quinta-feira, 19 de julho de 2012

AGRADANDO AO OUTRO

Eu penso que não haja maneira melhor de agradar ao outro sendo você mesmo e, dentro de "ser você mesmo" existir a consciência do que seja RESPEITO às diferenças. 

É muito mais uma questão de convivência e intersecção, ou seja, de nada adianta eu ser quem não sou no momento - afinal, nós somos pessoas que resultamos de um conjunto de fatores pessoais, sociais, educacionais, ambientais, climáticos, alimentícios, físico, emocional, espiritual, genético... e, por sermos todos assim, em alguns momentos os encontros da convivência podem ser estremecidos... - do "nós", se meu "eu" não assume uma posição e se submete ao "eu" do outro. Isso gera cobrança de ambas as partes. De quem recebe a submissão, vem a cobrança de, no dia que a pessoa se apresentar como é, querer ver aquele que sempre estava presente: a criação. Já quem se "submete" - submissão não é humildade, é bom deixar clara essa questão - a cobrança vem em forma de: "eu te dei o meu 'melhor' e é assim que você retribui? Eu fiz 'tudo' o que você queria...". 

Como saber TUDO o que o outro quer? Na verdade, muitos submissos usam esse recurso mais como chantagem emocional para manipular o ser/objeto de interesse do que para agradar, mesmo. Um agrado, um mimo, é uma coisa. Você passa em frente àquela loja que vende o perfume que ele(a) tanto gosta e compra, para fazer um "agrado". Passar o dia na praia que o outro tanto gosta... Agora, viver em cima do muro, e balançando a cabeça igual a figurante da Globo não dá. Impossível ver alguém que se faz invisível... Porque, no início e no fim das contas, é isso que uma pessoa submissa é: invisível. Como ver, enxergar alguém que não se mostra? E no dia que essa pessoa for contrariada? Me lembrei de um filme "Como enlouquecer ser chefe" - um filme que a gente ri muito e se vê, muito, também - onde um personagem, Milton Waddams, vive resmungando para a esposa, ao telefone, teme ser demitido e sempre acada sendo humilhado pelo chefe. Seu maior apego é com um grampeador que o chefe toma. Milton foi demitido há 5 anos e nunca soube... por um erro da contabilidade, ele entra na folha todo mês e assim segue. O chefe vive mudando a mesa dele de posição para colocar alguma coisa no lugar. Um dia, não tendo mais espaço físico para mudá-lo, o chefe, já sabendo que ele estava demitido e que não receberia mais o salário, o humilha ainda mais, enviando-o para o subsolo, mandando-o matar as baratas do porão. Para piorar, toma de volta o tal grampeador que o funcionário havia pego escondido. Em seguida, apaga as luzes do porão. Milton vivia ameaçando que se fosse mudado de lugar de novo, colocaria fogo no prédio. Como nunca se posicionava, nunca lutava pelo seu espaço. Apenas, ameaçava aos resmungos. No dia em que o chefe o empurra lá para baixo e apaga as luzes, a luz interior de Milton inflama... na verdade, luz interior, não, a revolta do submisso... se fosse a "luz interior" ele teria sabedoria e se posicionaria. O que ele faz? Assista ao filme... Ele cumpre com a promessa louca dos seus resmungos: toca fogo no prédio. É isso que acontece quando a gente não se posiciona, faz tudo para agradar - mesmo que nem perceba que não está agradando... - e, quando vê que nunca houve correspondência com essa "pseudo entrega", toca fogo em tudo. A raiva de não ter sido correspondido é muito mais perigosa e danosa. O submisso se revolta por algo que ele mesmo criou.

Impossível agradar alguém... você nem sabe o que o outro quer. Me recordo de uma vez,uma pessoa queria me "ajudar", enquanto eu estava na DPP, sugerindo que parasse de tomar os remédios, me sufocando horrores com suas loucuras ansiosas... enfim, conversei com ela e pedi: "muito ajuda quem não atrapalha. Se quer me ajudar, você precisa saber o que eu preciso e, se puder, me ajuda... Mas, só fazer o que e como você quer você está apenas manipulando...". Muitos de nós, em diversos momentos, deixamos nossas carências gritarem e acabamos sufocando o outro para "agradar" e ter aquela pessoa ao nosso lado. Eu vejo isso como "vampirismo". Uma relação saudável tem isso? Alguém me diga francamente: tem espaço numa relação saudável para essa loucura? Você suga do outro aquilo que você deseja e, em contrapartida, você nunca se manifesta... Quem é você, então? Quem é esse ser que não se assume para si e se esconde para os outros? 

