quinta-feira, 1 de março de 2012

PEDI PACIÊNCIA E DEUS ME DEU A OPORTUNIDADE DE PRATICÁ-LA....

Deus, me dá paciência! O que devo fazer? 

Minha diarista testa minha paciência... parece novela. Como é de confiança e faz o trabalho direito, mantenho. Sei que ela está quitando uma dívida com o que recebe aqui em casa e mantenho. Mas, a criatura é difícil... quer deixar Peu fazer tudo e acha que a mãe - eu - deve fazer isso, porque eu tenho que preparar ele para o mundo lá fora, devo deixar ele fazer o que quiser. Me ensinou o seguinte: "quando ele chegar da escola, a senhora deixa ele. Segura a mão dele e vai brincar. Se ele não quiser tomar banho, comer, se quiser brincar, deixe, porque é no mundo lá fora que ele vai aprender. Por isso, a senhora tem que ter pulso forte, deixar ele fazer tudo. Se ele bagunçar, deixa. A senhora quer que ele aprenda a arrumar, é? Oxe! Que nada! Homem é assim mesmo...". Toda vez que chamo a tenção dele, ela vai falar com ele depois. Detalhe, quando eu vou arrumar as coisas da casa e guardo as coisas de Iuri - roupa suja que - agora é - às vezes ele deixa pendurada na cadeira, roupa suja no banheiro... ela diz: "deixa, D. Patricia, homem é assim e não muda! A senhora tem que deixar, pro casamento ser feliz, pra ele não se irritar. Eu já falei pra minha outra patroa, pra ela não irritar o marido, se ele quer guardar bagunça, deixa. Pra quê irritar os maridos?..." Gente, é mole? Ela é a única a pensar assim? Creio que não. Engraçado é que ela apanhava tanto do marido dela que, ao fazer queixa ao pastor e avisar que ia separar, ele - o pastor - reuniu os outros e bateram tanto na cabeça dela que ela foi parar desmaiada no hospital, porque eles acharam que ela estava louca em não respeitar o marido - o marido que a espancava. Pensei: quantas pessos ignorantes de pai e mãe, como se fala, vive isso? Ela disse que não sabe ler, nem escrever, mas, me diz tudo que está escrito na Bíblia... Certa vez eu perguntei: "qual o livro?" e ela não sabia dizer. O que ela diz é: "isso está na Bíblia" e "isso" é qualquer coisa. Me disse que queria aprender, mas, até que isso não faz tanta diferença, porque ela é uma pessoa de luz, iluminada e isso a ajuda. O problema é que isso faz com que o inimigo se levante onde quer que ela vá. Quando dou alguma coisa para ela, me pergunta: "a senhora está preparada? Se me ajudar, ele vem contra a senhora...". Eu disse para ela que se ela continuasse só chamando o coisa ruim ela ia sair de minha casa, porque eu quero quem chame por cosia boa. Ela tropeça e diz: "pensou que ia me derrubar, eu sou mais forte!" e fala com o inimigo durante o dia todo... É delicado. Para piorar, ela fala baixinho com Peu, ensinando ele a como me enrolar: "dê um beijinho em sua mãe, para enrolar o coração dela...". Fora que ela perde um tempão brincando com ele... Esperto, ele fica chamando-a toda hora e ela para para "obedecê-lo". Eu tenho que escolher as palvaras e pedir para que ela volte ao trabalho. É complicado. Pedro riscou a televisão dele e ela se colocou na frente dele, como se eu fosse bater nele, e me disse que ia me dizer o que ele fez - porque ele mesmo foi me chamar para ver o que havia feito - se eu prometesse não reclamar com ele. Eu disse que não prometeria isso e se ele fez alguma bobagem, eu iria reclamar, sim. Ela saiu emburrada e me disse: "ele riscou a televisão, mas, é coisa de criança" e eu disse: "é coisa de mãe educar um filho e por isso, vou ter uma conversa com ele, apenas eu e ele". Pedi licença e conversei com ele. Expliquei que a TV era dele e que ele deveria ter cuidado, porque se ele quebrasse, ele ficaria sem e eu não o deixaria assistir em outra. Ele me deu um grito e eu o coloquei para refletir, sem TV e sentado na cama, pensando no que fez e entendendo que ele era o pequeno e eu a grande. Foi quando a peguei chorando na sala, achando que era porque ela "iluminada" que isso acontece "as pessoas iluminadas como eu são assim, a gente incomoda. O inimigo vem e usa a senhora para brigar com seu filho, por minha causa...". Expliquei para ela que ele riscar a TV e eu colocá-lo de castigo faz parte da rotina de mãe e filho e não tinha nada a ver com ela. Ela não se conteve e desabou a chorar.

