sábado, 7 de novembro de 2009

"A DOR É INEVITÁVEL, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL"

O maravilhoso Carlos Drummond de Andrade já dizia: "a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional" e tinha toda razão. Aliás, esse pensamento tem toda a razão.

Venho refletindo a um tempo e fiz uma "viagem" bíblica, lendo e relembrando o que "aprendi" sobre esse livro sagrado, tão contemplado e tão pouco sentido... ler a Bíblia é viajar no tempo, mas, procurar conhecer, um pouco, os costumes da época, para não trocar "alhos por bugalhos" é necessário... Enfim, o que me chamou atenção é como somos rudes e amamos viver o sofrimento como um troféu a ser carregado: quanto mais sofrimento, mais "importante" a pessoa se sente... Será?!

Durante o devagar dos meus pensamentos, comecei a pensar:

Moisés era um homem comum, um escravo e Deus tocou o seu coração, falou com ele e ele se entregou a fé... ora, mas, fé não é algo que a gente sente ou não sente?! Sim, mas, podemos desenvolver a fé(?). Em alguns casos, são terras preparadas, mas, semeada de maneira "errada"; em outros casos, não existe terra preparada, mas, toda terra gera algo... tudo ao seu tempo e de acordo com suas realidades. Voltando para Moisés: ele, enfim, aceitou de coração entregue (após refletir muito, analisar e conversar bastante com o Pai) a missão de retirar o povo de Israel do Egito e, através do Espírito Santo, foi guiado - veja, a Bíblia deixa claro que ele não estava só, o Pai o guiava... ele escutava e seguia, porque acreditava. E foi. Levaram 40 anos a ermo, no deserto, com a promessa de entrar e reaver as terras dos seus antepassados. Bom, enfim, teve que administrar muitos conflitos, inclusive os próprios - afinal, ele era humano... - e nem sempre "ousava" chamar o Pai a toa, só quando o "bicho pegava". Para fugir do Egito, até o Mar Vermelho o Pai abriu para eles passarem. No deserto, Ele dava provas de sua existência, através de milagres... MILAGRES. Os milagres eram pedidos e realizados, onde água brotava de pedra; pão caia do céu... era Deus falando diretamente, sem símbolos ou sinais, Ele se dispôs a Se mostrar, através do que era pedido. Se você pedisse Ele realizava, só para não haver dúvidas. E o povo cria e seguia. Se cansavam, desanimavam e imploravam misericórdia e o Senhor cedia. Não vou colocar meus questionamentos aqui, pela Bíblia, a gente vê que trata-se de uma "fato", de que existiu... questionar não muda o passado... e, como sempre deixo claro, tenho meus questionamentos diretos com o Pai e Ele não se ofende... se se ofendesse, com certeza, era um humano e não Deus. Pois bem, como falo, eu questiono a maneira como Ele fala conosco, nos dias de hoje, em seus desígnios em forma de sinais, mas creio que Ele tenha lá um propósito maior, afinal, nos conhece há tempos, desde sempre - risos. A gente se entende bem - risos. Ao ler um pouco a Bíblia, o livro sagrado dos Cristãos - não falo que seja o único a falar de Deus, nem o único caminho para alcançá-Lo, Deus fala até com quem nem sabe ler... até com quem Nele não crê, afinal, Ele é o Criador e não a criatura! Pois, sim, diante de tantas reclamações humanas, Ele nos presenteava com MILAGRES, só através deles o povo se continha e era o estímulo para continuar (não penso que tenha sido fácil para eles). Depois, escutando o pedido do próprio povo, Ele resolveu só escutar aqueles "escolhidos", como o próprio Moisés (foi o próprio povo que pediu). Foi nos dando profetas, que, ao contrário do que falam, não eram videntes. Profecia virou sinônimo de "visão de futuro", mas, os profetas tinham missão muito maior, a de ir sempre e viver sempre de maneira plena na fé, alimentado pelo que há de melhor na vida: o necessário e levar a palavra dos céus para a Terra. A eles cabia passar a palavra de tempo em tempo... Passando o tempo, profetas nasciam e morriam e todos sabiam que o Salvador chegaria. E os profetas ajudavam a preparar o solo para sua chegada, estimulando a fé. Bom, o Cristo veio, nasceu de maneira humana, mesmo sendo ele um ser divino, o "único" filho do Pai. Ou seja, um ser puro e "santo", mesmo que tenha nascido em meio aos humanos, ele não era, ele estava humano... pois bem, Jesus viveu de maneira leve, mesmo em meio a toda tribulação, mas, dentro dele não havia peso e viver de maneira leve, ao meu ver, é isso, não ter peso dentro de cada um de nós. Paz interior é isso, ausência de conflito. Mas, ele sempre era testado por nós, seres humanos e "racionais"... continuamos seres de cerviz dura e nos curvarmos a algo maior, só "vendo para crer"... Nem Tomé, que mesmo cego, enxergou a presença do Cristo em sua ressureição, sem ver com os olhos da face.

