Recentemente, tenho escutado muito: "eu sou intenso(a)!" ou "eu sou muito racional!". E isso me despertou uma curiosidade: será que as pessoas - que sabem que são assim -, se acham melhores porque são extremistas e usam apenas uma parte do que trazem em si?
As pessoas "intensas" demais são, em demasia, emoção pura e unicamente. Os "racionais" demais, são em demasia, a frieza e objetividade nua e crua. Sendo que na vida é necessária uma dose de emoção e outra, na mesma proporção, de razão.
O equilíbrio, eu vejo - porque ainda estou muito longe dele... - não é manter-se parado em um pólo, é estar em movimento usando o que é necessário, quando necessário. Imagine um equilibrista parado a vida toda? Não progride, não evolui, permanece inerte, sem rumo, sem movimento, sem beleza, sem vida. A graça do equilibrista, seu caminho, é de equilibrar-se - desequilibra, equilibra; desequilibra, equilibra e assim vai, mantendo-se e evoluindo. Assim são as pessoas que conheço e identifico - ou as defino - como equilibradas. Mesmo elas, têm seus pontos de desequilíbrio. O lance é que essas pessoas usam a força necessária, identificam suas necessidades e suas falhas e seguem se ajustando com consciência, sem frieza, mas, com desprendimento; sem melindre, ou emoção demais, mas, com serenidade. E seguem, se equilibrando em suas vidas.
O que eu penso é o seguinte: a emoção é a força vital, a energia propulsora, que dá a força motora. É daí que vem o fogo do foguete, a explosão. A razão, como vejo, é o guia, o condutor, ele é que segue as coordenadas para que o foguete alcance o objetivo, é ele que tem a capacidade de entender que existe um sentido e nos guia para alcançá-lo. A emoção nos diz que sente que esse sentido tem sentido e nos dá a força vibrante que vamos chegar lá. Devem agir juntos em harmonia. É aí que os extremistas "pecam": só usam um lado e, por isso, ou não têm força vital para chegar lá, com a capacidade de superar os obstáculos com mais vontade ou, não têm senso de direção e, portanto, nem sabem onde chegar.
Ambos são desgastantes, cansativos, porque exercem a intensidade da superficialidade, e, sendo superficiais, gravitam numa órbita rasinha, sem alcançar a verdadeira dimensão de quem são e, com isso, tendem a estarem se auto-afirmando o tempo inteiro. Só que, para se auto-afirmarem, infelizmente, precisam descarregar em outrem, pois, não têm espaço em si - apesar de julgarem-se intensos, são, ambos, rasos, superficiais - para se caberem. Para que caibamos em nós, precisamos abrir os espaços, em nós! Assim, essas pessoas - tanto as demasiadamente emocionais, quanto as demasiadamente racionais - sugam ou a racionalidade do outro ou a vitalidade do outro. Sugam aquilo que não desenvolvem, para tentar se colocar em busca daquele tal do sentido da vida, que apenas o equilíbrio das polaridades pode conduzir. Os "emoção demais" são otimistas ao extremos, o que os deixam vulneráveis às catástrofes naturais da vida; os "razão demais" são pessimistas ao extremo o que os deixam vulneráveis diante das oportunidades simples e evidentes, acabam desconfiando tanto que deixam passar. Até para ligarmos nossas lâmpadas, as forças positivas e negativas devem estar em equilíbrio. Tudo tem um ponto neutro. A paz está aí, na harmonia das nossas polaridades.
Nem o ceticismo, muito menos a credulidade cega, é capaz de levar-nos a nós mesmos, à nossa essência, que é o caminho que tanto buscamos. Ou, alguém acredita que vamos seguindo a vida em busca de encontrar o outro, a tal "cara metade"? Nossa vida só faz sentido se encontrarmos a nossa metade de nós mesmos e, inteiros, podemos nos unir ao outro, que juntos, seguiremos a Vida, ajustando aquilo que só fará sentido juntos.
É assim que penso. Eu, como me vejo, sou tanto emocional, quanto racional, entretanto, o desequilíbrio consiste em não saber acessá-las nas horas certas e inverto... E, por isso, convivo e interajo com todo tipo de pessoas, entendendo o que dizem e fazendo-me ser entendida. Têm os que me descrevem como sensata, os que me descrevem como emotiva, os que me descrevem como fria... tem de tudo! Essas pessoas se deparam com partes de mim e julgam o meu todo. Natural. Esse é o meu desequilíbrio: usar a explosão no comando e a orientação fica solta, dentro de mim, parada no canal da explosão. Ao menos, não sou extremista, polarizada. Preciso ajustar o desajuste que me coloquei e me reencontrar comigo, retomando meu caminho a mim. Aos poucos, entendendo essa questão e, um dia, assimilo, internalizo, me alcanço e dou a virada que tanto almejo. Não sem base. Não sem esforço. Não sem cair. Não sem levantar. Não me privando de sentir minhas emoções. Não me privando de racionalizá-las e administrá-las. Não sem me conhecer, me permitir, me conceber. A Vida requer esse jogo de cintura, mas, também, das pernas, dos braços e da cabeça.Preciso sair da inversão das forças.
Esse assunto não se esgota aqui, no que penso, no que me determino a viver... ele faz parte do meu dia a dia, da continuidade, da sequência, das paradas, das "mudadas", das "seguidas", da minha vida!
Só plantando e construindo nossa felicidade ela terá espaço para Ser. Sejamos, pois, mais abertos, para que caibamos em nós mesmos, não sugando dos outros o que é dos outros. Já é tão puxado e cansativo lidar com nosso próprio caminho, com nossa própria construção, imagine gastar nossas reservas com os desajustados de plantão? Troca é uma coisa, sugar é outra... Para piorar, os sugadores não dão tempo e espaço para que reponhamos as forças. Por isso, tomo muito cuidado com os extremistas. Deles, como não encontrei meu ponto de equilíbrio, mantenho a DS - "distância saudável". Eles sugam sem dó e nunca estão saciados. Sentem-se ofendidos quando recusamos alimentá-los e se magoam. Seja de qual extremos for: os melindrosos, fazem uma chantagem emocional pesada - "o que é que custa, só estou te sugando um pouquinho..."; os racionais ao extremo, usam de palavras pesadas, secas e frias para atingir - "isso é bem característico de pessoas fracas...". Ambos tentam atacar o lado emocional do ser sugado, porque sabem que a força vital brota dali, da emoção - tanto que os animais são apenas emocionais (como acreditamos e/ou nos ensinaram). A força da razão é uma força fria, tanto que os robôs são apenas pragmáticos e, sem a energia vital nada são. O ser humano tem a capacidade de encontrar-se com o equilíbrio, porque traz as duas características.
Vamos nos auto avaliarmos, com honestidade, sem medo de nós mesmos e sem dizer: "eu já faço isso". Não é toda hora, tem o momento certo. Me falta essa disciplina de parar, sentar e meditar o equilíbrio das minhas forças. Nem zen, nem cético... apenas, concentrar num ponto, sem deixar de ver as extremidades - concentração e atenção. Viver é ajustar-se e, para isso, precisamos ter as forças certas nos lugares certos, nas horas certas. Chega do discurso vago do "complexo de Gabriela", até ela teve que mudar com o tempo. Nem idiota, nem esperto, apenas, humano, honesto e sincero. Com educação e cordialidade. Com respeito. Já percebeu que RESPEITO e COMPREENSÃO acaba sendo a base para tudo, até para o amor ser plantado e germinar? Compreendendo que equilíbrio é harmonia das forças, temos a capacidade de fazer esse ajuste, porque já o teremos identificado. Respeitando que cada força tem sua característica própria e importância, compreendemos que juntas movem o mundo e dão sentido à Vida, deixa Tempo guiar e sigamos, nos alimentando de amor verdadeiro, não de posse, ciúme, apego ou vaidade, como fazemos.
Ufa! Cansei. Esse assunto me sugou muito. Escrevi com um pouco de raiva, por conta de uma criatura sugadora de vitalidade alheia que se coloca como vítima, dizendo que os outros a sugam... Essa coitada, é tão rasa e vazia que vai dar trabalho a própria Vida para se encontrar... nem base de identidade tem... Olha, isso não é perseguição pessoal, não, mas, tem gente que só nascendo de novo! Essas pessoas podem se olhar no espelho e nunca se verão, porque nem sabem quem são... mas, nunca deixam de agir e suas ações dependem de atacar. Ouvir um "não" para essas pessoas é um start de loucura. Viram bichos - sem ofender os bichinhos - famintos que precisam sugar logo tudo.
Eu estou sem reservas ultimamente, porque precisei de mim mesma para acreditar e me permitir uma certa mudança em minha vida. Agora, preciso me recarregar. Nessa fase, fecho o cerco, mesmo, usando as reservas para esses casos, para me proteger. É mole, ter que ter um fundo de reserva para proteger o próprio espaço? Um invasor nunca respeita a delimitação de espaço alheio. O detalhe: eu não cedo, mantenho o "proibido ultrapassar" e os ataques continuam. Como estou desgastada, algumas bombas me atingem. Ou seja, tenho que me fortalecer em mim. Não adianta empunhar armas, a única arma que precisamos é sabermos qual o nosso espaço, porque, depois disso, ela pode jogar uma bomba atômica que sobreviverei. Será esse o segredo das baratas? ...
Beijos,
Pat Lins.