Meu Deus, eu peço paciência e o Senhor me dá a oportunidade de praticá-la, né? 

Isso é preocupante, por outro lado. A grande massa da nossa "sociedade" é composta de gente "ignorante" e de gente que se aproveita dessa ignorância. O pior da ignorância é desconhecer-se como tal. Isso alimenta a arrogância e essa combinação não dá certo: ignorância com arrogância... Agora entendo que não podemos mudar o mundo, apenas a nós mesmos. Vi que só me resta manter minhas convicções e viver minha vida. O resto, paciência. Não dá nem para conversar com ela, porque ela me diz: "D. Patricia, dona não sei quem já me disse isso, mas, não adianta, eu sei que estou no caminho certo. Tenho minha fé! Eu sei que a senhora quer meu bem, mas, escute, a paz da casa depende da mulher. Deixa o homem quieto!". Bom, não entendi nada, porque eu falava com ela sobre outra coisa... sobre o fato dela ter brigado e enchido de desaforo a vizinha - a indiquei para fazer faxina na casa da vizinha - só porque a vizinha ia acordar o filho para ela fazer a limpeza do quarto e ela foi em cima de minha vizinha, dizendo que ela deixasse o filho dormir, que era para deixar o jovem fazer o que quisesse. Até o rapazinho ficou assustado com a maneira como ela reagiu com a mãe e pediu que não deixasse mais ela fazer a faxina em casa. Sinceramente, ainda estou pensando em como agir. Exercito a bendita paciência e imponho meu limite, afinal,  ela tem dois pontos a seu favor: trabalha certo e é de confiança; ou, cedo à conveniência e dispenso? Fora que Peu gosta dela e ela dá muita atenção para ele. Isso me faz ver que eu devo ser firme na educação que dou a ele e pronto. Ela pode tentar deixá-lo fazer o que quiser, mas, ele entende que quem "manda" sou eu.

Pois é... É isso que dá se abrir, vêm pequenos testes de todos os lados. Bom, vai chegar ao ponto onde eu terei que fazer a escolha e farei, com consciência, não no ímpeto de raiva e orgulho. Estabeleço o limite e pronto. Cada dia um exercício novo. Imagine, fiquei um tempão sem ter a menor condição de pagar uma diarista, agora que consigo pagar para que venha uma vez na semana, é assim... Isso é relação interpessoal com hierarquia, né? Isso é exercitar a compreensão, a paciência, a convicção. E me pergunto: até onde devo me permitir ser paciente? Qual o limite para tudo isso? Eu sei que ela é uma pessoa com essa característica. Ninguém é perfeito. E aí, devo ser como todo mundo, que só considera o ponto negativo? Se não fosse de confiança e não desenvolvesse bem sua função, já nem estaria aqui. Mas, é invasiva e fanática por uma religião perigosa... É isso que falo da vida: devemos agir com consciência e ponderação. O quê devo ponderar?

Paciência!

Pat Lins.

