quarta-feira, 3 de março de 2010

SEM MEDO DE SER FELIZ


Chega uma hora que não dá mais! Chega um momento que precisamos fazer escolhas - ô palavrinha difícil na prática...

Chega um momento em que os caminhos não são mais os mesmos. Os propósitos se divergem de tal maneira que mais parece um cruzamento e, então, para onde ir? Quem vai para onde? Quem vai com quem? E aí, tudo pesa. Tudo entra como critério, como argumento... muitos palpites,opiniões... na maioria das vezes, muito mais "conselhos" de quem acha melhor não mudar, do que arriscar ser feliz... de repente, hora de se calar, se dar um tempo e refletir. Refletir TUDO mesmo. Fazer uma listinha - no papel mesmo - do que vale a pena e do que não vale. Quantificar. Qualificar. Equiparar. Avaliar. Ponderar. Observar. Dar mais tempo. Deixar passar. Sentir. Pensar. Sentir. Elaborar. Criar coragem para assumir. Preparar. Calma. Planejar. Agir.

Creio que esse post venha a ser um dos mais dolorosos para mim. Me escrevo, me leio, me ajudo, me transformo. Mas, tem uma coisinha que se chama "orgulho" que é bobo ao se falar, mas, é pesado sentir.

Faz aproximadamente 2 anos que meu casamento desce ribanceira abaixo. Chato é que muita gente vai perder o tempo confabulando sobre o que nunca acompanhou, em vez de apenas tentar compreender a nobreza de se continuar vivendo em busca da felicidade, do aprendizado, do crescimento...mas, como me falo: não posso controlar, nem mudar, os pensamentos de ninguém, só o meu! Pois é.

As pessoas se separam e/ou se mantêm juntas por diversas razões. Mas, uma única razão me é suficiente: tempo de ser feliz. E tem tempo para tudo. A frase do nosso convite de casamento foi essa: "há tempo para todo propósito debaixo do céu..." (Eclesiastes) e há mesmo. E tempo é coisa que passa.

Infelizmente, as realidades das pessoas que acham que têm "obrigação" de me dar conselhos, não são lá referências de neutralidade ou sensatez. Sei que há uma certa boa intenção,mas, intenção de quê? Primeiro, tentar salvar uma relação tão bonita... que já não existe mais. Não como os bem intensionados esperam. Existem coisas que acontecem. E aconteceu. Aconteceu de tentar salvar e recuperar aquele sentimento tão forte, que foi ficando fraco a cada dia. Mas, não deu. Cada um queria de um jeito e o melhor jeito é o melhor para ambos: cada um, um caminho. Engraçado é que escrevi um rascunho de dez páginas para esse post, com cuidado para escrever... hahahaha, e estou escrevendo sem olhar para ele... Ia escrever sobre "o que determina o término de uma relação?" e já mudei tudo. Nada determina e tudo determina. Preferi escrever sobre o que é importante para se manter numa relação em casal ou separados. Sim, isso é o ideal. Talvez um dia transcreva o outro tema para este espaço que é um pedaço de mim, através de meus pensamentos, minhas viagens... risos.

O importante é saber o que precisamos ter sempre, juntos,como marido e mulher e juntos, como amigos ou pais do mesmo filho... acho muito estranho se construir uma história e, só porque não conseguimos seguir pelos caminhos que queríamos, romper e não saber virar a página, terminando por arrancá-la... Agora, outro tempo começou. Outra história começa. Cada um em seu caminho, mas, não precisamos ser inimigos mortais.

Muita gente levanta a fidelidade como não motivo para a separação. Como se só traição conjugal fosse motivo grave! Se assim fosse, muita gente que me aconselha já teria terminando o próprio casamento. Ora, para mim, estar junto é parceria e união. Companheirismo. Falar a mesma língua. Discutir, mas, para resolver. Gerar problema e só problema não é solução. Se tem um ditado certo é "dois erros não fazem um acerto". Para mim, estar junto já é sinal de escolha. E essa escolha requer alguns estabelecimentos de missão, valores e etc. Relacionamento extra-conjugal é pura sacanagem. Uma coisa é um lapso, uma vez na vida, onde aconteceu de sair com uma pessoa e fim... isso é ponderável, aceitável, a depender do grau da relação e dos motivos... existe explicação para muita coisa. Outra coisa é viver na infidelidade. Isso é o "O". Mas, cabe a cada um estabelecer suas regras, né verdade?! Não, nunca peguei no pé do meu quase ex-marido - se a gente ainda divide o mesmo teto, só estamos separados conjugalmente, ainda não assinamos os papéis é estranho,né?! Não tem nomeclatura... risos- por conta de se "ele saiu com quem", "estava onde?"... não é meu feitio. Quem me conhece sabe que ciúme não é minha praia. Mas, também, ele nunca me deu motivo para perseguir. Nem eu a ele.

