando, mudando de
lugar e de caminhar. Tem outro caminho? Deve ter... mas, é assim que eu
faço o meu. Vida sempre coloca algo para aprendermos ainda que tomemos o
rumo errado e, nesse aprendizado, a gente aprende a ter discernimento,
entendimento e consciência. Assim, Tempo vem naturalmente ajudar e
conseguimos entender que o caminho não é aquele e mostra aonde devemos
ir. Quantos de nós abre mão das rusgas, do orgulho, da postura superior e
arrogante para seguir o caminho da humildade - que não é a subserviência
-, o da compreensão - que não é se fazer de capacho - e o do
entendimento - que é a clareza e não o achismo vigorante, para se
prontificar a seguir o caminho "certo"?
Quantos de nós é relutante em
aceitar que também é responsável por caminhar por onde não era para ir e
diz que foi levado, jogando no outro a culpa pela própria fraqueza, do
tipo: "é porque você não sabe como é difícil conviver com fulano... mas,
é minha cruz, né?
Meu carma..."? Tudo a gente negativa. Não penso que ninguém tenha que
viver a maldição de se colocar aprisionado a alguém que não te faz
bem... Isso existe? Existe! Mas, e aí, vamos viver assim? É algo em mim,
que não sabe lidar com o outro? É algo no outro que não "bate" comigo?
De qualquer maneira, tem algo em mim que precisa ser tratado, nem que
seja a capacidade de compreender e respeitar que o outro é quem ele é...
Ah, compreender não quer dizer se submeter! A compreensão não é "má" e
um castigo... Ela é um sentimento nobre e uma capacidade elevada de
saber que não há motivo para raivas, mas, para esclarecimentos,
inclusive o esclarecimento pessoal de que não sabemos respeitar nem a
nós, nem ao outro... ou, de entender que mesmo compreendendo, não dá!
E assim, o tempo continua
passando... e a gente, o que vai fazendo? Construindo, edificando,
identificando os sinais de Vida de que, mesmo no caminho errado, ela nos
ensina algo e nos mostra o caminho de volta - isso é generosidade e a
Vida é bastante generosa, mas, Tempo, passa...? Ou, destruindo,
ruminando, regurgitando...?
Sejamos árvores com raízes fortes e capazes de se multiplicar em cada pólen que voa livre vida a fora, cheio de vida dentro.E tudo isso com muita paz, não "ligando o fo**-se" que vamos resolver. Sem revolta. A revolta é sinal de raiva, ainda... de algo não dissolvido. Dissolver em si não vai mudar o outro, mas, faz com que a gente se preserve de deixa de se martirizar por algo que não nos cabe modificar...
Pat Lins.
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