sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

PARA VIVER O BEM, SÓ VIVENDO O BEM

Se nós bem soubéssemos o  bem que faz o bem, deixaríamos de acreditar unicamente no mal. Este é visto, portanto, crível. É denso, pesado, feio e cansativo. Abate, desencoraja, destrói. Ele seduz nossos sentidos, ilude, engana. Só exige da gente uma vida com "poucas" renúncias: renunciar crescer, renunciar ser melhor, renunciar ver o lado bom e a solução. Não sei se é esse o plano do "mal', mas, é isso que fazemos com ele.

O bem é sutil sábio, sabe aguardar. Só age se assim quisermos, ele nos respeita. Ele fica ali, em nossa frente. Raramente o vemos. Não, ele não é invisível, nós é que não sabemos ver. Só olhamos e vemos o que queremos e como queremos. Só ele é capaz de aplacar o mal, transmutando toda a negatividade.

Para fazer o bem, precisamos encarar o mal que há em nós mesmos. Nossas sombras. Nossas angústias, fundamentadas pela falsa necessidade que carregamos de "ter", como se isso fosse a coisa mais importante.

Recentemente, percebi que a maioria das pessoas ainda enxerga como bem sucedida a pessoa que acumula - e muito - bens materiais. Não sou hipócrita de dizer que não batalho para alcançar conforto, segurança financeira... lógico, vivemos num mundo capitalista e só uma pessoa ou muito iluminada consegue viver sem as exigências que essa vida impõe. Também tenho meus  kuravas gigantescos, meus dilemas. Nunca me coloquei como melhor do que ninguém.

Essa postura que adotamos diante da vida só pode alimentar aquilo que vemos, porque é nisso que nos fincamos. Para ver o bem é preciso ter olhos abertos, simplicidade e vontade. Isso requer muito de nós: nosso bem. Eu acho que vale a pena lembrar que existe muita coisa boa no mundo - sem negar a existência do mal. À medida que nos abrimos para o bem, vemos que o mal é necessário, de alguma maneira. Eu não entendo nem um pouco os desígnios do Pai, mas, quem sou eu, uma poerinha cósmica, a questionar Sua infinita sabedoria, seja Ele como for - tem uma hora que confunde, porque querem nos vender uma imagem de Deus, sendo que ninguém nunca o viu e afirmam tanto ser Ele um senhor grisalho de barba branca e com palavriado humano... muito pouco para mim. Para mim, Deus é mais! Para mim ele é a união de todas as forças. Está acima disso que chamamos BEM ou MAL. Existem coisas na natureza que chamamos de mal, como chuvas e etc. Acreditamos que os alagamentos, as inundações são castigo do céu... na verdade, vejamos onde estamos construindo e como anda nossa convivência com o que é natural, com a Natureza. Queremos pensar Deus nos falando como nosso pai fala. Por maior que seja o amor de um pai pelo filho, ainda assim, é humano e esse pai está na mesma condição do filho: filho do Pai.

Como você viveria se eu dissesse que o "diabo" não existe? - não estou afirmando nada, se ele existe ou não, apenas questionando se isso fosse verdade, em quem jogaríamos a culpa de todas as merdas que fazemos? Você sabe que o mal existe na gente também? Parece que as pessoas insistem em dar mais força ao mal, acreditando apenas nele, do que se permitir abrir para o bem. É preciso abrir espaço. Saber receber. Não adianta, podemos reclamar o que for, só receberemos da vida o justo, o necessário. Acredite eu ou não. Goste eu ou não. Quanto mais nos afastamos do bem, mais distante ele fica. Não porque ele se afasta, apenas porque nós nos afastamos dele. Será que é óbvio isso? Creio que não, se fosse tão óbvio, pararíamos de dar tanto murro em ponta de faca; pararíamos de alimentar tanto as dores, as angústias, os dissabores, o que deu "errado".

