quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CULTURA (A ARTE DE CULTIVAR) DO "NADA"



Observando a agricultura - uma das formas de cultivo, relacionada a plantação de alimentos na terra - a gente entende muita coisa.

E conversando com um amigo/irmão, ele me fala que acabou de sair de uma fase "agitada", de tanta coisa para fazer em pouco tempo, que, hoje, está com vontade de fazer "nada". Me recordei, na hora, de duas coisas: 1- na época em que tive DPP, tive um insight de "pensar em nada", como forma de compensação para a mente, após estar vivendo tanta loucura densa de expurgo - coisa que vi na época e senti, mas, estava tão "possuída" pelo desânimo que não dei muita importância -; 2 - na agricultura, tem o sistema de rodízio - peguei uma definição na wikipédia para ilustrar meu pensamento: "é uma técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo. Isto é feito trocando as culturas a cada novo plantio de forma que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo." - e, em determinado momento, uma parte fica em descanso; depois, me veio uma terceira: 3 - o Nada. Para quem leu as "Crônicas de Nárnia",   em "O sobrinho do Mago", Aslan começa a criar Nárnia: 

"E, de fato, parecia mesmo Nada. Não havia uma única estrela. Era tão escuro que não se enxergavam; tanto fazia ficar de olhos abertos ou fechados. Sob seus pés havia uma coisa fria e plana, que podia ser chão, mas que não era relva nem madeira. O ar era seco e frio e não havia vento. (...) No escuro, finalmente, alguma coisa começava a acontecer. Uma voz cantava. Muito longe. Nem mesmo era possível precisar a direção de onde vinha. Parecia vir de todas as direções, e Digory chegou a pensar que vinha do fundo da terra. Certas notas pareciam a voz da própria terra. O canto não tinha palavras. Nem chegava a ser um canto. De qualquer forma, era o mais belo som que ele já ouvira. Tão bonito que chegava a ser quase insuportável. " 

Outra lembrança que me veio o Nada de "A Voz do Silêncio", de Helena Blavatsky, onde ela nos traduz trechos do "Livro Tibetano dos Preceitos de Ouro" e cita: 

"Aquele que quiser ouvir a voz de Nada, o "Som Insonoro", e compreendê-la, terá de aprender a natureza do Dharana (Dharana é a concentração intensa e perfeita do espírito sobre qualquer objeto interior, acompanhada da abstração completa de tudo quanto pertença ao universo exterior, ou mundo dos sentidos.)."

E enquanto conversávamos, essas coisas povoaram, pululando - adoro essa palavra! - em minha mente. Me veio a lembraça de que devemos respeitar o Tempo de cada coisa. Isso é a  minha Cultura do Nada. De entender, como Platão já dizia, que existe o tempo de ócio, também. Desde que produtivo. Não me refiro à preguiça, mas, ao Tempo do descanso da terra mental, física, de vida, etc. Ou seja: precisamos saber administrar o nosso tempo, principalmente, reconhecendo os nossos limites - até mesmo para, exercitando e desenvolvendo, podermos ultrapassá-lo. Ninguém supera um limite exaurindo-se até a morte, isso é sandice. Uma pessoa inteligente cresce gradativamente. Isso é real. Isso é possível na transformação. Assim eu penso e assim eu vivo com minha "Cultura do Nada". Como exemplo, quem entra na academia, para malhar, não começa correndo numa esteira. Começa com caminhada e aumenta-se a velocidade gradativamente. Assim devemos ir fazendo: (re)conhecendo nossos limites, lidando com eles, questionando-os e, se for para ser, superando-os. 


Vamos desenvolver a CULTURA DO NADA, de auto-construção, de boas plantações. Só assim poderemos DEIXAR UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES NESTE MUNDO - começando por cada um de nós. Começando do Nada, desenvolvendo o silêncio em nossas mentes  ainda inquietas e agoniadas.

Sem a afobação de se debater, debater, debater... Um momento para nós é VITAL. E vital é VIDA e vida é o que devemos lembrar... Melhor, devemos VIVER. E Vida é dinâmica - não ansiosa ou afobada, agitada, acelerada... ela é ritmada, como os sons da Natureza e dentro do Tempo de cada coisa.

Vou parar por aqui porque essa viagem me faz aprofundar muito em mim. Coisa minha. E não dá para transcrever em palavras... sensação é para se sentir com corpo e alma, bem lá naquele lugar dentro de nós que só cabem coisas boas, muita luz... o contato com o Pai do céu, como numa bela oração de corpo e alma! Entregues ao momento de, apenas, sentir, respirar.

E, dentre muuuiiitttaaa coisa que conversamos, finalizamos com uma frase bem bacana que Marcos me disse e não lembro de quem foi:

"Tudo na vida está entre o 'inspirar' e 'expirar'."

E é verdade. Indo mais para o lado drástico e real: um dia a gente inspira e, de repente, chega o dia do último expirar!

Façamos nosso melhor entre cada inspiração, para que em cada expiração, estejamos literalmente mais leves e livres de todo mal!

Pat Lins - inspirando.


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