E o Cristo cresceu e, com seus trinta anos, apareceu como o Nazareno, como quem de fato era "príncipe" dos céus. Mas, o povo, como hoje, "esperto" que só, só gosta de acreditar no mal... temer ser punido ou ser "perseguido" pelo "cão dos infernos" sempre foi muito mais forte do que acreditar nos milagres de outrora e no milagre do dia-a-dia. Oh, ranso miserável que se perpetua. Enfim, Jesus sabia de tudo que lhe aconteceria. Por "intuição" já sabia tudo e ficou sabendo na hora certa, ele não fora criado com uma espada na cabeça e uma cruz nas costas, dizendo: "aguente, é sua missão"... ele fora criado como homem e já era "santo". Mas, mesmo assim, sua pureza era divina e ele iluminava quem estivesse ao seu redor e aos redores... e se iluminava também.

Como Jesus não pregava o medo, nem miséria, nem se vangloriava como "fazedor de milagres", não ostentava, não ambicionava os bens materiais, respeitava toda e qualquer diferença... enfim, como Cristo era o exemplo de como nós deveríamos ter sido e nunca fomos, ele, então, "não prestava". Ora, uma pessoa, de carne e osso, que não sucumbia ao que não presta, não prestava. Ter sentimentos nobres, até hoje, é chocante. o "normal" é ser somente ambicioso, desconfiado e querer tirar vantagem de tudo; o "normal" é carregar a cruz e lamentar a vida toda pelo que passou; é prender a dor, mesmo que ela já tenha dado o recado dela...; o "normal" é ser "mau", é ser polêmico, é sempre dar a última palavra... o "normal" é ser pesado, rancoroso, preconceituoso e achar, tudo isso, normal, afinal "todo mundo é assim"... né verdade?! Mas, sim, mesmo sabendo que seria traído - isso sim é traição, não é "pular a cerca", só não... traição, para mim, é ter a intensão de se dar bem, mesmo que custe o mal de alguém... - ele nunca deixou de amar - ele era divino, né?! Eu ainda aprendo a perdoar... melhor, um dia nem culpo... risos - e cuidar de todos, mesmo sabendo quem o iria entregar, lhe beijou a face - creio eu que na esperança da pessoa se tocar, né, e ver que o cara era "o" cara! Mas, deixa lá, Judas tinha essa "missão", né?! Como já disse, o Pai tem lá seus desígnios, um dia a gente terá capacidade de compreender de verdade.

Não é que mesmo assim, todo mundo tendo provas de que Cristo não queria porcaria de "posto" ou "título", mesmo "descendendo" da casa de Davi, ele deixava claro que queria viver com o povo. Mas, os "poderosos" - poder, poder, poder... deveríamos desejar ter o poder de viver melhor nossas vidinhas, isso sim seria poderoso! - se temiam e, julgando com seus próprios conteúdos - óbvio, né... aliás, esse povo "normal" é muito óbvio... risos - refletiram em Jesus seus próprios temores e, naquilo que eles mesmos não buscavam esclarecer, o vácuo imperava e o vazio do que não foi esclarecido deu espaço para as artimanhas da mente humana, que, para isso, presta... aliás, nossa mente é capaz de muito mais, nós é que insistimos em sermos tacanhos... e, por fim, condenaram O Cristo por um crime que ele nunca cometeu, mas, pelo pior crime para a humanidade: amar e tentar salvar toda a Terra. Que crime, hein?! Veja como nós julgamos... veja nosso critério de avaliação constante: quem quer nos mostrar O caminho não presta, o que presta é sofrer, é temer, é a hipocrisia, a demagogia, a mentira... o poder do vil metal!

E foi feito o tal "julgamento", onde deram a Cristo a oportunidade de "assumir" seus "crimes" - kkkkkkk, não, essa, só rindo, da petulância daquele covarde do Pilatos... mas, era humano... somos, né?! Afinal, quem de nós não crucifica ou condena alguém? - até deu ao povo, também, a oportunidade de escolher se queriam libertar o Cristo ou o pobre coitado e infeliz, o "bandido" do Barrabás... e o povo - leia-se, nós, porque se fosse hoje, seria diferente? Ele iria para um tribunal e mofaria numa prisão que não regenera nada, nem ninguém... no mínimo - pequeno e cruel, medrosos que só, libertaram um "bandido". No calvário, Jesus, além de carregar a própria cruz, recebia insultos, imagino que até de quem ele deva ter ajudado..., ofensas mil, fora as chibatadas. Muita crueldade. Depois, reclamamos porque o mundo está/é como é... nunca movemos uma pequena palha para nos mudarmos e melhorarmos, vamos ajudar ao outro?! Como?! na base de sempre, da hipocrisia... Pois, o nosso irmão maior foi crucificado. Pregaram suas mãos e pés com prego. Imagine a dor física insuportável, de ter osso perfurado, músculo, cartilagens, veias e vasos... tudo, fora a dor moral... mas, ele não condenava nenhum de nós. Ele acreditava que chegaria o tempo em que nós, cresceríamos... Ele veio para nos ensinar a viver, mas, a gente só quer aprender com dor... com medo... e, ele então, se dispôs a falar na linguagem que entendíamos... se falando de amor, com amor, era inaudível para "nós" - me refiro a raça humana - então, ele provaria da maneira como "nós" conseguimos assimilar, pela dor, pela miséria. E deu sua vida. Seu sangue derramava para nos mostrar o que água, não era suficiente, para matar a sede; sua carne era molhada com o sangue que saía de dentro dela para alimentar o que o pão não alimentava: nossa loucura! E nós ali, boquiabertos com aquele terror. Creio que alguns devam ter se arrependido e se corroiam de remorso, mas ele, o Cristo, estava lá e ainda pedia por nós! Um de nós hoje, diria, "otário! mentia, assumia um crime qualquer e caia fora... essa de perdoar, amar, se doar..." E assim vamos fazendo dia-a-dia, perpetuando dor e sofrimento, como alimento de alma. Jesus sentiu muita dor, mas não sofreu. Ele não sobrecarregou seu coração com raiva, com peso, com amargura... isso caracteriza o sofrer.

