Dizem que a gente só dá o que recebe... sei
lá, diminuem tanto a gente. Nos cortam e nos tornam apenas partes, mas, se
referem como se essas partes fossem isoladas e cada uma, um todo.
Essa maneira do ser humano lidar com o ser humano
é um retrocesso – aliás, retrocesso do quê? Algum dia já avançou?... -, ao meu
ver. Os especialistas se fecham em suas especializações e a impressão que tenho
é que reduzem tudo ao que couber ali, fora dali é um novo objeto isolado de
estudo. Não se fala mais em interligação. Nem uma máquina consegue funcionar se
não for tudo muito bem interligado.
A composição do todo pelas partes vem sendo ignorada. A parte pelo todo vem
alcançando proporções alarmantes e preocupantes. Engraçado e irônico: em plena
era da conexão virtual, falta mais conexão com o real. Tudo gravita a
superficialidade e o que cabe em palavras vazias, sema profundidade do Ser. Até
para se aprofundar, muitos de nós acaba é caindo nas profundezas... no abismo
vazio e escuro do lugar algum.
Quando dizem que "a gente só pode dar o que recebe",
eu penso que seja uma afirmação questionável. Nós somos complexos. Ou seja,
somos compostos por muitas interligações captáveis, conhecíveis,
administráveis... e muitas que ignoramos, ignoraremos e, possivelmente, nem
cheguemos perto de conhecer... e estão aqui, dentro de cada um de nós, nos
compondo. Existe muito mais em nós do que apenas o que nos ensinam, do que
descobrem, do que confirmam cientificamente, do que é possível acessar. O que
me cabe entender é que há uma Vida que existe em nós e que só a acessamos por
duas vias: crescimento pessoal voluntário - através da consciência e da vontade,
do real querer e do se esforçar para fazer - ou através de uma catástrofe. Esta
via é meio perigosa... há quem entre nela e não saia mais. Em vez de
encontrar-se, perde-se.
Eu penso que nós podemos ser melhores do que
somos. E, como somos uma combinação e de muitas coisas, com interferências
macro e micro ambientais, eu prefiro dizer que
NÓS SÓ DAMOS AQUILO QUE ACREDITAMOS
QUE TEMOS E/OU QUE SOMOS. PARA DARMOS MAIS, PARA SERMOS MAIS, SEJAMOS, POIS,
MAIS.
Se a gente conseguir entender que existe muito de
melhor ainda dentro de nós e que como fomos educados, como a sociedade quer que
sejamos, o que os vizinhos pensam... SER perde o sentido. Se a gente entender
que temos muito mais a oferecer a nós mesmos e, repletos desse estado melhor, a
consequência positiva é refletida no externo, mais iremos em busca de ser.
Portanto, somos capazes de dar muito mais! É uma conta certa: SER = É. Só o
fato de sermos já estamos dando.
Temos tanto a aprender sobre nós mesmos... Por
mais que nos busquemos; que nos auto-avaliemos... por mais que acreditemos e
repitamos: "eu me conheço!", a gente pouco se conhece, perante a
infinidade de coisas que temos para viver e conhecer, pondo a prova toda a
teoria que carregamos durante toda a vida. Têm horas que a gente se depara com
a gente mesmo e diz: "Puxa! Carreguei isso por tanto tempo e custei a
entender que nem precisava ser assim...". Daí, aqui e agora a gente pode
se esforçar mais. É impossível sermos tudo que temos para ser. Aos poucos eu
venho me dando conta disso e entendendo o que quer dizer: "somos demanda
demais para uma vida".
Nós somos muito mais o que plantamos do que o que
plantam em nós. Entender isso e colocar em prática dá trabalho e enlouquece, porque
vai exigir transgredir muito. Não falo infringir, mas, transgredir: ter que
desconstruir e seguir para frente e para cima, melhor, para dentro... para
nosso EU, para nosso caminho... ao encontro da nossa essência. Conheço uma gama
de gente que vai dizer: "É verdade! Eu vivo isso..." e não vive nem o
esforço. Não sai do limite das páginas escritas por outro, suas frases prontas
e de efeito e sempre de acordo com citações favoritas de algum livro que leu...
Viver requer mais do que simplesmente repetir... Do mesmo jeito que ler requer
mais do que juntar as letrinhas... E interpretar requer mais do que saber
colocar as letrinhas e ler uma palavra e juntar as palavras e ler a frase...
Sou totalmente a favor de leituras, que fique claro. O que questiono é que
muitas vezes, elegemos um autor, uma obra como favorito e acabamos assimilando
as verdades e expressões dos outros como nossas... em vez de alimentarmos nosso
senso crítico, diante de uma vida de teorias, acabamos repetindo as frases de
outro alguém como nossas e aparentamos ter senso crítico...
