Se tem uma coisa que todo mundo sabe é que o preconceito é algo nada bom! Assistindo ao vídeo abaixo, podemos ver o quanto nos deixamos levar pelas aparências, pela superficialidade e o quanto deixamos de acreditar no que vemos, por não aparentar que valha a pena.
O potencial está acima de tudo isso. Está na relação de cada um consigo, com base na humildade de saber que está fazendo o seu melhor, naquele momento e na determinação de quem sabe que está fazendo aquilo que gosta, sabe e quer fazer!
Durante o vídeo a gente pode tirar várias lições. As que tirei para mim e registro aqui:
- Primeira observação: O corpo de júri já começa desdenhando do nome. Jurado é algo que por si só já impõe temor, desperta ansiedade de quem vai ser julgado e etc. Deveriam ser imparciais, mas já começam "detonando" o rapaz pelo nome: "John Lennon? Eu conheço alguém com esse nome - hahahaha..." ou "John, amigo do Paul, do Ringo...?". E o jovem rapaz, lá, parado - não estático de medo, mas, parado esperando a hora dele, com a maior calma e naturalidade. Reflexo da segurança de quem estava ali com uma VISÃO muito maior do que ser julgado pelos outros, que é o OBJETIVO de ser reconhecido pelo que sabe fazer e realizar o SONHO: "eu quero sim, ser artista e vim aqui propriamente por isso, para mostrar o que eu sei. A dança na minha vida significa muita coisa. Meu sonho dentro da dança é viajar pelo mundo... É ser conhecido!". Ele tem um sonho e se apresentar ali é apenas uma parte do caminho.
- Segunda observação: o preconceito. Muitas pessoas, quando estão num patamar de "juíz" não sabem lidar com o poder e a responsabilidade que ter o poder trás. Diante da condição de julgador, há de se ter extrema cautela, tato e maturidade para não interferir e nem emitir julgamento de valor - algo pessoal. Nesse caso, de pronto, quando perguntam o que ele vai apresentar, e ele fala, começam os dedos apontando e duvidando de que algo bom sairia dali: "Você veio aqui dançar?... Assim? Qual que é a idéia?". E ele se mantém: "Vim aqui dançar. Assim!". Simples assim, como é simples a postura de quem sabe de sua capacidade, acredita nela e faz. E ele se mantém calmo, mesmo depois de ter que escutar: "espero que sua interpretação seja muito boa, porque o seu figurino, eu achei... nada a ver...". Um júri que tem como critério um julgamento de valor é imparcial? É justo? É neutro? Imagina o impacto na vida de quem é julgado por uma bomba detonando cada parte sua?
- Terceira observação: julgamento de valor. Avaliando pela aparência, duvidam do conhecimento que está na parte onde o julgamento prévio não vê e demonstram a incapacidade de poder ver além... toda a limitação, toda o engessamento de ficar preso a um paradigma. "Você conhece a versão original da 'morte do cisne'?", pergunta outro jurado. Ao que ele responde que sim e o jurado mantém a dúvida, desconsidera a resposta do jovem e meio que diz o que é "a morte do cisne" para ver se o rapaz "se enxerga". "Você sabe que é um cisne se debatendo até a morte e é feita por uma bailarina toda de branco, nas pontas dos pés... A versão original é essa!". A versão que ele se dispõe a apresentar é uma adaptação ao estilo de dança dele, ou seja, é saber como é o original e dizer: "isso eu não sei, mas, posso fazer assim, que terá a sua própria beleza". E isso me remete a pessoas que julgam o potencial do outro por si e "garantem" que não há nada a ser desenvolvido, porque aquela pessoa não "se encaixa" no perfil, sem, sequer, ter dado a OPORTUNIDADE de permitir que a pessoa demonstre o que sabe e o que é CAPAZ de trazer, ainda que de uma maneira diferente. Recentemente passei por uma experiência desse tipo - relato no blog "Mães na Prática", depois relato aqui - onde a coordenação pedagógica da escola se limitou ao comportamento diferente e agitado do meu filho, mesmo diante de sugestões da psicóloga dele e da professora do nível mais avançado afirmarem que ele tem potencial para mais e ela dizia que "ele não tem potencial a ser