segunda-feira, 15 de agosto de 2011

BAHIA E VITÓRIA - a diferença que une e os faz iguais...


Eu não sou muito fã de futebol... malmente, assisto aos jogos da copa mundial. Também, não critico quem gosta, mas, discordo do fanatismo que culmina em falta de respeito e bom senso. Não estou aqui para levantar polêmica ou "puxar brasa para a sardinha" de time algum, apenas escutei uma coisa e achei tamanha babaquice que me fez refletir sobre a falta de bom senso das pessoas, até no esporte, uma coisa que era para ser competição saudável.

A preocupação com títulos cega os dois lados - tomando os times Bahia e Vitória como referência ou exemplo..., mas, que talvez possa abranger outros times também... a questão não é o time, mas, o sentido das coisas, como na vida. Um, o "tricolor de aço baiano" - Bahia - já ganhou dois títulos nacionais - detalhe, no futebol o que importa são os títulos nacionais... aqui na Bahia, pelo menos, é o que aparenta... - pois bem, o outro, o Vitória, já foi vice inúmeras e recentemente. Então, vamos listar os argumentos mais usados pelos torcedores (que fique claro, não estou questionando as razões de ninguém torcer por determinado time, respeito e defendo o direito de cada um torcer pelo que quiser!):

- O Bahia tem duas estrelas...
- O Vitória vence em mais campeonatos.
- O Vitória vence mas não leva.
- Quantos títulos o Vitória tem?
- Fora os dois títulos do Bahia, quantas vezes se manteve na primeira divisão?
- Quantas vezes os Bahia chegou próximo de ter outro título?
- É melhor ter dois do que nenhum...

São inúmeras as comparações. Até aí, tudo bem, brincadeiras e troca de argumentos. Beleza! Só que não para por aí... Um quer convencer o outro de que seu time é "o" melhor - bom, preciso destilar meu veneno..., mas, os dois estão deixando a desejar faz muito tempo...

Parei para ver como eram os jogos antes e como agiam os torcedores com mais respeito e cordialidade. Não via meu pai, nem meus amigos, brigando por causa de futebol ou por conta de torcerem por times diferentes. E o espetáculo era o bom jogo, com dignidade, com futebol arte. Hoje, vejo uma preocupação não com o entretenimento, mas, com o comercial e com a necessidade de aparecer mais do que os outros, desarmonizando o time. Aqui, começo a fazer o paralelo que queria, onde, num momento de descontração, de curtição, fica evidente a falta de valores humanos. As pessoas brigam dentro fora de campo. A falta de Ética e descência dita a lei e quem não se enquadra nesses anti-valores são taxados de diversos termos pejorativos. E a importância da união do time para que o jogo flua e dê certo? Se um quer brilhar mais do que o outro, cadê o espírito esportivo? Cadê o ideal maior que é fazer o time jogar bem e, jogando bem é que se pode vencer - ou perder para alguém que conseguiu jogar ainda melhor?

Essa busca pelo título como sinal de vitória, de triunfo é que cega os jogadores e fazem a torcida vibrar - só importa vencer, para dizer que é bom. Nem sempre quem ganha o título jogou melhor... títulos são o congelamento de uma vez que se foi vencedor por levar o primeiro lugar... o campeonato em si é o espetáculo. Muitos times podem ser bons, mas, apenas um será o campeão... tanto que o nome é "primeiro lugar". 

Os estádios viraram campo de guerra. E essa guerra é causada pelo futebol? Não. Essa violência é o sinal, aliás, o retrato claro e fiel dos valores questionáveis das pessoas, dos seres humanos. Muitos adultos incitam esse despertar de agressividade sem causa, gratuita e infundada, nas crianças. Ensinei ao meu filhos, depois dele me perguntar: "Mãe, ser Vitória é ruim?" Eu disse: "Não, meu filho! Torcer para time algum é ruim. Ruim é não respeitar o fato do outro torcer por outro time. Já pensou se todo mundo torcesse pelo mesmo time? Só existiria um..." Ele me perguntou: "Posso 'ser' Bahia e Vitória?" Eu disse que sim, que ele poderia torcer para o time que quisesse e se não gostasse de futebol, tudo bem, também. O que aconteceu: boa parte da minha família torce pelo Bahia; meu marido, pelo Vitória... Bom, a gente tem uma visão muito tranquila e com relação ao tema "futebol", onde respeitamos as diversas opções de cada um, porém, nem todo mundo pensa assim e ainda se voltam para a gente com expressões típicas de seres acéfalos e pequenos, como: "isso é dor de cotovelo, porque o Vitória nunca ganhou um título...". Pode? É tão difícil para essas pessoas aceitarem as diferenças que precisam ter um argumento infundado e afirmam com tamanha certeza que até parece que condiz com a realidade... Daí, trocam as palavras "torcer" por "ser" o time... E, quando Peu me perguntou se ele poderia "ser" determinado time, eu frisei que ele poderia "torcer" para o qual ele quisesse. Para quem tiver curiosidade do desenrolar da história, Pedrinho simplesmente diz, para quem quiser ouvir - exceto quando coagido a dizer que torce apenas por um time, para ganhar algo que ele deseje... -  "Minha mãe disse que eu posso torcer para quem eu quiser! Então, eu sou uma mistura do Bahia com o Vitória e pronto!". Alguém consegue ver a sabedoria da criança? Ele não quer confusão, ele quer fusão, unidade... risos. Até nesses assuntos aparentemente banais, existe o reflexo de como educamos nossos filhos e como passamos a coerência de quem somos. Ele não só confia em mim, como sente segurança e entende a ocupação que tenho em ensiná-lo, através da minha busca incessante, de ser uma pessoa melhor - não melhor do que ninguém, mas, o melhor que ele tem em si -, uma pessoa justa, uma pessoa boa, uma pessoa bela! Então, qual o real significado do esporte na vida das pessoas? Qual o significado de torcer por algo, por diversão? O que vem a ser diversão? Como as pessoas se permitem apenas se divertir, isentando-se de julgar, condenar, persseguir, provocar...?

