quarta-feira, 7 de abril de 2010

MINHAS VERDADES


Acho curioso certos comentários (boa parte por e-mail, no orkut ou pessoalmente... nem todo mundo quer se expressar numa página virtual que continua acordada e existindo, mesmo a gente desconectado e/ou dormindo...) que recebi... em um deles, uma grande amiga me disse ter gostado d´eu ter sido tão sincera no post, que era bom me ver assim... não sei porquê, mas, "magoei" - risos. Eu sei o que ela quis dizer, afinal, eu ERA/SOU o tipo de pessoa que sempre quer estar bem e, para mim, sempre foi importante deixar um ambiente agradável ao meu redor... Não me dou bem com climas de fofocas, invejas e afins. Sempre deixei clara minha posição e me esquivava de situações conflitos desnecessárias. Era do tipo "dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair de uma...". Nem todos sabem compreender pessoas com essa postura. Porém, na minha tentaviva de deixar clara minha postura, já apelei muito para o "sincericídio" e, hoje, vejo que sinceridade é algo importantíssimo, mas, não preciso matar ninguém com minhas verdades, né verdade?!




Por um determinado tempo eu me sentia estranha. Comum era estar sempre estressada e de mau humor para demonstrar que estava ocupada. Pessoas sérias, responsáveis, "respeitáveis", precisam demonstrar constante agitação, mau humor... DEMONSTRAR. Mesmo que não esteja, precisa estar... e eu me tornei uma dessas pessoas, sim. E aí, passei a ser "normal" - kkkkkkkkkk. Não deu certo. Entrei em colapso comigo...




Responder a um "como está?" com "estou bem" deve doer nas pessoas. Em alguns casos eu estava péssima por dentro, mas, não achava que precisava decontar nos outros. Normalmente, eu advertia: "estou bem, mas, com alguns problemas. Melhor manter distância". E o que me assustava era que, na maioria das vezes, ninguém acreditava - exceto os mais próximos, que eram as pessoas com quem me abria... apesar de falante e espalhafatosa, sempre soube quem e quando falar e o quê falar... - e a curiosidade era maior que tudo. Chegava uma hora que o nível de "me segurar" baixava e eu dava respostas grosseiras - uma característica muito forte minha... risos - e acabava saindo como quem desconta seus problemas nos outros... Nunca soube lidar com essas loucuras das pessoas "normais"...




Muitas vezes respondo, até hoje, que estou bem, mesmo sentindo dores, mesmo com cabelo embaraçado e olheiras profundas - estou há dias com meu filho gripado dentro de casa... e ele "pega fogo", legal... -, mesmo cheia de conflitos assumidos a mim mesma - isso só algumas pessoas acompanham -, enfim, apesar de tudo, respondo o mesmo "estou bem", porque estou. Tudo isso passa. Agora estou dentro de um novo turbilhão, me senti, recentemente, desencorajada, mas, entre gritos de socorro e respirações conscientes, deu para, no mínimo, manter acesa a chama da esperança e estabelecer um certo "bom senso" ativo. Eu estou me sentindo como uma pessoa capaz, competente e sem oportunidade, que é enterrada até o pescoço, num buraco de areia, com linda vista para o mar. Por mais que tente cavar, menos me mexo... isso incomoda, porque tem quem passe e pise em minha cabeça, por saber que não tenho como reagir. Para isso meus olhos estão destampados, porém, cheios de areia. Isso é sofrimento e tortura. Vejo sol nascer e se pôr. Vejo a lua mudar. Vejo tudo. Minha cabeça grita: "isso vai passar". Um dia saio desse buraco... Dizem que tudo tem sua hora certa e um motivo...



