quinta-feira, 10 de novembro de 2011

VIOLÊNCIA NOSSA DE CADA DIA - onde começa, mesmo?

Vivo me questionando sobre onde e quando essa violência e esse grau de intolerância começou a se firmar como padrão "normal" de comportamento.

Nossa, parece que ser agressivo passou a ser "a onda" da vez. Como se fosse uma demonstração de força e poder - bom, não deixa de ser uma demonstração de força, bruta, animal e irracional, mas, força. 

O pior é que vem sendo "legitimado" pelos próprios pais, parentes, amigos... os adultos estão reforçando essa situação, enaltecendo os "filhos" agessivos e violentos como "bravos", "guerreiros", "corajosos", "poderosos", "vigorosos". Vejo isso de perto. Vejo e escuto pais, mães, tios, tias... falando: "isso mermo, melhor você batendo do que apanhando..." ou "tem que ser esperto" ou "esse é meu filho!". ABSURDO!

Não estou dizendo que a criação da violência seja essa, afinal, a violência faz parte do ser humano. Meu filho, hoje com 5 anos, passou uma fase agressiva e batia nos colegas. A diferença é que nunca enalteci isso nele, nem me sentia "feliz" por meu filho ser o "valentão", pelo contrário, converso com ele e o levo a refletir com ações. Isso não tira a violência que já existe nele, como em mim e em qualquer ser humano, que nada mais é do que nossos resquícios animais, mas, trabalha o domínio da razão. Essa é a questão. Uma boa formação de caráter, creio eu, fará com que ele domine essa violência e canalize para o local correto. Precisamos de doses dessa agressividade para superarmos nossos obstáculos, não empurrar em cima de ninguém.

Mas, o que me levou a escrever esse pots foi uma coisa que vi no orkut. Um menino derrubando o outro, pelas costas - se pela frente já é algo inadimissível, pelas costas ainda é pior - com uma cadeirada. O jovem que divulgou a imagem, colocou como se aquilo fosse uma maravilha, com legenda de briguinha de time, como algo engraçado. Muita gente vai dizer: "mas, que bobagem, não é ele que está fazendo. Isso é coisa de quem estuda demais, vê problema em tudo..." Sei que vão pensar assim por se tratarem de pessoas que nem dão valor a estudo, nem a moral, muito menos a boa conduta. São pessoas que gosto muito, mas, convivo pouco, por uma questão de incompatibilidade ética e moral. Afinal, aceitar as pessoas não quer dizer que tenhamos que ser como elas e, muito menos, conviver de perto. É meio complicado conviver e ter algo a conversar, trocar ou interagir com pessoas brutas e que fazem questão de assim se manter - porque evoluir, crescer, ser mais do que se é, como pessoa, dá trabalho... e o trabalho de ser bruto é muito menor.

Fiquei chocada! A gente vê jovens se matando e destruindo por tão pouco. No trânsito, as pessoas andam como se apenas elas fossem importantes. O que mais me choca é que conheço pessoas assim, que acham que todo mundo - e leia-se TODO MUNDO - que estiver a sua frente os está atrapalhando, porque tratam-se, segundo essas pessoas de "um bando de barbeiro". Tudo deturpado. Ontem, por exemplo, estávamos no carro, debaixo de forte chuva, à noite, numa rua com dois cruzamentos e um carro grudado em nosso fundo - sendo que a nossa frente, outros tantos carros. O da frente freou, lógico, nós, também. O carro que estava atrás, estava tão grudado que só não bateu porque Deus não deixou, só pode. Esse "bendito" motorista disparou a buzinar, como se nós estivéssemos errados. Parei, até, para refletir: "é, devemos estar errados, mesmo, por ter freado e não ter batido no da frente". Oh, diante dos absurdos que vemos, estar certo está em desuso. Estar certo passou a ser coisa de "otário", "babaca" e afins. Nossa, como sou babaca, então. Imagine, se eu começar a agir de maneira errada só e somente só com o argumento de que todo mundo é assim mesmo. E onde está a responsabilidade nossa de cada dia? 