Qual o sentido dos campeonatos? Qual o sentido de vencer? Qual a importância de competir? Qual a importância e o significado de time, equipe, união? O problema, inclusive dentro de campo, é o desejo ser "a" estrela, sozinho, único a brilhar..., diferente da vontade de ver o time vencer, da equipe trabalhar em harmonia por um objetivo: jogar bem e, como consequência, vencer. Com o apelo comercial, esse desejo prevalece. E desejo, para quem não sabe, é um perigo... O desejo exacerbado acende a ilusão exacerbada e culmina em fantasia em realidade, ou como realidade... Ou seja, altera a relação da pessoa com a realidade. Tudo passa a ser fugaz, temporário, sem sentido profundo... ou seja, sem sentido em essência. A gente parece que esquece de que a vida leva o tempo que tem para levar e colocamos a pressa como "tempo guia". O que mais acontece são consequências que levam a ver e crer que na vida, o tempo regente é o tempo e pronto. Que essa pressa não é saudável, que o transitório é vazio, oco. Será que é tão difícil fazer essa conta e chegar ao resultado exato? A vida exige da gente viver, não correr e enlouquecer afirmando-se emocionalmente são... Louco acaba sendo quem questiona esse sentido sem sentido que se vive, um nada por cima de nada; ecos de barulhos sem sentido... balbúrdia.

Eu nunca fui craque em matemática, mas, houve uma época que era fera, porque fazia sentido como me era ensinado. Meu professoa dizia: "para saber matemática, antes, é preciso saber português para interpretar o problema e poder resolvê-lo..." Estamos prontos para entender que para tudo há um sentido? Quando cheguei no segundo grau, apenas estudava para passar... Eu não via muito sentido naqueles cálculos, então, seguia apenas a sequência e aplicava as fórmulas decoradas, sem ver um porquê naquilo... Quando em somava 1+1 para dar dois, fazia sentido. Mas, quando me vinha com f(x)= a quê mesmo? Nossa, as funções eram sem funções para minha vida... Os professores eram ótimos, mas, focados em vstibular... No ginásio - e, antes, no primário, havia uma preocupação com ensinar algo com sentido... No segundo grau o sentido é estudar para passar... Ou seja, a vitória é passar no vestibular, estar entre os aprovados é ser campeão... Tudo bem, já que tem prova, e essa prova era a única maneira de entrar na faculdade e eu alimentava esse desejo, como desejo de "ser" alguém - e "ser alguém", para mim, era me tornar uma profissional renomada e estabilidade financeira... - então, me adequei ao time de estrelas, ao ser aprovada... Hoje, depois de graduada há mais de uma década, especialista e eterna estudante, aprendi a ser aprendiz de ser humano para recuperar os bons valores... esse resgate me tem sido muito grato, o que não diminue meus embates internos, afinal, me tornei quem precisava ser, para me adequar ao meu desejo e, em um determinado momento da vida, meu EU verdadeiro começou a pedir passagem e esbarrava no eu que me tornei...