Escuto barbaridades e opto quando e se devo manifestar opinião contrária...Nisso eu mudei, mesmo. Existem temas e situações que geram debates intermináveis e desnecessários e nem todo mundo aguenta levar até o fim para chegar a uma conclusão. Normalmente, os "normais", saem com um "deixa para lá, você não quer me escutar"... - eu falo isso direto para meu (ex) marido. Para mim, discussões são para se chegar a um ponto em comum. Se fica inflamada é por conta das características de cada um, mas, não necessariamente briga. A opção de não falar, muitas vezes, é por saber que aquilo pode se tornar uma discussão vazia... nem eu vou mudar meu pensamento, nem a pessoa o dela... então, opto por apenas escutar. Daí, surge uma confusão, de achar que eu estou sendo "passiva". Isso é uma opção que faço. E deixo a pessoa pensar o que quiser. Pior que amigas íntimas caem nessa esparrela. Na verdade, elas não estavam ocupadas com a questão, mas, na necessidade de impor suas verdades... o meu calar e ouvir soou como "concordo". Esse ditado de "quem cala consente" é meia verdade, ou seja, pode ser, como pode não ser... Algumas pessoas chegam num grau que não vê necessidade de entrar num atrito. Questão de escolha. Por isso, o tal comentário me veio como "eu gosto quando você fala verdade" soou como um "você está sempre fingindo"... Eu falo minhas verdades quando eu quero e como eu quero. Se eu quiser calar, eu calo. Se eu quiser escrever aqui no blog, eu escrevo. Minha verdade é verdade para mim e isso já me basta. O que não é lá muita verdade é achar que minha verdade só é verdade quando concorda com a verdade de quem lê, de quem me escuta... é comum a gente dar o nome de verdade só ao que tem a ver com nossos conteúdos... isso é natural de nós, seres humanos. Eu vou acreditar numa verdade que não me diz nada? Precisa tocar no que creio, no que penso, no que tenho como verdade, em mim!




É muito importante estabelecermos para nós mesmos o que são as "nossas verdades" e as verdades do outro. E, o que era verdade para mim ontem, pode deixar de ser hoje... a gente muda, amadurece, cresce... algo desencadeia essa mudança, consciente ou não.




"As amizades precisam suportar as verdades", me disse Noemia/Morgana Gazel, alguém que entrou no rol de meus grandes amigos de cara. E é verdade! Para mim, pelo menos, porque acredito e penso assim. Daí a colocar em prática com todos os amigos é outro passo. Nem todos os meus amigos suportam "minhas verdades". Aqueles que não só suportam, como respeitam, mesmo discordando - "discordo de tudo que você disse, mas, defendo o direito de você dizer..." - também fazem parte desse rol. Há ainda os que sabem apenas do que me limito a dizer e depois vejo que soou sem sentido... eles não sabem de toda a verdade, nem se permitem ver minhas verdades como as mostro.




"Sim, estou bem, apesar de tudo" talvez soe melhor, né?! Mas, eu quero dizer: "estou bem", porque, de fato estou. Quando eu falo "estou bem", dentro de mim, já está tudo intrínseco: "estou bem, apesar de tudo. E ainda pode melhorar. É o que desejo e me disponho". Toda mudança requer a chama da esperança acesa. Dói muito o processo. Às vezes sinto minhas emoções sangrarem dentro de mim, mas, preciso curá-las. Não sou o tipo "normal" que quer se acomodar - mesmo que eu me acomode, preciso perceber que me acomodei e deixo a porta aberta para mudar - para não sentir dor. Me poupo, quando dói muito, sim, mas, vou andando devagar. Estava com pressa em mudar e isso me atrapalhou, ou seja, me atropelei... A vontade de ser uma pessoa melhor me faz detestar o mundo onde vivo e, depois de discutir com Deus, por ver tanta injustiça aos meus olhos, me permito esvaziar da raiva e troco idéia com Ele. Sendo Ele perfeito e de uma sabedoria perfeita, ele me compreende, me entende e me acalma. Depois, vejo que o mundo é assim mesmo e eu preciso tocar minha vida. É super difícil, para mim, viver o "aqui e agora"... tenho mania de me prender a algo do passado e pulo para o futuro do pretérito... e por lá fico a dar voltas e voltas.




Essas são parte de minhas verdades. Minha verdade sou eu. E eu não posso ser verdade só se minha verdade casar com o que você acredita... isso já é loucura, devaneio ou alguma espécie de fanatismo acentuado e crônico que impede a pessoas de enxergarem ou, no mínimo, respeitar, a verdade do outro. Portanto, aos meus amigos de muito tempo, aos meus amigos recentes - mas, que já são "amigos de infância"... risos - e aos que nem me conhecem, eu sou minhas verdades. Jesus é que é O CAMINHO, A VERDADE e A VIDA. Eu sou Paticia Lins, verdadeira em si e para consigo, sempre, até quando quero sufocar minhas dores em mim e aparentar uma alegria... eu estava alegre, mas, também, triste. Faço isso até hoje. Eu escolho como aparecer. A diferença é que já apreendi e apreendo a cada nova investida ou "teste" que a minha verdade só é minha verdade. Só faz sentido para mim. E, de verdade, isso é o que importa!