desenvolvido...", portanto, nada fez. Quando a Diretora volta da licença maternidade, começa a colocar em prática atividades diferenciadas para trazê-lo ao grupo gradativamente e não impositivamente, lidando com a característica individual para chegar ao coletivo, em três dias ele rendeu o que não rendeu no primeiro semestre todo. Milagre? Não! Capacidade de não julgar e observar, ver, tentar e agir! Eu, do meu lado, também julguei essa coordenadora como incompetente, pelo que ela deixou aparecer dela, o pouco dela que ela deixou aparecer. Mas, ela deve ter lá seu potencial a ser desenvolvido. Julgar e condenar, sem tentar ou estar aberto para ver além é um perigo para quem está desprotegido. No caso do vídeo, o rapaz estava protegido por sua natureza calma, a segurança de saber o que queria fazer e a meta de alcançar seu sonho. No caso do meu filho, não... se não fosse a professora do grupo mais avançado "enxergar" Pedro, ele estaria repetindo o grupo atual e estaria estagnado, porque a pessoa responsável foi incapaz de se esforçar e escutar as opiniões da psicóloga dele e da professora do grupo avançado. Não era ter que ver qualquer coisa, mas, ver que algo mais precisava ser feito e que as diferenças exigem um olhar diferente!
- Quarta observação: a verdade está aí para quem quiser olhar e ver. Ninguém precisa convencer ninguém da verdade, ela É! Como eles tinham que permitir - eu, julgando aqui... duvido que se tivessem opção eles permitissem ver... quanto agem assim, fechando as portas antes de abrir? - eles foram pegos de surpresa! Surpreenderam-se, assim como a professora do meu filho se surpreendeu com o desenvolvimento dele em poucos dias e como os colegas dele dão esse feedback em relação ao comportamento dele, também. Ainda assim, no vídeo, eles mantêm a chama da dúvida: "de quem é essa coreografia?". O rapaz, agora, elogiado, cultuado... por milagre, passou a ser um "ícone" de algo a ser admirado, responde, sem a menor afetação, com a maior humildade que só os sábios têm e responde: "é minha". Simples assim!
- Quinta observação: não importa quem está julgando. Nós precisamos ter consciência de quem somos e o que queremos fazer. Antes de tudo, o que queremos atingir: qual o nosso sonho? Esse é o ponto de partida, senão, para qualquer lugar que se vá, não fará diferença, porque nem se sabe onde quer chegar. Isso requer muito de auto-avaliação, de auto-busca, de quebra de paradigma constante. Não me refiro a revolta, nem a insistir em algo que não é para ser... Já vi casos de mães que precisavam deixar a criança repetir o ano e brigarem com a escola... muito mais por não saberem lidar do que por ter algo que via e ia lutar por aquilo. Não ajudaram as crianças, estimulando o desenvolvimento, apenas deram um jeito de a criança se amparar no superficial. Não houve vitória, houve um agravante. Como se desenvolve essa criança hoje? E amanhã, sozinha, quem a ajudará? Quem fará por ela aquilo que não pode fazer e ninguém ensina? Uma coisa é lutar pelo desenvolvimento, outra, é ter orgulho ferido, vergonha e vaidade. Eu me refiro ao trabalho contínuo de entender, ver, aceitar, investigar, questionar e sempre, sempre, tentar algo novo e diferente, com um OBJETIVO. Senão, não terá o que alcançar. Foi como uma pessoa me disse: "não dá para ensinar uma pessoa a nadar numa pista de corrida.". É acreditar e se dedicar a algo, não apenas negar e reagir negativamente.
Sejamos mais! Façamos mais! Façamos sempre o melhor que há em nós, não melhor do que o outro. Ninguém veio a esse mundo competir para ver quem chega primeiro ao céu, veio?
Portanto, plantemos boas sementes! Reguemos, porque elas não se regam só. Cuidemos do jardim, porque o mais belo jardim e a terra mais fértil, também tem erva daninha... A vitória não é um ato isolado, são momentos onde conseguimos ver sentido em nossa existência. Aí, sim, quebramos os paradigmas que nos impõem a viver numa sociedade normótica e doentia.
Pat Lins.
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