3 comentários:

  1. Aii Pat, senti pena quando voce citou que ela passou por coisas dificeis, mas, que diarista engraçada viu? Meu Deus.. mas assim, isso é de se ficar passada né? Generalizando agora, tem coisa que voce ve, e voce pensa: abra sua cabeça, como é que voce pensa isso? Acorda! Wake up! ahahahaha E como me disseram: é dai pra pior! E eu me questiono as vezes.. eu vou trabalhar varias coisas em mim né? Paciencia, discernimento etc etc etc, e entao salvo no maximo 10 pessoas onde eu possa praticar essas coisas porque as pessoas merecem, porque sao boas! Mas ai e quando me aparecem as pessoas dificeis de se lidar? Que so querem é pisar em voce, eu vou ficar com vontade de praticar isso com a pessoa? Nao sei se voce entendeu, mas é dificil, é como se eu fosse a otaria! Eu fico revoltada.. Mudando o foco rapidinho: Outra dia me vi numa situaçao onde eu e uma conhecida estavamos discutindo sobre o amor e a paixao. Ela vira pra mim, da a opiniao dela sobre a paixao, que nao batia com a minha mas aceitei, beleza, cada um tem sua opiniao. MAs ai daqui a pouco ela vem falando que o amor é voce abdicar de todos os seus ideias pela pessoa, é voce deixar de fazer tudo pela pessoa! E eu batendo o pé ali, tentando mostrar a ela que era diferente e o porque..e ela cega.. Eu, Flaminia, vou me esquentar? nao.. Entao realmente é dificil! Voltando pro assunto* ahahaha adorei esse post, confesso que dei risada com cada fala da diarista Pat, e agora fica uma escolha dificil né? Que tal abrir o jogo pra ela? Dizer que ela tem um modo de criaçao e voce outro! (Acredito que voce ja tenho feito isso até) Beijos Pat

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  2. Bom, Flam, falar pra ela que pensamos diferentes eu já falei, conversando com calma.Percebi que ela deve ter ficado com alguma sequela séria na cabeça, por conta da pancadaria -na igreja dela- ou,tenha nascido... ela fala duas coisas distintas e afirma serem a mesma coisa. Como me "sugere" que eu devo ter pulso firme e esse pulso firme seja deixar a criança fazer o que quiser? Eu, inclusive, falei para ela. Ela me perguntou: "a senhora está entendendo o que eu estou dizendo?" e eu disse, francamente, que não e que ela precisava estabelecer uma linha de raciocínio. Tentei explicar para ela, por exemplo, sobre o que penso com relação a pulso firme...ela saía de dentro dela e viajava. Comentei com minha vizinha e ela me disse que eu devo ser muito paciente, porque ela não perde o tempo dela assim. Eu tentei,mas,foi perda de tempo,sim. Lembrei que certa vez me disseram que nem todo mundo está preparado para entender certas coisas - tá, era relacionado ao lance da espiritualidade - e concordei. Trazendo para o dia a dia na matéria, nem todo mundo está apto a sequer discutir ou trocar idéia, porque, muitas vezes nem tem uma idéia. Tipo vc conversando com sua amiga, vcs trocaram idéia - ainda que eu discorde dela... para mim amor é inclusivo e não excludente, essa de fazer tudo pela pessoa me soa como falta de amor próprio... só fazer para agradar me soa como fraqueza e manipulação, ou seja, não é verdadeiro. Uma amiga sempre me diz que uma relação forte deve suportar as verdades e concordo/penso assim - houve interação entre vcs duas, ainda que discordassem. Com certas pessoas, nem isso existe. Sabe aquela de "jegue empacado"? Muita gente é assim. Essa criatura que faz a faxina aqui de casa não é certa do juízo e ainda tem um temperamento meio doido. Ela sempre me diz: "todo mundo pensa que eu não entendo as coisas. Eu sei de tudo, D. Patricia. O povo me vê assim, não dá nada por mim. Mas, eu sei. Eu sei, viu? Podes crer. Eu não sei ler as letrinhas, elas ficam dançando em minha cabeça e nunca consigo juntar, mas, eu sei é de coisa. Eu tô preparada para o ataque dele..." detalhe, "ele" é o tal "inimigo" que vive provocando ela. (continua)

