sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

TODA LIBERDADE TERMINA ONDE COMEÇA A DO OUTRO. ONDE É MESMO?

Imagem: Google - DUBIELLA

Um dos melhores ditados que conheço é “a minha liberdade termina onde começa o espaço do outro”. Entretanto, raramente nos perguntamos: onde é esse lugar? Onde está a delimitação?

Pode ser uma delimitação pelo melindre, pelo medo, pelas características individuais. Tá, até aí, tudo bem... mas, será que o outro sabe onde é o seu espaço? Será que o outro se vê como um eu, que também é outro para alguém?

Essa questão de espaço requer, antes de tudo, de uma boa base emocional. Pessoas que têm mania de perseguição, têm um problema individual e alegam que todos e qualquer um o estão perseguindo, o atacando. Pessoas que não Têm limite, invadem o espaço alheio se sentindo cumpridores do dever de se fazer o que quer, independente se existe o outro...

Hoje em dia, após tanto se lutar pela liberdade de expressão, duas coisas não foram muito bem amarradas, delineadas, definidas: 1 – o que é LIBERDADE; 2 – O que é EXPRESSÃO. Não se sabendo o que vem a ser cada uma isoladamente, como saber o que são ambas coletivamente?

Num ambiente sem educação básica, com intelectos poucos estimulados e desenvolvidos – em minha concepção, todos têm potencial a ser desenvolvido, cada um aos seu tempo, não fosse essa cobrança social castradora e abusiva de imposição e massificação... – e sem uma base de bons valores e moral, ganha aquele que persuadir e manipular melhor: o convencimento.

O perigo reside justamente nessa falta de opinião própria, por uma auto estima comprometida pela falta de vontade de acreditar que é possível ter mais acesso à informação, desde que se entenda que, para isso, há de se mexer numa coisa muito simples: a zona de conforto. Já escutei uma mulher me dizer: “ah, isso é para você que é inteligente. Para a gente que não teve acesso à escola de qualidade, fica difícil aprender qualquer coisa...”. Um comentário, pura e simplesmente, porque eu disse: “tome cuidado ao misturar produtos de limpeza.”, pois ela queria misturar soda cáustica com outros produtos para desentupir um vaso sanitário. Daí, expliquei que eu não sou tão inteligente que não possa aprender coisas novas e isso é uma coisa simples: basta ler os rótulos nas embalagens... é uma questão de alfabetização. Não de ter concluído a alfabetização, mas ter sido ALFABETIZADO, que inclui, além de juntar as letrinhas, a capacidade de entender o que elas dizem juntas. Está no desenvolvimento da competência  interpretação. Sendo assim, a maioria das pessoas pensa que não pode pensar, porque aprendem nas escolas a desaprender.

A capacidade de investigar, de ir em busca, de indagar, de questionar... de racionalizar é do ser humano. A capacidade de expor suas próprias ideias é um direito natural de um ser pensante. E, quando me refiro ao direito natural, vai além do direito como forma jurídica, está no simples direito enquanto parte natural da característica de quem tem a racionalidade como diferencial – ou como nos ensinam que é um diferencial – entre os outros animais, que são tidos como selvagens, por não pensarem – se repararmos, eles têm uma sabedoria aplicada mais desenvolvida na prática do que a nossa... eles comem, matam e morrem por sobrevivência; a gente, para se satisfazer...