Responsabilidade. Respeito a si e ao outro. Respeito às diferenças. Tudo isso passou a ser tema de debates teóricos e desenvolvimento de teses e teses que tentam comprovar a origem desses fatos individuais e sociais. Eu penso que devemos nos voltar um pouco mais para as soluções. Para medidas de combate a esse terror, esse caos. Cada um pode colaborar. Eu, fiz um simples comentário para o referido jovem - que citei anteriormente - que estava chocada com aquele vídeo. Não pela legenda de briguinha entre times - o que, em proporções de intolerância, denotam essa falta de respeito ao outro e às diferenças, apresentando uma ausência do que vem a ser bom caráter - mas, pela apologia à violência gratuita. Uma briga, para mim, já se trata de irracionalidade, imagina por motivos fúteis. Pessoas com menets vazias e sem um ideal de vida vive assim, vagando pelo mundo pregando o que não presta e vai procurar se envolver com pessoas do mesmo nível - ou desnível. Por uma necessidade de aceitação no grupo, esses jovens são capazes de transformar o mundo nisso que vivemos hoje e o futuro só pode ser algo bem pior. Não há um amanhã diferente do que é hoje se, hoje, não fizermos algo melhor - e bom. Esse jovem encontra o apoio dos pais na omissão, na ausência de diálogo, de estar junto. Falta cumplicidade entre muitos pais e filhos e, em geral, isso se dá nessas classes sociais - não me refiro, nem limito à econômica... existe muita gente pobre com caráter e rico sem, bem como vice versa... a questão aqui é o grupo social - onde não há senso crítico desenvolvido - e entenda-se por senso crítico o bom senso, a inteligência desenvolvida, que é diferente de intelectualismo, a capcidade de pensar, refletir, questionar e agir de maneira íntegra, com sabedoria, não falar mal dos outros, como se é entendido por crítica. As pessoas se permitem ser rudes e pequenas e não se incomodam com isso porque, quem está ao seu lado assim também o é e para quê ser diferente? Para ser chato? Para eles e como dizem: antissocial. Tudo deturpado. Eles são os antissociais. Não sabem - e isso não é preciso ir a faculdade para saber... educação moral se aprende desde que nascem quando se tem. Faculdade é meramente voltado para a formação profissional, que fique claro isso - que ser social é saber ser quem é e respeitar que o outro é diferente. Isso não é um exercício fácil para quem se esforça para ser alguém melhor, imagine para alguém que ache que ser melhor é ser melhor do que fulano, beltrano ou cicrano?! Quando falo em ser melhor, é ser o melhor que há em mim a cada dia. 

Se todo mundo levasse a sério que se eu dou o meu melhor, você der o seu melhor, todos receberemos o que há de melhor em cada um e assim, os bons valores poderão voltar serem vividos e essas cultura de antivalores poderá deixar de existir. Lealdade, companheirismo, confiança, honestidade, verdade... isso liberta. Isso não quer dizer ser ingênuo ou crédulo demais, mas, simplesmente, pessoas de bom caráter e isso dá firmeza, segurança e nobreza a qualquer ser humano. Não se pode ser valoroso, virtuoso sem viver e saber o que é virtude.

Me entristece não poder fazer por essas pessoas nada, além de me firmar em meu propósito. Me entristece ver que essas pessoas não fazem a mínima questão de ser melhor. Se limitam a jogar a culpa no outro em vez de assumir sua responsabilidade em ser ator de sua própria vida. Todo mundo se acha diferente, único, sendo igual no que há de pior. Me entristece ver pessoas tão próximas e tão diferentes do que vivo e de como vivo. Tem gente que associa ser uma pessoa melhor ao que não tem, tipo: "eu estou cheio de problemas, não tenho tempo para ficar pensando nessas besteiras...". Não ter tempo para pensar "nessas besteiras" quer dizer em si e em se tornar alguém melhor. Aliás, se tornar alguém melhor só quando vale a pena em contrapartida financeira, ou seja, quando se vai ganhar dinheiro ou algumas vantagens. Uma pessoa só é "digna" de "honrada" se souber fazer fortuna. Agora, me diga, você acha que pessoas desse tipo, com ou sem dinheiro, são diferente? Olha, já cansei até de tentar refletir mais sobre isso. Pessoas que seguem tendências desastrosas e se afirmam originais, copiando e seguindo o que é determinado sabe-se lá por quem e seguido por todos... Tá, se for ligado a moda de vestuário, comida, tudo bem, mas, em propagar a violência por modismo é o fim! 

Só para concluir, guerreiro é completamente diferente de galo de briga; força é algo necessário para se empreender uma mudança - de preferência positiva; coragem é ter consciência do medo e não paralisar por conta dele, mas, ir em frente, sem perder a noção do limite da própria força. Poder é algo que precisa ser exercido com justiça e sabedoria. Violência, intolerância, falta de respeito é apenas burrice e falta de inteligência, de racionalidade. Pessoas brutas, grosseiras são assim: violentas e a única linguagem que se fala e entende é a de um "soco no meio das fuças". O que eu chamo de ser, simplesmente, baixo astral! 

Vamos preencher esse vazio com coisas boas, só assim o saco não vai ficar cheio. Nunca vi tanta gente que anda de "saco cheio" de coisas vazias tão pesadas. AAAfff!

Vamos dar a nós mesmos a oportunidade de sermos melhor do que o vazio que alimentamos; vamos mudar, crescer e permitir que nossos jovens tenham nossos exemplos. A esperança se faz hoje, para, amanhã poder ser melhor. 

Pat Lins.

Um comentário:

  1. Oi, Pat. Você como sempre posta artigos que contribuem para a humanização do homem. Continue assim, querida, a vida agradece. Agora vou colocar este comentário no facebook. Beijo

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