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  3. (continuação) Isso bate com o que vc questionou, no início e tem tudo a ver com meu questionamento: o que é que vale a pena? Escolher as pessoas legais para exercitarmos? Não depende de escolha, é exercitar e pronto? Ou, até paciência tem limite? Porque ela abusa, também. Queria lavar - molhando - o tênnis novo de Peu, da escola, porque chegou cheio de areia. Sorte que vi e pedi para ela. Ela me disse: "eu não ia fazer nada não, só lavar..." e eu repeti: "eu sei, criatura e te agradeço, mas, esse tênnis é novinho, primeiro dia que ele usa é hoje. Deixa secar o suor que depois bato e tiro a areia.". Oh, Flam, ela empombou: "a senhora vai deixar ele usar assim?" eu puxei do útero: 'Não, criatura! Eu já te expliquei. Agora, faz o seguinte, deixa isso para lá, me dá aqui o tênnis que vou colocar na varanda para secar o suor e depois eu bato e a areia sai e Peu calça sem areia, amanhã, farei tudo de novo, porque ele brinca todo dia no parque de areia na escola e era assim com o outro tênnis, também.". Veja que eu repeti tudo de novo. Ela percebeu quem estava no controle, gostando ou não e se calou. Assim, não gosto de ser grosseira de graça, eu tenho uma mania de explicar tudo, se a pessoa não entende e faz parte do meu espaço, me sinto à vontade para impor. No caso dela, trata-se de hierarquia. Não exijo dela nada além do que uma diária exige. Para mim, ela é uma prestadora de serviço, não uma escrava. Olha, nisso eu sou muito ética. E ela me diz: "não me acostume mal, não, D. Nãoseiquem me tira o coro. Ela disse que diarista não precisa parar para comer..." eu digo que não só tem o direito de parar como o dever de se cuidar, beber água e etc. Oxe, ela se acaba de rir: "só a senhora, D Patricia, só a senhora...". Será que o que falam é verdade? Que devemos agir sem dar trégua para certas pessoas? Isso é importante para ela? Não falo em criar um vínculo, ser amiga íntima, mas, ter uma relação cordial, para mim é fundamental. Só que como haver cordialidade quando uma das partes entende como abertura e liberdade - no sentido de falar o que quer? Por Deus, pode parecer pouco para muita gente, mas, tem sido uma oportunidade prática de aprender muita coisa, nem que seja ser mais fria, falar curto e grosso, tipo apenas dar ordens e pronto. Essa de se sentir "otária" é nosso ego sacana, essa porcaria do nosso eu animal orgulhoso e pequeno, mas, que faz parte da gente e temos que lidar com mais esse outro processo paralelo, né? Interessante é que nossa complexidade consiste nisso, uma coisa puxa a outra e somos isso, um emaranhado de coisas que não se desenrolam de vez e, no final, tudo está juntinho e, quando a gente aprende, sabe pegar em cada linha na hora certa. Bom, eu ainda estou no emaranhado e emobolado - rsrsrs. Só para finalizar, deixei o tempo se imcumbir, enquanto vou ponderando. Vou ter que decidir. Eu simpatizo muito com ela. Uma pessoa que ninguém tem paciência. Não fica na casa de ninguém, porque ninguém aguenta- ela mesma me disse, isso. Meu exercício é não querer ser a salvadora da pátria e comprar uma briga que não é minha. Isso, eu consegui estabelecer em mim. Mas, dar uma oportunidade a mim e a ela. Se conseguirmos nos alinhar- ela tem 1 mês aqui em casa - beleza, senão, a dispensarei. Vou me permitir tentar, ao menos e de coração aberto.

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