sábado, 6 de abril de 2013

GUERRA SANTA OU INTERESSE POLÍTICO?


Para mim, respeitar  liberdade é, mesmo entendendo que o outro é como é, e que eu seja como sou e não sou como o outro é - desde que não invadam roube, mate, machuque, "desmoralize" (e aqui cabe outra ressalva: desmoralizar não é tocar no melindre do outro... isso é reação individual) - para mim isso é respeitar. 

A polêmica em torno de Marco Feliciano e a comunidade LGBTT não é religiosa... é pela discriminação que ele faz. Onde se há discriminação, há tendência... e opção religiosa é de cada um. 

Não creio poder haver vínculo entre opção religiosa e política. Outro pastor, mais sereno, sensato e, mesmo que discorde dessa realidade, teria mais bom senso para lidar... 

A grande questão é que ele assume um lugar que deve lutar para que os direito naturais do ser humano prevaleça e, aí, cabe-se respeitar a orientação sexual de cada um, sim, e a opção religiosa de cada um, sim. 

Eu não sou gay, não sigo religião, mas faço minha parte... me senti incomodada com ele como presidente da comissão de Direitos Humanos porque o vi como qualquer outro político - dessa maneira deturpada que se chamam os políticos, em vez de dirigentes da polis, um verdadeiro guia e condutor da comunidade - com interesses próprios, justamente numa comissão onde se luta para que as pessoas sejam respeitadas pela sua condição humana, não por suas orientações sexuais, opções religiosas. Do mesmo jeito que não aceitaria um padre, um espírita, um pai de santo, um budista, um ancião, um rabino... radical e ortodoxo. O País laico concede essa "liberdade" entre o que UMA religião pensa, prega e segue e a vida de TODOS os outros que não vêem sentido naquela determinada religião. Acredito em Deus, não estou discutindo religião, muito menos denegrindo os evangélicos. Conheço várias pessoas e de diversos tipos e me encanto com cada uma delas pelo coração que têm. Conheço, convivo e amo amigos que tenho e se fosse brecá-los por tabu ou por opção religiosa, não teria a liberdade de amar livremente e sem julgar suas escolhas. Dentre esses amigos mais próximos, alguns seguem algumas religiões, doutrinas como Batista, Católica, Judaismo, Candomblé, Espiritismo, Budismo, Testemunha de Jeová, Adventista. Eu amo cada, pela pessoa que é, pelas pessoas que são. Já fui conhecer as suas religiões, não para praticá-las - como alguns tinham a intenção no convite - mas para estar junto, em alguma cerimônia importante para eles e, sendo importante para eles, é para mim e, se der para eu ir, eu vou - como já fui em algumas. O interessante é que todas se dizem as certas - nenhuma escapa disso - e cada uma tem lá suas verdades compatíveis com A Verdade Universal - aquela que Jesus nos deixou e que religião alguma prega com o desprendimento que Ele teve, como não julgar, nem condenar e amar ao outro como a si - e isso inclui respeito, pois se eu quero ser respeitado pela minha escolha religiosa, preciso respeitar a do outro. 

Conheci padres chatos de dar dó e humanamente problemáticos, como outros que são seres humanos iluminados e cheios de amor! Conheci pastores iluminados e cheios de amor, como outros chatos e humanamente necessitando de terapia para se buscar e se melhorarem. Conheci filhos de santo muito mais cristãos em suas atitudes e respeito ao outro do que muitos pregadores sem fé, por aí, bem como uns radicais e cegos. Espíritas, então, que agora está na moda, já perdi as contas. Cheguei a conhecer - como já falei em outros posts, se a gente quer saber como é, tem que ir e ver - alguns centros espíritas e vi a diferença entre os que fazem pela afinidade com a doutrina de Kardec e os que fazem por modismo ou para ocupar o tempo - este tipo de "religioso", vi em TODAS  as religiões: "fiéis" que não dão conta da solidão de suas almas e adentram numa religião para tapar os buracos em si. 