Existem pessoas naturalmente confusas e
perdidas... outras com essa tendência... Todos nós temos que procurar algo,
cada um em sua devida e justa proporção, em cada um em determinados âmbitos. Muitos
de nós preferem fazer de conta que se conhecem bastante e estão sempre bem,
porque sabem ver "o lado bom da força" e na prática, só ficam vendo e
nada vivem... É só se ver, mesmo. Se ver MESMO! De verdade. Quando eu digo:
"eu faço isso em minha vida" eu percebo que algo em mim diz: "em
partes...". Para tudo que acreditamos saber e conhecer de nós mesmos, em
outra situação o cenário muda, a maneira de agir, também.
Somos hipócritas ambulantes – ainda que nos
trabalhemos, sempre haverá uma nova hipocrisia para nos mostrar que não somos
perfeitos. Um dia, estaremos mais próximos de nós mesmos. Nesse dia, mesmo o
fato de entendermos que somos imperfeitos não diminuirá nossa vontade de
ser mais e melhor! Por mais evoluído que
seja um ser humano, ainda terá algo a superar... Essa é a nossa condição
humana. Sofrer? Quem falou isso? O mais importante será aprendermos a não
sofrer, a não nos culparmos, a não se entristecer pelo outro... um dia,
entenderemos que cada um tem seu rumo e, nesse dia, bem provável que já
estejamos no nosso. Mesmo assim, estando em nosso rumo, não quer dizer que será
mais fácil... Temos nosso caminho a seguir. Que sigamos. Por enquanto, vou
fazendo o que consigo. Mesmo sabendo que posso dar mais... saber é uma coisa,
entender que eu posso querer e fazer é outra parte do mesmo caminho – e que me
fará andar.
Eu vejo assim: temos uma missão a cumprir – que chamo
missão da alma; entretanto, para cumprir precisamos estar prontos. Para
estarmos prontos, é preciso termos vivido boa parte do nosso caminho. Esse caminho
fomenta nossa pessoa. Em determinada altura do caminho, teremos base para
levantar a construção de nós mesmos e a casinha estará pronta para abrigar
nossa verdadeira essência. Quando estivermos prontos, nos encontraremos com
nosso EU e teremos entendimento, clareza, certeza de quem somos de Verdade e o
que precisamos cumprir, aqui. Eu acho que é assim, como estudar a vida inteira
para depois, colocar em prática. É como se a gente precisasse ter um acúmulo
produtivo e positivo de conhecimento. Daí, poderemos desenvolver a sabedoria,
pois a alma estará no comando. Se será mais fácil, já não sei, mas, que é assim
que eu vejo, é. Não desse jeitinho, assim... mas, algo mais ou menos assim. É
assim que vejo a minha vida e a de muitas pessoas. Tenho a grande honra de
conhecer e conviver com pessoas que considero gloriosas. Pessoas que apenas vêm
o que precisa ser feito e fazem, afinal, é para fazer. Essas pessoas são
exemplos vivos para mim. Me pergunte se algum é perfeito? Detalhe: o que é ser
perfeito? Cada um tem o seu conceito e seus critérios... Para mim, essas
pessoas são quase perfeitas. Elas fazem o que precisa ser feito e pronto. O que
não cabe a elas fazerem, assim entendem e assim deixam ser: cada um seguindo o
seu caminho. Essas pessoas se buscam e se entregam. Essas pessoas se aceitam e
se ajustam, à medida que descobrem que na prática, a teoria é outra... Essas
pessoas não fingem, muito menos se furtam a oportunidade de olharem-se e
verem-se como são. Algumas dessas pessoas receberam da vida uma vida dura –
duríssima – e nem por isso curvaram-se e desistiram. Elas sabiam que algo
precisava ser feito e fizeram. Assumem as consequências de suas ações e
entendem que isso compromete a elas, mesmas. Redimem-se com a Vida, refazendo o
caminhar. E o melhor, elas dão aquilo que não receberam de graça, elas dão aquilo que têm, aquilo que são.
Quando eu “crescer” eu quero ser assim, como essas pessoas, porque elas não
fazem isso para serem exemplo para mim, fazem e são quem são e se lançam nessa
caminhada de continuarem sendo, construindo suas casinhas e se preparando para
o encontro com o verdadeiro EU. É por isso que agradeço a Deus por ter me
permitido conhecer essas pessoas, em diversos lugares, em diversos níveis, mas,
com a mesma lição de Vida: viver aqui e agora! Essas pessoas me fazem entender que
A GENTE PODE DAR MAIS DO QUE PENSA QUE PODE... A GENTE É MAIS DO QUE PENSA QUE PODE SER. A GENTE PODE SER MAIS DO QUE CONSEGUE. MESMO ASSIM, ISSO NÃO QUER DIZER QUE O CAMINHO É UM PUDIM, DOCE, MACIO E GOSTOSO. MUITO MENOS QUE VAMOS NOS TORNAR MELHOR DA NOITE PARA O DIA... É... PARA SERMOS MAIS DO QUE SOMOS, TEMOS UMA VIDA INTEIRA PELA FRENTE E... E... MAIS UM POUQUINHO: A ETERNIDADE.
Pat Lins.
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