Temos uma mania de colocar tudo em dois campos extremos: CERTO ou ERRADO; BEM ou MAL; PRETO ou BRANCO; É ou NÃO É. E existem tantos, inúmeros e incontáveis "certos", "errados", "bons", "maus"... Já ouviu: "de boa intenção o inferno tá cheio?". Pois é, o mal também tem suas "boas" intenções, para com ele mesmo. Precisamos ser justos. Ser justo não é querer estar sempre com a razão, nem achar que sabe tudo. Não sei explicar tão bem o que é ser justo... seria apenas uma definição elaborada pelo meu intelecto na intenção de dar uma definição bonitinha... Na verdade, eu imagino o que seja justo, porque dói sê-lo. Dói ser julgado porque entendeu o lado do outro. Incomoda não reagir. Só se é justo se revidar e fizer "justiça". Para mim isso é orgulho, algo danoso. "Mas, você vai deixar assim? Se fosse comigo..." Não falo fazer papel de trouxa. Todo mundo acha que ser bonzinho é ser babaca, ou apenas uma pessoa que ajuda uma velhinha a atravessa a rua. Nos ensinam muito pouco sobre bondade. Queremos aprender muito pouco sobre bondade.

Ser bom requer algumas características que poucos de nós está disposto a desenvolver. Exige que tenhamos uma coerência entre nossos pensamentos e nossas ações, senão, não há meio. Exige que tenhamos firmeza de caráter, moral, ética... senão, não há espaço. Ser bom é muito mais do que alguns atos de bondade. Ser bom é fazer o bem, sem olhar a quem e a todo instante. Ao menos, é o que eu penso. 

Sejamos cada dia um pouquinho melhor do que ontem. Podemos abrir a porta ao bem aos pouquinhos. A afobação derruba tudo e vem com uma densidade danada, daí, traz a ilusão de que estamos fazendo o que deve ser feito, como deve ser feito. De repente, vem a chuva e derruba nosso castelo de areia e culpamos a vida por termos erguido uma construção sem base firme. Para erguermos uma vida de verdade é preciso trabalho e esforço... requer dedicação, disciplina e ação todos os dias. Não como fardo, com peso, com lamúrias... isso é o que a gente já faz: desconstrói um dia após o outro e carregamos a ilusão de que construimos a torre que nos levará ao céu. Sempre caímos no mesmo lugar. Nós damos nossa cara a tapa para a vida. Ela não quer nos bater, nós é que nos batemos. A Vida ensina, mas, não sabemos escutar. Muitas vezes, nem queremos.

Sei não, mas, eu quero aprender cada dia mais. Eu adimito que não sou boa. Mas, que eu quero ser e me esforço - ainda que minimamente - eu tento... Vou no ritmo que consigo, senão é afobação. Para tudo, nosso tempo. O equilíbrio. O sentir. No momento em que a ficha cai, aí, sim, a gente sente na alma, em nosso âmago: "então é isso!" ou "então, é assim!". Chega-nos uma convicção. Uma convicção diferente, não aquela reação instintiva aos nossos desejos - que chamamos erroneamente de intuição - mas, uma intuição genuína - desculpem-me a redundância... se é intuição, deveria ser genuína... é que usamos tanto e por tanto tempo para diversas definições que a intuição passa a ser um termo coringa: entra naquilo que eu acho que deve ser. O bem deve ser assim, em forma de paz. Afinal, o contrário dele nos causa angústia, dor, sofrimento... Então, se esse é o papel do mal, não seria ele uma faceta do bem? Eu, hein... Tô pirando meu cabeção. É que minha ficha está caindo por aí... em ver que o bem está em todos os lugares, só olhar direito, ou certo. Êpa! Sem alienação. Sem devaneio. Minha ficha me diz que devo manter os pés no chão e não deixar de ver e adimitir a realidade.

Será que tudo faz parte? Tem algum a parte? Será que existe o caminho do meio, mesmo? O equilíbrio? A harmonia? Eu acredito. Acredito que se bem nos fizermos, bem chegaremos lá. Lá onde? Em nós mesmos. É... tô pirando meu cabeção, mesmo...

Pat Lins.

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