Li, há pouco tempo, uma frase de Clarice Lispector, muito libertadora, ao menos, para mim - risos - "entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher". Então, façamos as nossas escolhas.




Hora de romper com esse estereótipo de que madura é aquela pessoas séria e cheia, atolada de problemas... sempre com algo sério a resolver... bem estressada... Enfim, sempre é tempo de redefinir certos padrões, concorda com minha verdade?! Chega de ver sua verdade como única e universal! Ah, tá mais que na hora da gente "se tocar" e "cair na real", né verdade?!




A maternidade prática e real tem me ensinado que em meio a tudo, tudo existe. Ou seja, mesmo feliz com meu filhote, eu me canso, me estresso... mesmo racionalizando e sabendo que ele só tem 03 anos, só falto arrancar os meus cabelos... mesmo sabendo que "é coisa da idade", não me impede de esmurecer e cansar, sim; muitas vezes me sinto sem gás e desanimada, depois, passa. Em meio a tudo, tudo existe. E tudo passa. Mas, você vai continuar a me escutar responder: "estou bem" diante da pergunta: "Como voce está?". E de fato estarei. Posso falar com uma entonação bocejante, mas, é minha verdade, mesmo cansada,querer estar bem. Nem tudo é tão ruim que não possa piorar, né verdade?! Nem tudo é tão bom que não possa melhorar, concorda?! Bom, eu me exponho muito no quadro exausta, porque minhas resistências estão baixas e isso é natural. Vou explodir. Vou implodir. Vou recosntruir. Reconstruo. Cresço. Natural. Coisa de gente "doida"... sério, uma verdade que amo em mim e que cedi, por muito tempo, é que EU NÃO NASCI PARA SER NORMAL, isso cansa! Mesmo que chova, o sol brilha lá atrás. A chuva, sim, é passageira... Por isso: ESTOU BEM! Se quem quer saber me ama, saberá que, apesar de bem, também estou mal e saberá como me ajudar. Mas, muita gente que me ama, precisa saber respeitar a si e suas limitações e não se jogar para me ajudar, sem nem saber como se ajudar... isso atrapalha. Muita mágoa que carrego hoje - e me esforço para perdoar... dói, mas, chego lá! - vem de gente que me ama, mas, não sabe se amar... MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA! A gente não precisa se jogar num abismo para demosntrar que se preocupa com o outro. Basta respeitar, que já é uma grande ajuda.




As pessoas "normais" adoram seguir arquétipos, estereótipos... e se sentirem protótipos de seres humanos ideais! Uhu! Loucura, loucura, loucura! "Cai na real", somos todos humanos e isso, por si só, já é uma condenação e libertação, aí, entre um e outro, a gente ESCOLHE!!!




VAMOS DEIXAR UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES NESTE MUNDO, a começar por cada um de nós!


Pat Lins.

2 comentários:

  1. Oi Patricia.

    Nossa você disse tudo neste texto!
    Uma parte que eu gostei muito é sobre alguns assuntos que parecem intermináveis... e você fica ali a espera de uma conclusão e a pessoa simplesmente sai, ou se cala sem concluir apenas por não querer contraria sua vontade.
    Acredito que muitas vezes nós nos limitamos a dizer um "vai tudo muito bem obrigada" porque nem todos estão preparados para ouvir nossas verdades. Se você disser por exemplo "estou bem,mas sentindo ..." parece que ninguém entende. As pessoas estão tão acostumadas com a omissão da verdade que até se esqueceram que ela expressa os nossos sentimento.

    Nossa falei de mais !
    Também você coloca um assunto desse kkkk.

    Gostei muito do seu blog !
    Vou voltar mais vezes.

    Seguindo!

    beeijos.

    Jéh;*

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  2. Obrigada, Jéssica! Amei seu comentário - rsrsrs. Relaxe, eu também falo demais! Vc pode escrever o quanto quiser. Olha, fui deixar um comentário no blog de uma amigo e rendeu um post no meu - rsrsrsrs - copiei de lá e colei aqui - rsrsrs. Pensamento é isso mesmo, livre e sem espaço limitado.

    Se vc observar, meus posts são enormes e nunca consigo concluir o pensamento todo... não existe todo em pensamento, sempre há mais.

    Esse texto foi um mega-desabafo para mim - rs. Bom saber que fez sentido para outra pessoa - rs.

    Beijos e beijos,

    Pat.

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