Tudo vira polêmica. Mas, ninguém olha de frente para o fato. Proíbe-se todo e qualquer ato de discriminação, com punição prevista em Lei, mas não vejo esforço em desenvolver um verdadeiro respeito às diferenças... Não pode falar, nem expor, mas pode discriminar disfarçadamente... Hipocrisia! O fato de existir uma Lei, já discrimina. Eu falo em democracia no sentido de haver uma prática que funcione, que eduque, não uma teoria que finge funcionar. Mas, algo precisa ser feito, porque ninguém vai conseguir educar e despertar nos que se “acham” acima de todos, tão rápido... assim, como somos de uma cultura punitiva, vamos punir para ver se coíbe. Evita a discriminação pública. Prende quem comete o delito. Mas, não transforma. Muitos grupos gritam e clamam por respeito e reconhecimento, numa tentativa de se fazerem serem entendidos. Essa parte da discriminação, da intolerância – seja de ordem religiosa, étnica, social, econômica, estética... – representa bem a inconsistência da liberdade de expressão que é propagada, mas casa direitinho com o título/tema deste post: “minha liberdade termina onde começa a do outro.”. Ou seja, o ato discriminatório tem a intenção clara, objetiva e direta de destruir a condição emocional do outro, cerceando a sua liberdade de se expressar. Sentimos onde está o lugar? Fica aberto para indagações. Afinal, meu ponto de vista é claro: não admito qualquer tipo de discriminação, mas discrimino quem discrimina. Em minha defesa, argumento: quem discrimina tem a intenção clara, direta e objetiva de desrespeitar o espaço do outro. E eu respeito muito os espaços. Para mim, existe o meu espaço, onde permito interseções com outros espaços-pessoas e um meu apenas, onde ninguém tem o “direito” – essa palavra é outra que dá margem para brechas jurídicas... coisas que moral e eticamente falando, nem sempre combinam - de se aproximar! É o tipo de coisa que quanto mais tenta entender, menos se faz sentido, porque está na condição respeitosa, enquanto VIRTUDE – de adentrar. Quem tenta adentrar no espaço alheio é um invasor. E, sendo invasor, perde o direito a direitos. Isso é complexo e paradoxo porque a maioria de nós – condição da qual me excluo com consciência - não concebe a ideia de se viver com RESPEITO. Machuca nessas pessoas entender e aceitar que o outro também tem lá o seu espaço individual.

Existe um espaço no qual é permitido apenas o contato social, onde assumimos o personagem eu social. A maioria de nós pensa – se é que pensa – que nesse espaço se é permitido todo o tipo de divagações... Nessa hora, voltamos a questionar: “onde está esse espaço?” e, o mais importante: “o que é invadir?”. Nesse momento é que as pessoas se perdem com intenções escabrosas e deturpadas pela falta de postura moral. MORAL! Agir com bons costumes!

O velho chavão “não é da sua conta” surge sempre quando se quer delimitar um espaço. O que acaba despertando outras dimensões de nós mesmos, orgulhosas e egóicas, que partem para o ataque ao espaço do outro, sem o menor sentido. É nessa roda que vivemos girando. No furdunço desgraçado de quem nem sabe porque está atacando e sendo atacado. Vivemos uma guerra de egos e conflitos de orgulho e vaidade. Ou seja, não temos a menor base para sustentar uma liberdade de expressão. Também, isso não dá o direito de nos tirarem.

Com o crescimento do poder da imprensa, muita coisa se perdeu e muita coisa se ganhou... Porém, como saber diferenciar o que é verdade do que é opinião pessoal, divulgada como verdade? Ou, do que é armação? Olha a necessidade de um ambiente saudável, como base moral e ética, e não cultural deturpada?! Discernimento é algo para sábios.

Com as redes sociais, essa questão ficou um tanto quanto mais delicada.  As pessoas não entendem o que vem a ser diálogo e as suas bases – como RESPEITO, COMPREENSÃO e CLAREZA – e que para haver um diálogo efetivo, é necessária uma COMUNICAÇÃO EFETIVA, ou seja, com transparência, objetividade e capacidade de se fazer entender, afinal de contas, o outro não está em minha mente – ai, como me dói saber que esse tipo de pensamento não passa nas mentes dos tapados, que só querem falar qualquer coisa, sem responsabilidade na ação e sem cuidado com a interpretação ou entendimento e eles sempre se acham claros... criando caos em vez de estabelecer conexão... isso me destrói – e, sendo assim, preciso me fazer ser entendida e representar com clareza o que tenho intenção de externalizar. Se as pessoas não têm a menor noção dessas e outras questões, o que pode acontecer? O caos imperante. Atos brutais e colocações do tipo: “não se meta!”, “não é da sua conta!”, “vê se cuida da sua vida!” e outras do tipo, como “falam do que não sabem”... E a falta de COMUNICAÇÃO continua e vira uma bola de neve que nunca derrete e só aumenta.