Desde então, venho aprendendo a diferenciar meu desejo vago e superficial, pautado no material e financeiro como sinal de triunfo, do que vem a ser vontade, que me levará a meu reencontro com minha essência, meu eu original, que tem um porquê de existir e que tem um sentido na vida que independe do tudo mais que o mundo comercial nos impõe, isso não quer dizer que não queira ter conforto e facilidade em pagar as contas, a diferença, como sempre coloco aqui, é que vejo e separo o quê e para quê serve o dinheiro, sua finalidade, seu sentido é pagar as contas financeiras, mas, que tesouro somos nós! Êxito e sucesso, para mim, são os verdadeiros triunfos, porque resultam de saber o que deve ser feito e fazer, no dia a dia, na construção de uma vida decente, digna, justa, bela e boa! Com ética e moral. Com virtudes. Com valores. Não com esses anti-valores que regem a vida das pessoas "normais". Nem por isso me acho anormal... Minha vontade, hoje, é ser. Minha vontade hoje é ser aliada do tempo. E não é como um clique num interruptor que liga e desliga, é jornada, é caminhada diária. É cair e levantar. É se redimir a cada erro e assim seguir e prosseguir. É ser reto e correto. Essa tem sido a grande diferença de como estava/ainda estou para quem estou em processo de migração ou destruição, reconstrução, construção... Estou voltando a ser quem sou e deixei conjugado como quem era... esquecida. Aos poucos vou me fortalecendo nesse viés e me reafirmando como pessoa íntegra, justa, correta, ética. Não me refiro às novas acepções e conotações das palavras, mas, dos semtimentos atemporais e eternos de viver as virtudes na prática. De nada adianta saber e não fazer. Aos poucos a ficha vai caindo... Por enquanto, muitas coisas ainda estão em ligação, quando a ficha cair, aí sim, a ligação se completará e a assimilação se fará real, se fará ser. 

Pois é, independente do time que se opte torcer - veja que é opção, escolha, como qualquer coisa na vida - é importante respeitar a opção do outro. Brigas são para pessoas vazias. Discutir, para mim, só por algo produtivo. Aos poucos venho sentido menos vontade de perder tempo em conversas vagas, onde as pessoas não querem trocar, querem impor. Alguns estranhamentos estão sendo causados, mas, aos poucos, vão passando, também, afinal, crescer é a partir de quando se começa e se sente a vontade de ser mais do que um desejo, mais do que um simples sonho... quando trata-se de uma meta de vida, de uma filosofia de vida, de um estilo de vida moral e decente. E isso, com certeza, não se consegue sozinho, não se atinge de uma hora para outra, nem sem batalha. A guerra não é essa atrocidade que vemos por aí... a guerra pela paz é interna, é a luta que travamos para sermos melhores como pessoa, a superar as limitações da matária... Isso que acontece aí fora, essa guerra por terras, por falsos ideais, por nada é uma guerra vazia, não uma guerra pela paz, mas, uma guerra pela guerra, que perde o sentido - se é que teve algum... Me refiro a verdadeira paz guerreira: "se queres a paz, prepara-te para a guerra. (Se vis pacem, para bellum)" A PAZ, não a guerra para se "conquistar" algo do outro, mas uma ou várias batalhas para se alcançar a própria paz. Não sei bem porque isso incomoda tanto aos outros e sempre tem alguém para dizer que sabe o caminho mais certo. Para mim, quando se há verdade e consciência do que se faz, você pode estar onde estiver, vai encontrar o caminho, não o dogma que alguém criou para manipular... Veja, por exemplo, o que Cristo trouxe e o que nós fazemos em nome dEle...

Bom, de volta ao BA-VI, se olhar de pertinho, como tudo na vida, as diferenças que alegam existir entre eles os torna iguais: times em busca da vitória! Como se dá essa busca é que questiono. Como os torcedores seguem seus times é que é questionável. Nossas posturas ante o que vem a ser respeito é que é a questão. O que queremos da vida, então? A quê custo? Por quanto tempo? Sabemos qual tempo queremos seguir? Sabemos para onde queremos ir? Sabemos a diferença entre desejo/ilusão e vontade/verdade? Sabemos, antes de tudo: quem somos?

Pois é, por isso que amo, a cada dia mais, ser acropolitana! Lá eu tenho espaço para pensar e aprender a agir. Porque de nada adianta saber se não se coloca em prática... De nada adianta correr, se não sabe para onde, nem por quanto tempo. Por isso, vamos caminhar e seguir o tempo que nos guia.

Torça pelo time que torcer, vibre pelo time que vibrar, saiba que alguém pensa diferente e vibra diferente. Seja feliz com seu caminho e se não está contente com ele, mude e vá em busca da felicidade no caminho, no caminhar. Curta os acontecimentos, não apenas uma vitória isolada. Viva cada vitória por merecimento, mesmo que não leve título algum. Saber persistir e não ser teimoso; ser humilde e não ser soberbo, arrogante... cheio de vazio, cheio de nada; ser calmamente ativo e ativamente calmo; sejamos, pois, íntegros. A liberdade está em se encontrar e saber o que precisa ser feito e fazê-lo! Se alguma coisa dá errado, é preciso identificar esse erro e consertá-lo. Senão, ele aparece mais a frente e vivemos um ciclo vicioso... Hora de refletir e agir!

Beijos,

Pat Lins.


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