Gente, toda religião está certa e toda religião está errada... somos todos humanos e quem as conduz, também o é. Jesus, sim, era um homem santo, era um humano não humano, enviado por Deus para nos mostrar em corpo humano e falar a nossa linguagem. Nem assim entendemos e hoje, olha a guerra que está. Aliás, desde o Seu nascimento é assim... Ele foi quem mais conviveu com essa prática do egoísmo, sendo vítima da pequenez humana. O mais interessante é que Ele sabia disso e veio para cumprir o Seu destino de dar o sangue por nós, num movimento simbólico e profundo de nos libertar de nós mesmos e do desapego à carne, porque somos todos seres divinos e a vida eterna é o nosso verdadeiro Tempo.

Essa é a questão do incômodo em ver o Marco Feliciano, não pela sua escolha religiosa, mas pela sua conduta pessoal e seus próprios preconceitos. Por isso temo o cerceio aos direitos naturais de cada um ser quem se é e ser responsável pelas suas escolhas. Se estamos sendo "julgados" pelo Pai, Ele é o juíz, não nós, humanos e imperfeitos que julgamos uma falha do outro ali e cometemos as nossas aqui...

Não o vejo como esse homem de fogo, nem iluminado, nem diferente dos outros políticos que seguem sem imparcialidade seus órgãos. Um político deveria ser, pela concepção da sua palavra, um ser mais evoluído, mais sábio e com isso, menos duro, menos tenso e menos preconceituoso. É o preconceito radical em forma desrespeito que repudia, não o fato dele, simplesmente, não gostar. 

Não se trata de gostos pessoais ou propagação de determinada crença religiosa, se trata de mais um político com caráter comprometido pelas próprias crenças pessoais.

Nada tenho contra as religiões, desde que fiquemos na base do respeito às diferenças. Por não seguí-las, me sinto mais livre para ver todas de fora e ver que são muito mais parecidas - quando radicais e fechadas - entre si do que imaginam. Nada tenho contra o Marco Feliciano ser pastor ou não... O que me incomoda nele são suas posturas assumidas e seu desejo de IMPOR essa visão...

Portanto, não se trata de guerra religiosa, nem de homens que se levantam para salvar a humanidade... Quem já leu a Bíblia TODA e se deixou tocar pelo livro muito bem escrito por homens que é, não vê, em passagem alguma, Jesus dar esse exemplo de atitude. Fora a consideração à cultura e costumes de cada época. Todo mundo é capaz de reconhecer a luz no outro, quando há... e é a essa visão crítica que me refiro, a capacidade de ver além daquilo que limita: esse homem, ele tem o equilíbrio necessário, sejam em suas colocações, sejam em seu comportamento, de presidir uma comissão que luta pelo RESPEITO a IGUALDADE de DIREITOS E DEVERES de CADA CIDADÃO, com suas escolhas e suas orientações sexuais? 

Reflitamos de maneira mais séria, não levados pela própria condição, mas pelo que seria bom para todos. Como é impossível um bom para todos, que seja bom para todos terem seus espaços permitidos - exceto o mundo do crime.

Em alguns momentos, o envolvimento emocional puro radicaliza a alma e nos tornamos cegos por não permitirmos nada mais além do que nos conforta... O respeito, na prática, tira do lugar comum e nos obriga a mexer, a quebrar paradigmas engessados. É preciso ter uma base moral firme, e saber muito de si para poder respeitar o outro como o outro é - desde que não se tarte de um bandido... até esses, merecem um pouco de compreensão e nosso sistema não colabora em nada para recuperação dessas pessoas doentes e que seguem um mundo de terror e aterrorizando, mas isso fica para um outro post mais voltado para esse asssunto.

E aí fica a minha pergunta: trata-se de uma Guerra Santa ou puro interesse político?

Pat Lins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário/participação. Obrigada, pela visita! Volte sempre!

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails