terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TUDO DEPENDE DE COMO A GENTE SE VÊ

Faz tempo que venho refletindo: compreender pode custar muito caro. Será? Explico: alguém já se deparou com uma situação onde um outro alguém apronta uma e, quando confrontado(a) clama a bendita "compreensão" de sua parte? E essa compreensão que a pessoa requisita quer dizer: "entenda eu sou assim". Minha pergunta vai para o fato de, seu eu recusar entrar no jogo e disser: "eu compreendo, mas, não admito que faça isso comigo" estarei sendo cruel?

Por que todo ser aprontador apela para ser compreendido, quando, ele mesmo, além de não se compreender, é incapaz de compreender o outro? Será que acham que eu sou uma pessoa que está acima disso? Por que essas pessoas sempre entram por esse viés?

O interessante é que quando a gente compreende que a pessoa está fora de si, dá para diluir a raiva. A gente precisa começar a se ajudar e não entrar numa de justiceiro e orgulhoso, entrando no jogo. O fato de compreender não quer dizer acatar, muito menos concordar ou estimular. Compreender faz com que a gente não alimente um veneninho barato e acessível a todos nós, também conhecido por um nome genérico, através do seu princípio ativo que é a "raiva". Pois é! Nós "crescemos" - aliás, os anos passam e nós nele - justificando cada raiva como algo legítimo, afinal, toda raiva nos diz que NÓS ESTAMOS CERTOS E O OUTRO ERRADO: JUSTIÇA, SEJA FEITA. É ou não é? Difícil, quase impossível, se conter diante de uma injustiça, ainda mais se o injustiçado for EU. É difícil conter a cólera quando alguém invade nosso espaço... eu bem sei disso. Agora, agir como se eu fosse perfeita e condenar - como fiz minha vida inteira - o outro me faz ser melhor? Não se trata de deixar que a pessoa invada, detone ou algo parecido, com minha vida, entretanto, o COMO reajo mostra muito de COMO SOU, ou ESTOU... ou ainda QUEM SOU. Existe um QUEM SOU mais evoluído em cada um de nós, ávido por sair e assumir o lugar para que, enfim, sejamos quem somos em essência. 

Numa conversa interessante com uma amiga, mudei todo esse post. Estava condenando e julgando - fazendo "justiça" - uma pessoa que tentou invadir meu espaço com sua loucura. Pois, após conversar com Noemia, numa conversa sobre outro assunto, outra pessoa - inclusive eu nem participei a ela esse episódio intenso que vivi - ela me disse a frase que me fez não só refletir, como permitir-me mudar minha ótica: "eu compreendo e aceito o erro nas pessoas porque eu sei que eu erro, também. Não sei por que as pessoas têm tanto medo em assumir seus erros?". Isso é o que a compreensão quer de nós, que a usemos na prática. Me toquei de que a pessoa não invadiu o espaço, mas, nem havia me tocado. Eu quase permiti que ela entrasse, abrindo eu mesma as portas, quando quase entrei no jogo, exigindo "justiça" e com orgulho ferido diante de tanta calúnia e desequilíbrio. Estava "preocupada" com a imagem e a reputação das pessoas envolvidas - onde me incluía. Estava mais preocupada com o fato da destrambelhada da pessoa sair falando as atrocidades que inventou - só para resumir, a pessoa recebeu uma cobrança que já havia pago. Em vez de ir no órgão resolver e apresentar o comprovante de pagamento, queria que meu marido pagasse, juntamente com ela e outra pessoa. O detalhe: perdeu o comprovante. Se sentiu injustiçada e estava muito agressiva, querendo que alguém pagasse com ela, ao invés de resolver procurando o bendito comprovante... mas, deixa para lá - e eu preocupada com os nomes envolvidos. Em minha cabeça era loucura da parte dela, e ninguém conseguia acessar uma conversa, sequer para tentar orientá-la... Resultado, ia eu permitindo que a cólera começasse a me contaminar com isso. Depois dessa conversa - sobre outro assunto - com No, minha ficha caiu e entrei numa conversa comigo. Me disse: "primeiro, se alguém der credibilidade a ela e acreditar no que ela fala, sem averiguar, trata-se de alguém igual a ela e digno de pena. Um dia, a verdade aparece e tudo vai se resolver.". Segundo, estabeleci um perímetro ainda maior na minha DISTÂNCIA SAUDÁVEL.Terceiro: demorou, mas, entendi que é ela; ela é assim e eu não posso mudá-la! Isso reforçou a distância da distância saudável.

Quando a gente entende que também nós somos imperfeitos e capazes de cometer os nossos erros, podemos nos permitir aceitar - compreender - que os outros também cometem erros. A diferença está em como lidar com esses erros. Eu, antes, me punia, me culpava. Hoje, me empenho em reverter essa ordem estabelecida por mim mesma, em minha vida e entro numa de redimir-me. Assumo que errei e me prontifico a resolver. Vai adiantar eu me consumir em culpa, em neurose? Perder tempo justificando o porquê do erro? Isso não o transforma em acerto. Nem o conserto o faz. Mas, quando resolvemos algo, o ideal é fechar a porta ao passado. Só fica aberta se tiver pendência.

