"O céu é duro ou mole? Tem gente chata no céu? O que é gente chata...?"
(Vovó Lulu)
(Vovó Lulu)
Nossa criança interior vai entender as falas acima, com certeza! Quem de nós, na infância, nunca teve esse tipo de curiosidade? E, hoje, me pergunto: o ambiente em que vivemos, atualmente, é duro ou mole? Tem gente chata aqui na Terra? O que é gente chata, senão um estigma limitante?
"Vovó Lulu" é um ESPETÁCULO teatral. Melhor: uma poesia teatral. Ainda melhor: nossas inquietações teatralizadas, no palco, ali, bem diante de nós. Muito melhor: eu me olhando no espelho, hoje e continuando daqui a alguns tempos... assim espero.
Durante o espetáculo - devo repetir essa palavra umas duzentas vezes e, ainda assim, não descreverá o impacto positivo e a boa emoção que Maria Prado de Oliveira, Aline Moreira, as luzes - "bacana" - a iluminação impecável, o cenário harmonioso, o som limpo, as pedras no cenário, o piso, as cortinas pretas, o teatro... o todo que foi formado por essa equipe - uma frase me veio, num resumo bem tosco e limitado pelas palavras: "nossa busca pela felicidade não pode deixar de existir por conta das desilusões!".
O tempo não nos escraviza, apenas a nossa condição mental e nossa relação emocional com ele.
"Vovó Lulu", dentro desse vasto Universo, ainda consegue escutar O desejo de continuar a, SIM, fazer escolhas e seguir o caminho que melhor lhe convier. Ela é motivante! O caminho das pedras não é apenas uma reta, uma quantidade de passos ou uma direção determinada por uma arquétipo falido e insistente, que nos arrasta, acorrentados na prisão de amargura e, me permita um semi plágio, por uma religiosidade estéril! É o expandir o círculo para o além daqui, mas ao aqui guiados pela nossa consciência, pelo AMOR, pela VERDADE, pela VIDA - aí sim, está o Divino! Deus.
Somos criadores e criaturas da Vida. Somos parceiros do Tempo. Somos luzeszinhas ínfimas e minúsculas dentro de um Universo vasto e infinito. Somos mais do que os círculos que nos fechamos num vício ritmado e repetitivo de nada. Somente quando nos dermos conta da força dessa partícula - mínima apenas em tamanho - na imensidão do infinito cósmico universal que somos, aí sim, somaremos com outras tantas outras pequenas luzes e comporemos o Todo, chegando a Deus - o Criador, não a criatura que foi criada e deturpada à imagem e semelhança de nós mesmos e dos nossos defeitos e limitações humanas. Sentir brilhar a Luz que vem do peito, de cada poro, de cada célula, de cada átomo, de cada parte de nós é estar integrado à Luz Divina, ao Todo, à Deus, revelando um processo de iluminação de dentro para fora, podendo ser fortalecido de fora para dentro!
Espetáculo e vida da bailarina Aline Moreira. Foto: Adenor Gondin |
A ruptura com essa velharia de vazio e superficialidade que vivemos é que nos permitirá ter a sabedoria de juventudes acumuladas e de, mesmo que o corpo não aguente mais, não tenha mais a mesma flexibilidade, agilidade e capacidade de movimentar, a alma pulsa, dança e nos diz: "eu sou livre, mesmo que você esteja aí, presa nesse corpo. Eu posso dançar e cantar, porque minha voz, minha mobilidade é algo que o ser humano ainda não tem referência...".
Será que seremos capazes de romper com a arrogância, a inveja e outros sentimentos restritivos e negativos? Será que conseguimos nos libertar? Só assim, vendo e conhecendo cada sombra que temos e fazemos, podemos nos auto iluminar: acionando a força suprema do AMOR. Aí, sim, seremos e viveremos a loucura saudável de transgredir! Até então, somos apenas... apenas... apenas... o apenas.
Será que conseguiremos deixar UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES NESSE MUNDO, começando por nós? Será que conseguiremos sentar no banquinho deixado pela "Vovó Lulu", bem ali, onde a sua luzinha se eternizou? Será que atingiremos esse ponto no tempo da continuidade e da passagem sadia, questionando e exigindo o melhor - porque sim, nós precisamos saber que merecemos! - até o último instante, apesar de nem sabermos quando será?
Tantos serás, que me pergunto: será que conseguiremos parar de falar e agir? Não aceito a luz parada, apenas a luz da ação, da troca, do entendimento de co-criação! Só assim podemos romper o círculo vicioso e seguiremos os círculos virtuosos e infinitos do infinito.
Nada mais velho do que essas coisas ruins que estão aí: preconceito, intriga, inveja, arrogância! Vaidades vazias, sem estética do belo, bom e justo!
Vale a pena assistir e se deixar tocar pelo texto, pelo diálogo com nossas inquietações!
Parabéns a Maria Prado de Oliveira pelo belíssimo trabalho - ou belíssimos trabalhos de texto, produção e criação de todo esse projeto! Parabéns à equipe toda! Aline Moreira, você nos faz querer dançar junto e nos lembra o quanto estamos esquecidos de, simplesmente, dançar a dança da Vida: o movimentar, sentir a alma! Tudo muito bem feito. Cenário, iluminação, sonoplastia, trilha sonora - que repertório "bacana, bacana!". Enfim, um trabalho com muita qualidade em cada detalhe. Um ESPETÁCULO!
ASSISTA! ASSISTA! ASSISTA!
"Vovó Lulu", sua bênção!
Pat Lins.
Todas as vezes que assisto me emociono como se fosse a primeira vez, sempre tem algo diferente, seja no texto ou na coreografia que nos prende e mostra o quento podemos aprender com Vovó Lulu. Sempre saio com um gostinho de quero mais.
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog!
Obrigada! Realmente, uma mensagem muito bela.
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