terça-feira, 12 de março de 2013

À ESPERA DE UM MILAGRE



De acordo com a medicina, o quadro de tia é irreversível... Além do fígado e cérebro, no pulmão e no baço... Infecção pulmonar. Ela está ligada a aparelhos de monitoração e é importante lembrar, em tempos de questionamentos sobre "SPP", no HSR isso não existe. Ela sempre teve todo atendimento por lá, pelo SUS, e deram muita atenção - tanto no caso dela, quantos dos outros pacientes. Existem profissionais em todas as áreas que "queimam" a imagem da categoria - principalmente categorias chave como saúde, segurança e educação e acabam comprometendo a imagem dessas classes de maneira bastante pejorativa e, de certa forma, motiva outros seres amorfos e desumanos a entrarem no jogo do mal. 

Graças a Deus - tirando o problema que tivemos e que, supostamente por esse motivo, hoje, minha tia entrou em metástase, foi a negligencia da SESAB Estado em fornecer o medicamento, que JÁ ESTAVA PAGO PELA UNIÃO, que ela precisava ter tomado para evitar essa proliferação dos tumores para outras regiões... e nos coloca agora em condição de à espera de um milagre ou despedida - o atendimento no Irmã Ludovica e Hospital 2 de julho/Hospital São Rafael sempre foram de uma presteza, dedicação e cuidado brilhantes, acolhedores e consoladores. 

Hoje, ela está internada, medicada, monitorada, tomando oxigênio e estamos à base da fé, mesmo. De orações, de pedidos a Deus que nos capacite com entendimento e consciência do que somos obrigados a viver e experienciar e que Ele mesmo nos dê o conforto que esse entendimento pode nos trazer. A dor é grande. O sofrimento de ver uma pessoa forte e alegre - com defeitos e qualidades como qualquer ser humano - definhar em nossa frente não é algo legal, bacana e/ou agradável... é algo que inquieta, entristece, incomoda e nos faz questionar o tempo que temos de vida, que pode ser longo ou curto mas que seja vivido, que a gente aprenda a encarar as coisas pequenas e resolvê-las enquanto pequenas, porque de repente, vem uma coisona grandona que independe de nós, do nosso conhecimento de como isso apareceu e está além das nossas forças ou capacidade de solução. 

Aprendamos que a vida é a cada dia e a cada dia que identificamos algo a ser corrigido, nos empenhemos em corrigir com muito amor - e isso inclui, em muitos casos, entender que não invadir o espaço e o tempo se faz necessário. 

Hoje, vendo tia Nice lá, deitada e com medicamentos fortes penso: o que somos nós? Quão frágeis e pequenos somos nós diante de nós mesmos e nossa limitação física. E, por mais raiva e sentimento de impotência e indignação diante da SESAB, penso que meu limite era esse... saber deixar passar o ódio de algo que poderia ter tido uma chance maior nessa luta se não tivesse havido tanta indiferença e descaso de um órgão público adepto indireto do "SPP"- da dra monstro Virgínia, lá de Curitiba que era "chefe" da UTI de um hospital de respeito - onde aqui, pelo que vimos na SESAB era mais para SMM - se morrer, morreu -, tamanho o descaso com quem precisa "pedir", como pedinte, em vez de cidadão que tem o direito de receber, haja vista que nós pagamos impostos mil. Mesmo assim, me coloco comigo num processo de diluir esse sentimento ruim porque aqueles seres amorfos e estúpidos ainda estão lá, continuarão fazendo isso com diversas outras pessoas pobres e sem condições de brigar de igual para igual e que morrem e a morte resolve os problemas deles... e deixam as famílias no desamparo. No caso da minha tia, ainda tem um filho especial que ficará e nós cuidaremos com todo amor, lógico, mas a que custo? Ao custo de seguir sem a própria mãe. Havia uma chance mínima e eis o motivo da minha indignação humana, pois com o medicamento essa chance mínima era uma mínima chanca, uma chance não ter chegado a esse ponto... mas chegou, porque o descaso desse órgão não lhe deu essa chance e nem tem muito como processar... Nessas horas a Lei é cruel para o cidadão de bem que dela precisa. Nós não temos a quem recorrer, porque o caso dela estava sendo acompanhado e orientado pela DPU e nem assim conseguiram o cumprimento dos prazos e, com isso, de uma chance de vida! 

Agora, nos resta a evolução pessoal de acolher a dor e a raiva concomitante e expandir ao nível de consciência do "aqui e agora". Aproveitar o tempo que nos resta entre os momentos de lucidez dela e as nossas lembranças de um presente que existiu como tal até novembro de 2011, quando ela descobriu essa doença e toda saga começou. Hoje, esse presente tem como o futuro um passado muito provável, pois desse presente, sem o milagre, ela não sai... O que a ciência tem de informação é que trata-se de uma quadro irreversível e ligou o contador de tempo de até onde ela aguenta ir...

É o fim? Ninguém tem como saber, mas vendo aquela mulher jovem, recém completados 53 anos - dia 5 de março - acamada e afirmando que precisa ver o filho e receber as visitas porque sabe que vai morrer nos dá um negócio aqui dentro indescritível e negativo... Manter o pensamento positivo é estar aberto para tudo, inclusive para a mínima chance de um milagre!

No final e início das contas, tudo é aprendizado prático do que vem a ser "aqui e agora".

Pat Lins.

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