Uma coisa que começo a ver e começa a me fazer sentido internamente - porque na teoria eu já sei... - é que precisamos nos resolver conosco, em primeiro lugar. Tentar compreender o outro requer que entendamos e aceitemos a nós mesmos. Essa de querer consertar o mundo - principalmente, o mundo do outro - é fuga. Fujo muito de mim. Quando vejo, olha lá, eu disparada correndo. Dou-me um grito, agora, e digo a mim mesma: "Vem cá! Oh, mulher! Chega aqui!". Sento comigo. Me vejo. Quero me destruir de raiva, quando me vejo igual a todo mundo. Daí, olho e  me digo: "Tenho que me resolver nisso.". Pronto, dou entrada num processo interno e vou trabalhando. Quando tá pesado demais, relaxo um pouco. O exagero já me provou que a gente cria outra fuga: o faz de conta. Faz de conta que resolvi, sou madura e outra pessoa. E começo a evitar vivenciar algo que me desestabilize. Como sou capaz de usar essa consciência para ficar alerta e viver num clima de tensão e proteção, em vez de usar para elevar a minha condição? Outro papo interno e vou seguindo. A gente vai se ajustando é vivendo, mesmo. Ninguém queira fugir de dor, de erros... Faz parte da nossa humanidade. O que não devemos fazer é alargar, alimentar, arrastar essa dor por uma vida. Melhor resolver logo aqui e agora. Ela não vai passar de cara, nem deve mas, aos poucos, com o DEVIDO cuidado e no tempo certo, cicatriza. 

A gente tem mania de se achar melhor do que o outro. A grama do vizinho é sempre mais verde, né verdade? Só quem tem problema sério somos nós, afinal, todo mundo tem isso ou aquilo que vai ajudar, mas, o nosso problema é problemão. Eu tenho a maior dificuldade de sair do papel de vítima. Fora quando quero sair e alguém quer me colocar. Bom, fazer o quê? Redobrar as forças, tirar de outro lugar que não precisa agora e conseguir sair dessa zona. Muito sério isso. Nós não suportamos ver que alguém está querendo ser melhor. Incomoda tanto, quando pratico, sem falar, apenas em minhas ações - que, confesso, muitas vezes, nem eu acredito que consegui internalizar... só descubro na hora H, porque, uma coisa sou eu bater um papo comigo, outra, na hora de passar por tudo de novo, ver que mudou algo em mim - que percebo no ar uma crítica velada, num olhar, numa esquivada, numa saída de perto de mim, tipo: "lá vem ela com essas loucuras de quere ser 'cabeça'". Precisa ser "cabeça" não. Basta querer sair do buraco. Não é para ser melhor do que ninguém, apenas, o melhor que posso ser. Aí, numa outra situação, eu perco o controle, vem outra cobrança velada: "Não é tão cabeça? Escreve tanta coisa naquele blog, como se fosse alguém evoluída e, aí, agora, fazendo besteira...". Pois é, todo mundo se acha mais normal do que o outro. Ninguém aceita ver erros e, na maioria das vezes, somos incapazes de olharmos que erramos deveras, também. Haja juízes da vida alheia...

Como me disse Morgana Gazel, "eu aceito o erro no outro porque sei que eu também erro!". Pronto, é isso que quero dizer a mim e quem mais estiver no mesmo dilema.

Isso é uma pequena parte do que pode ser a compreensão: aceitar que as pessoas são falhas - inclsuive EU. E nós, o que fazemos com a nossas falhas? Como lidamos com os nossos erros? 

Gente, "o melhor lugar do  mundo é aqui e agora" (Gilberto Gil)

Com um poquinho de compreensão, a gente pode CONSTRUIR E PLANTAR um mundo muito melhor, começando pelo nosso mundo individual. A gente se preocupa demais com o que o outro vai pensar. Paremos um pouco de julgar que nos sentiremos menos julgados. Essa sensação é que nos faz reféns de nós mesmos e das nossas loucuras. Se engane não, todo mundo tem seu lado doidinho e sombrio. Só se for muito eovluído para ser evoluído. Senão, é falho e humano como qualquer outro ser. O que faço com isso é que fará a diferença. Sabe o que me ocorreu agorinha? "TUDO DEPENDE DE COMO A GENTE SE VÊ". - Vou até mudar o título. Era: "compreensão pode custar muito caro... (?)"

Pat Lins.

2 comentários:

  1. Concordo com o que voce falou Pat, primeiro temos que fazer uma revisao interna, 'consertar' tudo para depois passar o exemplo. Porém sempre temos aquelas pequenas falhas que parecem ser dificeis de serem 'curadas' e alcançadas e sao atraves delas que erramos também, e elas nos pegam logo naqueles momentos mais tensos né? Logo pensamos "eu aceito o erro no outro porque sei que eu também erro!" Eu acredito que nos, e todas as outras boas pessoas de coraçao, quando erram, sabem reconhecer e sabem se redimir a isso, é ai que entra a nossa compreensao, se for com esse proposito! Afinal, dizem que o ser humano é feito de erros, onde, errando se aprende, entao sabendo reconhecer acho que uma pessoa é digna sim a mais uma chance!

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  2. Mulher, você vai longe. O mérito é todo seu, está aberta a aprender com a vida, tanto que foi sensível a minha frase tão casual. Eu me orgulho de você, querida e me sinto uma sortuda por ser sua amiga. Adorei a nova cara do blog, está mais de acordo com sua fase de vida. Um afetuoso abraço.

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