domingo, 16 de outubro de 2011

A BELA ADORMECIDA

Esses dias, me veio a mente esse pensamento:

"Minha alma é como A Bela Adormecida, deitada linda, serena e calmamente, a espera do momento de despertar."

Daí, pude perceber que nas histórias dos contos de fadas, tem muito mais do que simples estórias que foram pegas pela Disney e transformadas em desenhos animados; tem um chamado de resgate de nossa essência. Tem um levantamento de questões internas de nosso Eu, de nossa individualidade e de nossos entraves, desafios e da possibilidade do nosso crescimento.

Comecei a trabalhar alguns fatores meus, que vivo fugindo, para não crescer. Comecei a ver um porquê de em quase todas as histórias, os pais das princesas morrerem: dizem que a gente só cresce quando entende e aceita que nossos pais e mães são gente como a gente, pessoas com dificuldade e facilidades; forças e fraquezas; defeitos e qualidades... Pois é, a morte nas estórias, ao meu ver, tratam-se de uma metáfora para a morte dessa imagem perfeita que fazemos de tudo como se a perfeição fosse algo dado de graça e que só os nossos pais têm. E, eu vejo uma mensagem aliada a isso tudo, de que todos somos filhos do mesmo lugar, do Pai e que, sendo todos filhos do Pai Celeste e da Mãe Natureza - já que em nossas mentes, a referência da nossa realidade terrena, para ser filho tem que ter pai e mãe - somos, então, todos, pois, irmãos, numa condição mais elevada e aos olhos do Criador.

Comecei a viajar nessa idéia-pensamento. Vi que são todas jovens, belas e com um senso de justiça que só uma alma nobre pode ter - isso foi baseado na aula de uma grande professora, Hermínia. E me ocorreu que não se trata da beleza superficial, mas, sim, da beleza estética do equilíbrio, da harmonia. As princesas não morrem, elas dormem - como nós nessa vida, apenas passando um tempo, afinal, a alma, o espírito, é imortal, até serem despertas pelo beijo encantado do príncipe encantado. Esse príncipe somos nós, nossa força guerreira de lutar e ir em busca de algo que nem sabemos o que é, mas, precisamos ir: nosso chamado interno. Já reparou que o príncipe se sente no dever de ir a algum lugar e, nesse lugar, se depara com a beleza irresistível e a beija, consolidando o ato material do amor através do beijo, de encontro. Tudo o mais que acontece são as coisas que acontecem em nossas vidas. A maldade que precisamos superar na gente e que, se o outro não se esforçar para transformar em si, precisamos estar muito fortes e cheios de amor em nós para não permitirmos que essa maldade nos mate. Quantos de nós se matam em si? Quantos de nós acaba sucumbindo a gama de dor e tristeza que nos remetemos e de lá não saimos, até aceitarmos que só entendendo que só lutando conseguimos vencer? 


Ontem, uma pessoa que já é muito especial em minha vida, como professor, como exemplo de pessoa, de dirigente, falou, em meio a muitos conselhos riquíssimos, que "precisamos entender que nossa vida é esforço..." e é mesmo. A natureza vive esforços diários, regidos por uma Lei Natural que nos é desconhecida por ser divina e nós, pessoas que esquecemos que somos humanos e parte dessa mesma natureza, onde somos incapazes de aceitar que nossa razão tem uma boa razão para existir. 

É por essas e outras que nossa personalidade mais densa, mais apegada a vida material nos prende e nossa alma adormece, tal qual as princesas dos contos de fada, tal qual a Bela Adormecida. 