Ora, se temos as ferramentas nas mãos, como redes sociais – o que nos coloca com mais espaço para otimizar o tempo na ação de se comunicar – e a imprensa, como veículo de COMUNICAÇÃO SOCIAL – local onde se deve publicisar uma mensagem atingindo o mior número de pessoas possível ao mesmo tempo – onde está o erro?

Se avanço tecnológico promovesse o desenvolvimento de VIRTUDES, MORAL e ÉTICA, seria mais fácil. Entretanto, para tanto, exige-se um tanto de esforço pessoal. Os marombeiros, sarados, saradas... são capazes de malhar seus músculos e esculpi-los nas academias e quantos deles são capazes de esculpir o próprio caráter de maneira positiva? Não estou falando que quem malha é banal, apenas uma apropriação comparativa de esforço para se alcançar objetivos.

Nos deparamos com a orientação – plausível e necessária – de que devemos cuidar da saúde com boa alimentação e atividade física. E a mente? E o emocional? E a moral?

Pois é, somos capazes de aceitar que todos têm o dever de respeitar o espaço do outro, desde que o outro entenda que eu estou sempre com razão, por favor não me desacate. Concorda?

Se a gente não sabe dialogar pessoalmente, virtualmente, nos sentimos mais “fortes”, porque nos tornamos um personagem irreal, numa realidade virtual, mas com ataques reais.

ATAQUES são desnecessários. Se eu me expresso sobre uma figura pública, é uma forma de expressão diante do que ela comunicou. Eu tenho esse direito? Não poderia eu aceitar sem criticar? Mas, não, eu caio na tentação e critico. Daí, outro pensa diferente de mim e vem me atacar, me condenando com diversos termos e palavras que não estão no que escrevi, demonstrando algo represado que sai por ali... Ou seja, não estamos só: nossas emoções se revelam nesses embates. Nossa falta de saúde emocional se apresentam... E a guerra começa. O que seria uma troca de opiniões pautadas na liberdade de expressão, se tornam farpas desnecessárias, comprometendo as qualidades das relações.

Me pergunto: onde vamos parar? Quando vamos começar a usar a liberdade de expressão de maneira mais responsável? Nem, vou entrar no mérito das biografias e das piadas, porque vai render muito mais espaço. Só posso dizer que tudo parte da intenção. Para mim, a graça não pode ser ofensiva... Se eu sou uma pessoa virtuosa, não farei chacota com a miséria alheia, antes de qualquer coisa, dedicarei meu tempo a ajudar. Mas, vai de cada um. Porque até acontecer a evolução humana do estado animal que colocam como selvagem e como algo pejorativo, vamos vivendo como esses animais que tanto condenamos. Gostemos ou não, somos julgadores e condenadores. Somos frustrados e descarregamos essa “culpa” e raiva nos outros, alegando LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Não há limite para essa questão... não sabemos o que vem a ser limite, apenas castração. Limite requer respeito como base...

Seria bacana, em vez de reclamar do tamanho do post, refletir diante das nossas ações, tão desconhecidas por nós mesmos. Daí, já poderíamos começar a engatinhar no entendimento real da LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Afinal, saberemos como nos expressar e como não nos doer com a expressão do outro, pois, nesse caso utópico que aqui exponho, ambas as partes estarão apenas interagindo no mesmo espaço de encontro.

Pat Lins – usando da minha LIBERDADE DE EXPRESSÃO em meu espaço virtual... quanta possessividade, tudo meu, minha...

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