A questão é que quando as diferenças ficam mais fortes e evidentes do que as afinidades, algo está em descompaço. Muita gente levanta a bandeira de que "o amor aguenta tudo"... pena que não aguenta NADA ou quase nada. "Quase nada em comum". Será que aguenta tanta divergência? Não sei. O que sei é que somos aprendizes da arte de amar e amar não pode ser só ao outro, tem que ser, antes de tudo,a nós mesmos. Melhor terminar uma relação do que que terminar tudo que pode se salvar. Dizem que amor não acaba. Eu penso que depende do tipo do amor. Talvez, do tipo da relação que o amor exige. Existem vários âmbitos de amor: fraternal, paternal, maternal, carnal, espiritual, conjugal... tudo é amor. O meu deixou de ser conjugal e, por pouco, não deixou de existir. Consegui salvar o fraternal... a custo de muito trabalho e exercício, que pratico todos os dias.

Eu passei uma época julgando e condenando-o por me fazer ter várias recaídas e atrapalhar meu tratamento para superar a DPP - retardou muiiitttooo. Era engraçado porque as pessoas "viam-no" sempre ao "meu lado" e me diziam que eu deveria ser grata por ele não ter caído fora. Em meio às crises e sentimentos de culpa por tudo - coisas da depressão, mesmo - eu me sentia um monstro, por pedir a ele que me ajudasse... ninguém sabia que ele mais me atrapalhava do que ajudava. Para quê saber? As pessoas só querem julgar o recorte que vêm e pronto. Agora veja, um companheiro que abandona alguém nesse estado é tão necessitado de ajuda,quanto o doente. Não é fácil conviver com alguém em Depressão e as crises são pesadas. Mas, ele não queria saber como me ajudar. Queria saber como me manter estável... e nem assim se esforçava. Me ajudou a olhar Peu, mas, se eu tivesse ficado na casa dos meus pais, teria quem olhasse Peu, eu não precisaria ficar sozinha em casa e ter essa ajuda só na hora de acordar - tinha uma séria dificuldade nesse aspecto... como eu esquecia os horários dos medicamentos,sempre tomava na hora errada... - e eu passava os dias sozinha, porque para ele eu era egoísta em querer passar aquela chuva na casa de minha mãe, em vez de vivermos nossa vida... eu até falo sobre isso nos primeiros posts, por isso, não vou repetir agora... ainda é ferida aberta...mas, para quem estava de fora, que só nos via aos finais de semana, era fácil ver o sorriso dele e minha cara amarrada e achar que ele era tão bom que nem reclamava... hoje, algumas pessoas já se permitem ver que pessoas boas também erram. Nós erramos por não saber acertar. Mas, foi muita coisa. Nossos complexos afloraram. Os interesses pela vida e a maneira de buscar concretizá-los também se mostraram contrários... enfim, em meio a cada tijolo que eu colocava em minha vida, reconstruindo a cada dia, eu tinha o trabalho de recolocar o que ele derrubava, mesmo que,creio eu, inconsciente, e eu ficava no mesmo lugar... para eu começar a caminhar precisei magoá-lo muito, porque precisei lutar contra a destruição que me causava, mesmo sem saber porquê. Meu maior desafio foi encará-lo como ser humano, tão falho e imperfeito como eu. Porém, é difícil somar com alguém que nem sabe o que quer somar... é difícil um querer crescer e o outro querer segurar com medo de perder... e ele me perdeu. Se é que se pode colocar assim. Na verdade,eu estou me reencontrando e só há espaço para o que vai junto. Não posso obrigar ninguém a me seguir, nem posso me resignar para seguir alguém... pior ainda, quando esse alguém nem sabe para onde quer ir...

Dei um tempo, tentei fazer diferente, mas tudo continuava igual... vi que precisava me decidir. ECOLHA. Quando se está se sentindo fraco e com limitações financeiras e materiais é muito difícil fazer a escolha do seu coração, mais conhecida como a escolha certa. E vai empurrando com a barriga. Até que a barriga cansa e pede ajuda. Daí, sobe para a cabeça e cai no coração... onde encontrar ou reunir forças para empreender a maior mudança? Como compreender que aconteceu e pronto? Tocar o barco. Viver o presente. O agora é resultado do que fizemos e só quando nos damos conta - a velha CONSCIÊNCIA - podemos transformar o agora num agora diferente. Senão, fica um agora igual a ontem, bem amarrado, bem cansativo, bem mal!