O orgulho impera e cega. Até aceitar o que Jesus fez incomoda a muitos de nós. Mas, ele ressucitou, não mais como homem de carne e osso, mas, como plenitude, como ser divino. Ele nos deu um pedaço de seu corpo físico para entrar em contato conosco e nos lembrar que ele é o caminho para o Pai. Não, não é subir nas costas dele, é procurá-lo dentro do que nos ensinou e encontrá-lo ali/aí e assim, ele nos carregará, sim, como em "Pegadas na areia". A gente nunca se dá conta de que o bem está em todo lugar, até dentro de nós. Que mudar parte dentro de cada um e aceitar ajuda faz parte. Ciência? É provar todos os dias que ninguém desvenda o mistério da mente, muito menos de algum "milagre" e, mesmo assim, só cremos no que a ciência prova. Eu acredito no que a ciência prova, mas, a ciência tem um papel, não O papel, sacou?!

Sentir, superar, está além de prova científica. o "Poder" que tanto buscamos começa aqui, dentro da gente. Em nossa mente, em nosso coração e em nossas ações!

Lembre-se sempre que nós escolhemos o caminho da dor, mas, ela é só um sinal de alerta. Não precisamos esperar que ela soe para vivermos de maneira plena. Se ela chegar, deixe-a doer e deixa-a passar. Deixe-se sarar das amarguras. Deseje, em seu íntimo, com toda força, viver de maneira feliz, sem sofrimento, mesmo, dentro da dor. Alimente-se de esperança. Ela alimenta a fé. Plante fé. Semeie vida!

Não joguemos mais nossas frustrações, medos e amarguras na carne de quem nos ama. Conheço e amo gente que muito gente odeia. Conheço gente que ama gente que parece os odiar... Amo pessoas tão difíceis, que, evito o contato... amor pleno é coisa que ainda quero alcançar. Não culpar e perdoar não quer dizer que você muda o outro, quer dizer que eu tirei o peso de dentro de mim, mas, o outro continua sendo quem é e viver perdoando e sofrendo é auto-punição - risos. o amor precisa ser regado, também. Mas, mesmo que não regue todos os dias, ele se mantém. Eu não escrevi esse post para chocar ninguém, falei para tocar corações... primeiramente, o meu próprio!

Todo amor é para sempre, nem que seja para sempre uma boa lembrança!
"A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional" (Drummond)

VAMOS DEIXAR UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES PARA ESSE MUNDO!!!

Pat Lins.

2 comentários:

  1. Oi, Pat

    Creio também nisso. A dor é inevitável e, acrescento, senti-la é necessário, mas chafurdar nela, usá-la como pretexto para todo tipo de "sofrimento" - ressentimento, ódio, autopiedade, desânimo... - é opcional; isto é, pode-se evitar.
    Nesta afirmação, estamos conceituando a dor não como sofrimento, apenas como uma condição humana, ou melhor, uma condição animal. Agora, o que fazemos, os sentimentos que desenvolvemos diante de uma situação dolorosa é que faz toda diferença entre o que conceituamos como sofrimento e o crescimento pessoal, entre a ignorância e a sabedoria. Esta escolha, porém, exige uma longa caminhada através das veredas desconhecidas da alma humana. Urge, pois, darmos os primeiros passos.

    Um abraço.

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  2. No, mais uma vez obrigada pelos seus "toques". Como já te disse várias vezes, vc é um exemplo. Para vc tudo é possível, inclusive, superar seus medos. E por isso que p vc não há empecilhos, há desafios e dificuldades que precisam ser ultrapassados. E vc é real. Sua ações são reais. Sua vida é real. E fazer tudo ser possível, desde as menores e mais básicas coisas é que leva ao alcance das maiores. Obrigada pela sua amizade!!!

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