Eu, particularmente, tenho medo de um submisso, omisso. Prefiro mil vezes quem peita e fala na lata - ainda que ofensivamente... o ideal é ser equilibrado, mas, no extremo do extremo - porque, ao menos, sei o que está falando e se mostra. Na verdade, eu prezo é pela honestidade. Mas, já deixei de frequentar um lugar pela falta de tato e educação de uma pessoa. É porque ele foi grosseiro, apenas? Não. Mas, pelo fato dele se colocar como uma pessoa "sábia" e que se trabalha tanto... que, ao ver ali um "pedaço batizado de cavalo", vi a estupidez da hipocrisia. Hipocrisia, para mim, é o oposto da honestidade. Assim, aquilo me fez cair fora. O oposto do submisso, o déspota, é tão manipulador quanto, mas, pouco se preocupa em fingir agradar.

Um casamento, por exemplo, para ser saudável - porque perfeito não existe... parta do princípio que nem nós somos perfeitos... imagina nossas relações interpessoais? - requer que abramos mãos de certas coisas - natural... toda escolha requer que a gente abra mão de algo. Quem não quer se submeter a alguns "requisitos" da vida a dois, mantenha-se solteiro. Ninguém é obrigado a se casar. Trata-se de uma escolha. Toda escolha requer mudança de hábito, de rotina e etc - e isso não quer dizer "agradar" o outro, mas, conviver-se em harmonia. Por isso que comecei o post falando sobre RESPEITO. Respeito é a base de tudo. E RESPEITO requer uma condição básica: EDUCAÇÃO. Não vou aprofundar nesse aspecto do casamento porque dá muito "pano para a manga". Para haver uma relação saudável, a submissão é incompatível. Como haver saúde num ambiente doente? A submissão é um ambiente doente. A submissão é ausência, desconhecimento do amor próprio. Amor próprio não é egoísmo, que fique claro. Egoísmo é egoísmo, é querer tudo para si e nunca respeitar a existência do outro como outro e sim, como um "algo", que você e seu desejo é o que importa e nunca quer escutar um "não", apenas dizer "não". Amor próprio é saber quem se é, amar-se e, por amar-se, ser e sempre querer ser o melhor que há em si - não para ser melhor do que outro, mas, para sempre se abrir para o que há de melhor em si - e, justamente por isso, por saber quem é, reconhecer seus limites e seus momentos de recolher para recarregar, sabe-se que todo mundo é igual e, por isso, tem a plataforma RESPEITO como base. O que eu penso é que os submissos são egoístas medrosos. Um marido, ou esposa, que só sirva para servir o cônjuge, nada faz por si, nunca se melhora, é um ser perigosíssimo. É um "Milton Waddams" tocando fogo no dia em que explode. Pior que a "culpa" é do outro que nunca correspondeu... Impossível corresponder a algo vazio e desconhecido. Um submisso é um terreno instável e infértil. Não sabe o que faz, nem porquê faz. Só faz. Não têm muito sentido na vida e precisam sugar do outro... Isso é perigoso. 

O que o submisso não entende é que ele se faz de submisso ao outro - querendo que o outro adivinhe o que ele quer... quem ele é - mas, ele, na verdade, ele é submisso a si, ao seu vazio. Ninguém o está submetendo a nada. Todos temos a opção de escolher. Todos podemos nos posicionar. Posicionar-se, entenda, não é agredir, polemizar, é saber quem se é, o que se quer e o que é capaz de fazer. Assim, você É. Posicionar-se é assumir-se e deixar claro o seu ponto de vista, defendendo-os com argumentos consistentes e coerentes. Quem nos submete é o desejo. A vontade nos liberta. O egoísmo aprisiona. O amor liberta.

Toda relação é de interesse. Nem que seja o interesse de deixar o outro livre para ser quem é e ser feliz. Como interesse, tem-se o "bom interesse" de ver o outro feliz. Cada um de nós precisa ter consciência do papel que desempenha. Servir, por exemplo, é um papel importante em todos nós e uma característica nobre, não a subserviência!

Pat Lins.

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