A gente perde muito tempo no mesmo lugar. Quando se leva muito tempo no mesmo lugar para refletir é uma coisa, você vai dar o próximo passo. Mas, ficar parado porque não sabe o que quer, nem para onde ir é perda de tempo.

O que eu quero é seguir minha vida. Eu não estou rompendo com ninguém, estou me reunindo a mim. Passei muito tempo em conflito interno para superar a DPP para continuar sem crescer. Chega de fingir que tudo que aconteceu não aconteceu. Chega de reclamar pelo que passou, mas, saber o que fiz e o que foi feito é super importante para não fazer de novo. Chega de ficar presa a alguém para dar satisfação a "sociedade", a família, aos amigos... aos julgadores de plantão. Sem medo de ser feliz! Quem me conhece precisa respeitar minha decisão. Precisa compreender que faço o melhor para mim,pela minha liberdade. Não vou sair explicando cada coisinha que minou meu casamento, mas, essas coisinhas quem viveu fui eu e quem decide se é destrutiva ou não, sou eu. Quem viveu o ambiente que eu vivi, fui eu. Eu sei o que passei. Eu sei o quanto sofri, calada. Quantas lágrimas derramei sozinha e escondida,para não ser julgada ou julgarem a ele de maneira equivocada. Eu senti e vi o casamento começar a se destroçar e eu sei o que fiz para tentar salvar. Alguns me disseram: "você fez do seu jeito..." e é verdade. Se a outra parte não tinha seu próprio jeito o que eu ia fazer? Deixar como estava? Se a outra parte concordava com o que eu falava, só para evitar conflito, protelava uma solução e nada se resolvia. Para os amigos, família e afins, só meu estresse aparecia. Como eu andava descontrolada... percebi o joguinho e me segurava. Chegou a um ponto que não se sabe como frear, mas, consegui! Ao menos, freei. Ao menos não piora mais... porém, chegou a um ponto que acabou.

O fim de um casamento não é final de vida, é o final de uma vida a dois como casal e só. Nós somos muito exagerados. Não levanto bandeira para promiscuidade, pelo amor de Deus! Sou a favor da felicidade e para isso se é necessário responsabilidade e consciência de que cada ato nosso gera consequência. A felicidade plena requer muito esforço. Penso que ao alcançá-la será mais fácil mantê-la. Hoje, penso que é mais difícil abrir mão dos tabus, pudores e limitações. Ao me libertar desse fardo, desse peso extra e desnecessário, dificuldade para ser feliz será quase zero.

Já não me incomoda tanto o peso de ser julgada. Me incomoda o fato de ainda ter que me resolver em determinadas questões e as barreiras impeditivas de ordem física-financeira e material... não posso sair e começar uma vida do zero, literalmente no zero... quer dizer,poder posso,mas, não quero... escolho dar mais um tempinho... Como eu sempre escrevo, agora é questão de oportunidade e hora certa!

O melhor caminho é aquele que nos leva a querer seguir e encontrar com o que há de melhor em nós. Ou, despertar o que há de melhor. Antes, só via a destruição. Hoje, vejo a reconstrução de minha vida. Passo a passo. Julgue quem queira julgar, mas, viva sua vida como julga a do outro e me diga se é mesmo o caminho...

Nós podemos deixar UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES NESTE MUNDO, desde já, desde cada um de nós.

Um beijo enorme!!!
Pat Lins



4 comentários:

  1. Gostei do seu blog!
    Se quiser dar uma olhada no meu e colocar-se como seguidora, fique à vontade: http://literaturasdomundo.blogspot.com/
    Bjos

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  2. Perdoa tuas dúvidas... tua perda de tempo, que afinal não foi perda! Ganhastes enfim, a vida... a liberdade de poder escolher por onde andar...

    Belo texto! Abraços...

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  3. PERFEITO! VOCÊ DISSE O QUE TODOS PENSAM DE UMA MANEIRA AGRADÁVEL DE LER.PARABÉNS.
    UM ABRAÇO
    APAREÇA.

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  4. Obrigada, a cada uma! Escrever o que está sangrando dentro do peito dói, mas, vale muuiitttooo a pena!

    Beijosss!

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