Em todas as religiões se fala de vida eterna, seja como reencarnação, seja como ressurreição, seja como renascimento no Reino dos Céus... Ou seja, nós não nascemos para vivermos aqui, nessa Terra, nessa matéria. Nossa liberdade está em aceitarmos que nossa luta maior é conosco, num entrave interno que só vencendo internamente estaremos livres de nós mesmos e mais próximos de nosso Eu verdadeiro e essencial. No momento do nosso encontro conosco, com nossa alma, no alinhamento entre quem somos de verdade - ou, melhor, quem somos em essência - com quem estamos, ali, sim, não haverá o mal, porque já o teremos transformado em bem. Por isso que vivo me dizendo que fazer o bem é muito mais do que não fazer o mal, é viver o bem e, agora, complemento: é aceitar o bem como parte de nós e o mal, como parte de nós que precisa ser conhecida e transformada. Não é brincadeira, nem metáfora, quando alguém nos diz que só nós somos responsáveis por nós mesmos. É bem direto. Só que, por assim ser, não gostamos de ouvir. Nosso dia a dia nos remete e nos enclausura a uma condição muito superficial, muito pautada num aqui e agora de mentira e que não nos levará a lugar algum, a não ser o que já estamos. Precisamos fazer do nosso aqui e agora algo produtivo, só assim amanhã será um hoje mais virtuoso. Afinal, fazendo de cada aqui e agora algo melhor e mais rico - no sentido de ações e pensamentos virtuosos - só se pode chegar a amanhãs mais virtuosos. Isso é matemática. Isso é exato, como a Natureza o é. A exatidão, a fórmula mágica que tanto desejamos, os milagres que tantp pedimos é resultado disso: desse alinhamento, dessa harmonia, desse equilíbrio, desse encontro com nosso Eu essencial, aquele que foi criado pelo Pai e nós desfazemos e passamos a vida inteira como se ele não existisse. Temos uma mania miserável de fingirmos que não nos conhecemos e fugimos a vida inteira da gente mesmo, por medo, sabe Deus do quê. 

Em meio a esses pensamentos, vi uma cena de novela - esses dias estou noveleira, que só... mas, engraçado é que, quando paro para ver, me deparo com cenas que levam a reflexão - onde algumas pessoas ao meu redor colocavam a cena tão bela, com uma mensagem tão rica de força e união, de transformação e de missão cumprida com integridade e nobreza, em uma cena de tristeza. Foi na novela "Morde e Assopra", que acabou semana passada, onde a personagem Dulce - brilhantemente interpretada pela Kássia Kiss e que de feia só tinha as marcas de uma vida sofrida, porque sua beleza vinha de dentro tão mais forte que o externo era apenas um reflexo de uma vida material desprovida de luxo, conforto ou facilidade - sim, voltando a cena: Dulce estava morrendo e ao seu redor, pessoas que ela ajudou a crescer com seu exemplo e caráter firme e ético. Era uma mulher digna. Todas as pessoas ao seu redor precisavam aprender algo e conseguiram. Naquele momento de dor, afinal, se tratava de uma pessoa que estava deixando essa vida, e, sim, pessoas queridas nos fazem falta, mas, dor é uma coisa, sofrimento eternizado é outra... Naquele momento, surgia uma união. Havia personagens que carregavam mágoas, que foram curadas ali, naquele instante. Daí, vi que Deus tem planos para todos nós e lição a todo instante, para que, quebrando os paradigmas impostos e engessantes dessa nossa realidade infeliz de busca pelo nada, possamos encontrar um novo caminho. Assim como Jesus precisou ser crucificado, vivendo e sentindo o ápice da dor física, moral e imoral, pudesse tocar os corações e mentes de toda humanidade para o bem, para a elevação, e, mesmo assim, só vimos o lado negativo, justamente o que ele queria que entendêssemos e crescêssemos ao transmutá-lo, só vimos e nos apegamos ao mal. Só lembramos da dor que Cristo sentiu e, hipocritamente, nos fazemos solidários ao ponto de não nos elevarmos, mas, nos apegamos, cada dia mais a dor, ao sofrimento, como algo purificador. E, quando chega uma "doida" - para os normóticos - como eu e outros e diz que entende tudo diferente, somos taxados disso e daquilo. Alguém que se dispõe estudar a Bíblia, vê, em alguma passagem, Jesus dizer: "vão e vivam a dor"? Ou, em meio a sua própria dor ele pede ao Pai que nos perdoe? E nós, nos perdoamos de nossos erros e nos voltamos para o caminho da redenção? E nós, perdoamos - melhor, nem deveríamos culpar - os outros? Que patamar é esse que nos colocamos, que não está nos lugares que tanto pregamos? Mas, voltando a cena da novela, vi que as pessoas se incomodaram e criticaram. Muita gente dizia: "nada a ver Dulce morrer". Todos nós morreremos um dia e viveremos, um dia, para sempre. E Dulce, por melhor que fosse, era uma pessoa, também acumulava dor, também acumulava amargura... por melhor que ela fosse, também tinha defeitos: orgulho, amargura... Não digo se ela estava certa ou errada, mas, que era ela. Assim como nós, por melhor que nos tornemos, sempre teremos algo mais a melhorar. NÃO SOMOS PERFEITOS! No caso da personagem fictícia, a pobreza material lhe era também de cuidado consigo. Ela mostra que por mais que amemos a um filho, só nos amando primeiro, saberemos a dose de amar os outros, sem cobrança. Ela deixou de se cuidar, de se alimentar, por "amor" ao filho. Na verdade, pode uma parte desse amor, porque, ao não se cuidar, ao não se alimentar, ela abriu portas para problemas físicos. Por mais que busquemos a nobreza do resgate de nosso Eu, nós temos a condição física que requer cuidado, sim. O certo seria tudo dividido. No dia em que ela disse para ele que bebeu o leite, porque estava fraca, ele tomou uma providência e foi comer em outro lugar. Um sinal de que na vida, tudo tem um jeito. Não o jeitinho brasileiro e malandro, mas, o jeito da lei do retorno, da lei de que toda ação tem uma reação. Você pode não se deparar com um banquete exagerado, como nós colocamos como imagem do banquete ideal, mas, o necessário. Só quando ela aprendeu que por amor ela precisava ser ela, antes de tudo, sem negligenciar ele, conseguiu tocar um coração endurecido, como o daquele filho ingrato e sem bom caráter. Veja, mesmo tendo sido criado por uma mãe de exceçente caráter, ele não desenvolveu o seu, pelo contrário, tirava proveito, não do bom caratismo da mãe, mas, da ingenuidade e do sentimento doentio daquela mulher que se culpava e atormentava com as amarguras da dureza da vida e cobria o filho com o que não tinha. Ou seja, não foi construída uma base sólida. Isso não é um crítica, mas, uma constatação, afinal, era o que o autor queria que refletíssemos. E, mesmo com idade avançada e pouca formação educacional, essa mulher mostrou que sempre temos algo a aprender e aprendeu com os próprios erros, mostrando que a maioria das coisas para a boa formação de caráter não está nos livros acadêmicos e sim, no livro da vida.

