A gente "tem" - olha o verbo TER entre nós. Tadinho, ele é inofensivo, como todas as palavras. Tem o propósito de designar algo de maneira descritiva, já que não sabemos e nem temo como usar ou entender as sensações além dos 5 sentidos. A questão é que ele foi deturpado, como a grande maioria das nossas palavras e expressões - mania de afirmar que é preciso "TER AMOR, PARA PODER DAR AMOR". Como o "TER" tem sido usado de maneira pejorativa, hoje, acordei com essa "onda" na mente: "SÓ QUEM É AMOR, É AMOR PARA DAR".
Não sei os outros, mas, eu tenho algumas pessoas que fazem parte do meu círculo - eu vejo esse círculo como uma galáxia, diante de tamanha diversidade de mundos e é isso que enriquece o meu mundo - de relacionamento, que vinculam relação a "ter", não "ser" parte da relação. Toda a base de formação dessas pessoas está relacionada a "ter" algo e comparar. Acabam sendo relações cansativas e, em meu caso, fazem parte das pessoas que gosto muito, porém, vivem nos limites da minha DS - distância saudável. Pessoas que têm dificuldade em "ser" quem são; que vivem vendo o que "tenho" e o que "não tenho"; que nos encontros não sabem tirar proveito dos momentos juntos e ficam listando o que "tem" que ser feito, porque essa pessoa faz assim; que não se sentem parte do grupo, parte da relação - existem alguns que são assim, se sentem tão solitário em si, como se seus mundos não tivessem coisas boas, ou, acham que "têm" tanta coisa boa que se vêem na "obrigação" de dar as diretrizes baseadas em suas próprias vidas... sem entender que cada um tem seu caminho e que, se o mundo deles está tão bacana assim, porque fogem tanto, a ponto de querer invadir o do outro? Para mim, quem alcança esse patamar elevado não sente a necessidade de ensinar ou comandar a vida de ninguém, os ensinamentos vêm como consequência da própria evolução e passam a ser exemplos por conta disso. Não sei bem como explicar, mas, me inquieta - e isso terei que ver em mim... - o fato dessas pessoas nunca terem uma palavra BOA a dar, pois estão sempre vendo o que falta. Quando estou com algumas dessas pessoas, a sensação que tenho é que elas estão se debatendo com tamanha agressividade dentro de si há tanto tempo que já não conseguem vislumbrar a paz, mesmo afirmando serem da paz e do bem. E, talvez, até sejam, mas não acessaram em si o que falam. E isso cria uma barreira natural na relação, porque não há a outra parte, já que essas pessoas estão ausentes de si. Existe ali uma parte da pessoa que sobrevive e que quer impor suas complexidades e dificuldade em agir consigo, como se suas amarguras, ainda que soterradas e escondidas em si tivessem deixado de existir, mas, em verdade, são essas amarguras, esses temores, essas frustrações que mais aparecem e que chicoteiam o lombo dessas pessoas, transformando não só os seus dia a dia infelizes, mas, torna infeliz toda relação que tenta construir destruindo. Pronto! É assim: pense numa construção de uma casa. Primeiro a base, depois sobem-se as paredes. Certo? Agora, imagine que, cada vez que na primeira fileira da base, em vez de trazer novas pedras para completá-la, tira a que colocou antes e coloca depois. Depois, pega a mesma pedra e coloca a frente e vai andando. Daí, não olha que só tem uma pedra na base e nada mais e decide erguer as paredes. Ergue uma. Cai. Ergue outra. Cai. E se lamenta: não consigo deixar uma parede em pé! Se alguém me ajudasse... Aí, passa alguém e diz: "Olha, só tem uma pedra na base, tem que fazer a construção da base primeiro". E vem como resposta: "Já não tenho mais tempo para isso!" e fica lá, levantando nada e vendo cair tudo, todo dia. Assim são as relações dessas pessoas: nunca tem uma base sólida, porque, dentro delas, elas estão ausentes, estão com sua única pedra, sem dar importância a todas as outras que o caminhão da Vida entregou para a construção de si. Não que devamos levantar muros ou paredes, trata-se apenas de uma metáfora simples, sem grande pretensões. A construção de cada mundo é feita pela composição de cada aprendizado e de cada não aprendizado; de cada lição e de cada lição que desconhecemos, ignoramos por estarmos muito ausentes em nós, por estarmos sugando do outro que começou seu caminho e, pensa-se ser mais fácil pongar e invadir o mundo alheio. A sensação que tenho é que essas pessoas "têm" a necessidade de enaltecer o lado ruim do mundo do outro para ver se o outro sai e ele ocupa o lugar, sem o trabalho de construir o seu próprio. Acho que é isso... Ainda que essas pessoas nem percebam o que fazem, não deixam de fazer. Não deixam de "atacar" o mundo alheio. E isso causa desgaste natural, como água na pedra; como vento na areia. Como tudo na vida que não se mexe como deve, é mexido pelo tempo do desgaste natural.