A gente esquece que o que precisamos é o necessário. Para quê? Para cumprirmos nossa missão. O justo. Se a gente não sabe o que quer, não sabe o que buscar e vive em busca dessas imagens ideais e surreais que nunca serão encontradas e que não estão nelas a plenitude do nosso ser, nunca iremos nos encontrar. Não é para vender tudo que tem, ou dar... é saber como usar o que se tem para não faltar, nem exceder. O equilíbrio. Daí, vi porque essas pessoas se doeram tanto com a cena da morte da Dulce e eu só via uma bela lição. Porque, ali, vi do que estou embebida: de busca, de querer abrir meus caminhos, de seguir esse caminho que me levará a esse reencontro comigo e com o ideal maior de fraternidade, para o qual o Pai nos enviou. Para que nos encontremos e nos unamos aos nossos irmãos, uns ajudando aos outros. Onde um desequilibrar, que o outro ajude e por aí vai. Não um melhor do que o outro, mas, todos iguais, com problemas e fraquezas diferentes, bem como forças e soluções.


 Pois é, que meu indivíduo seja mais forte, a cada dia que minha personalidade e que assuma o domínio desses meus pequenos eus para que meu Eu essencial seja dominante, afinal, todo Eu é bom, é belo e é justo. Para isso, esforço diário, ritmo, determinação, consciência, disciplina, dever, respeito as leis, a ordem. Nossa vida é um ensaio. Tudo para nos preparamos para o grande espetáculo eterno que está por vir. Sejamos pois, façamos, pois, o melhor, sempre e a cada instante. Sem dor, sem culpa, porque só começou agora, mas, feliz, por ter começado!

Pat Lins.

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