Tem gente que desenvolve muito o hábito de teorizar e nada vivenciam. Vivem em dor e sofrimento e em movimentos de alívio físico dessas dores. É como falo, não basta fazer Yoga, boxe, dança..., tem que se permitir adentrar em si em todos os momentos - tudo parte de mim para mim mesmo, depois, alcança os mundo vizinhos. Apenas os movimentos, sem adentrar no íntimo, sem permitir o alinhar entre corpo, mente, emoções e espírito de nada adiantará nesse processo de construção e evolução pessoal. Apenas cuidar do espiritual, esquecendo-se da mente, das emoções... também descompensa. Para mim equilíbrio é viver se equilibrando no desequilíbrio, não tem outro caminho. Não existe um "equilibrei! Pronto. Fico parada nessa posição para sempre!". É dinâmico, é vivo, é Vida. É ir em busca, se permitir descobrir coisas no caminho e, um dia, essas coisas compõem um todo muito bacana.
Nós falamos tanto do AMOR, mas, SER AMOR requer que abramos mão desse medo de perder a infelicidade nossa de cada dia. O AMOR é PLENITUDE e plenitude é LIBERDADE, e ser LIVRE é SER AMOR.
Mandar; controlar; afirmar que sabe tudo; impor a presença na vida do outro não fortalece o elo, desfaz! Uma relação sincera ela é natural e espontânea. Requer, apenas, que sejam respeitados os espaços, tempos, e ritmos de cada um/outro. Só uma pessoa desconectada de si exige do outro aquilo que o outro não é. Eu não posso exigir que fulano deixe de comer carne porque ser vegetariano é melhor. Quem disse e garante isso? Conheço excelentes pessoas vegetarianas, "carnívoras", naturalistas... isso é escolha do estilo de vida, tipo de alimentação e não expressão de caráter. Da mesma forma, conheço pessoas inescrupulosas, ambiciosas, arrogantes, falsas, materialistas até no ar que respiram... - que têm um lado bom, em meio a toda essa perturbação - e que são adeptas de um tipo de alimentação natural.
NÃO É O EXTERNO QUE NOS FAZ. NÓS SOMOS QUEM SOMOS SE ESCUTARMOS O QUE VEM DO CORAÇÃO. AQUELA VOZ QUE VEM DE DENTRO E QUE DIZ: EU SOU! Senão, seremos apenas uma parte de nós, até atingirmos a consciência do REAL. Nós não somos nossa imaginação... Nós somos o que apresentamos de nós em nossas ações. Não falar: "eu sou legal" e ser um poço de chatice, mas, acreditar ser legal porque quer ser legal. Imaginar-se não é "ser-se". Somos luz e sombra.
Como volta e meia me digo: SÓ SE É SENDO. O resto é fachada e ilusão. E o que somos: seres humanos imperfeitos. Essa imperfeição nos conduz a uma dinâmica de vida. O nosso caminhar é que nos conduzirá ou não à Vida. Sempre teremos Tempo para guiar e Natureza para nos conduzir. Mesmo que saiamos tanto do caminho, um dia, esse trio abre um caminho de reencontro e, nesse momento, entenderemos o que é SER FELIZ. E que isso está em cada um de nós, em nossa Vida, não na do outro que perdemos tempo tentando entrar. Quando encontrar esse caminho haverá uma sensação forte e a certeza de que ESTAMOS DE VOLTA AO LAR! Tal qual Dorothy e seus sapatinhos vermelhos simbólicos! Porque, de fato, "não há lugar melhor do que o nosso lar!"!!!
Pat Lins.
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