Hoje, parei para pensar num assunto meio polêmico, porém, real.
Já percebeu que a gente cria "super expectativas" em relação às pessoas e depois, nos decepcionamos e as culpamos?
Pois é, existe uma consequência para essa "super idealização", que, considero pior do que uma Depressão: A OPRESSÃO!
A Opressão vem a ser a "super frustração" daquela idealização.
O nome já diz: idealização - faz parte de sua idéia!!! De uma concepção única e pessoal. Todo ideal é subjetivo demais. A subjetividade já diz, também: é coisa da cabeça de quem pensa!
Me senti mais adulta, quando vi que meus pais não eram os super heróis que "idealizava" (olha, pensamento meu; subjetivo; pessoal...). Quando os enxerguei tão humanos quanto eu; quando enxerguei que eles tinham muitos defeitos, passei a admirá-los ainda mais e ele se tornaram meus verdadeiros: SUPER HERÓIS!!!
Legal que eles não precisam se esconder atrás de um alter ego, nem de máscaras bizarras, nem capas esvoaçantes, nem usar cueca por cima da calça... eles são SUPER HUMANOS, SUPER NORMAIS. Em vez de sofrer por perceber isso, amei! Meus pais são pessoas incríveis. Amar quer dizer: amar os defeitos e as qualidades! Eu os amo na verdade.
O que me fez parar para escrever este post foi a relação do meu marido com o pai. Não a título de ofensa, ou superioridade... não, parei para ver o quanto essa SUPER EXPECTATIVA pode causar uma série de SUPER FRUSTRAÇÕES... Meu sogro é um profissional brilhante! Conseguiu "ralar" e fazer carreira profissional. Isso é uma grande qualidade! Mas, esqueceu de desenvolver seu lado "pessoa". A vida dele é o trabalho, e o trabalho, sua vida. Mas, não estou aqui para falar da vida dele, não teria essa ousadia, até, porque, não convivo com ele para, sequer, ter noção do que ele já passou e passa. O admiro muito e respeito também. Ele é, ao menos, uma pessoa honesta. Não se faz de "bonzinho" para agradar. Ele é o que é e pronto. É imperfeito como todo e qualquer Ser Humano. também criou e "idealizou" SUPER EXPECTATIVAS em relação aos filhos - todos os pais criam, mas, o "natural" é que os filhos descubram que os pais não são SUPER HERÓIS, né?! Nesse caso, houve uma via de mão dupla de SUPER FRUSTRAÇÕES e SUPER DECEPÇÕES e uma cadeia de SUPER OPRESSÕES... Ele almejava que seus filhos seguissem seus passos, sem perceber, que, ao "abrir mão" de ser pai, para ser exemplo profissional (espero não estar pesando...não tenho essa intenção. Mas, ao resumir, o que me descrevem seus filhos dessa relação, fica muito seco... mas, é um resumo. Tem muita coisa boa, também.) fez com que reação fosse inversa: os dois são o oposto! Não com relação a trabalhar, porque Iuri não mede esforços para fazer seu trabalho bem feito, é extremamente competente, domina o que faz e faz com prazer, porque gosta do que faz. Iuri é primoroso em seus trabalhos e sempre elogiado. É um profissional de confiança. Além de ser paciente, cuidadoso e ético. o que quer dizer que herdou o talento do pai (e da mãe também). Só não foi muito além nos estudos, trancou três faculdades... Mas, se atualiza em sua área, como Técnico em Informática. O cara é bom no que faz!!!
Pois sim, voltando a OPRESSÃO. Ela se caracteriza através da "punição sentimental" pelo fato do ser IDEALIZADO não corresponder ao que se idealizou... Mas, de quem é a culpa? O ser idealizado deve ser o que deseja seu idealizador? Ou o ser idealizado deve ser o que se é, sempre buscando ser o melhor? Nesse caso, poderia ter havido um consenso: ele diminuía sua exigência; seus filhos poderiam ter valorizado mais o esforço dele... Nenhum pai quer o pior para o filho; muitos erram tentando acertar. É a maneira dele dizer: "quero que você tenha o que não tive..." Mas, nenhum filho tem que se auto-negar para alcançar e se transformar em ídolo... ou, no ser idealizado... essa linha não seguiria tão certinha assim. Nunca alcançariam a exigência (porque esta não é palpável) e viveriam duas frustrações: a de não ser o ser idealizado; e a de não ser que se é!!!
Na verdade, não existe CULPA, nem CULPADO nessa situação. Existem vítimas das circunstâncias. Cada um do alto de seu orgulho, julga e é julgado. Cada um, carrega uma imagem IDEAL; cada um, carrega uma SUPER EXPECTATIVA; cada um se FRUSTRA dentro de seu mundo pessoal; gravitam em torno de si mesmos e de suas idealizações.
Daí, vem a OPRESSÃO: se a pessoa não é o que quero que seja, não a admiro. Não a admirando, não a valorizo. Não valorizando, a ignoro!
Há amor, mas há carapaça... Acessar corações encouraçados é complicado. É como se fosse uma pilastra de ponte coberta de ostras e limo. A gente sabe que ela está ali, vê, mas, quem vai se arriscar para tirar sem proteção? Fere. Quem quiser ir além, precisa se preparar, se amar muito e amar muito o outro também, porque ao tirar as ostras, com certeza, pode se machucar também... Acessar um coração embrutecido é trabalho de muito amor e carinho. Mas, todo trabalho de muito amor e carinho, deve partir de alguém que também se ame muito... acho que fui meio prolixa aqui... mas, dá para entender. Basta seguir a linha de raciocínio - risos.
Numa relação de SUPER EXIGÊNCIAS, ambas as partes se machucam, sofrem... ambos perdem.
Veja que para salvar o mundo, e manter o disfarce, Bruce Wayne vive sozinho. Rico, bem sucedido, porém, solitário (não fosse a companhia do seu mordomo e do "garoto prodígio").
Ninguém é completo; ninguém é perfeito; ninguém é a idealização do outro!
Ainda creio que o amor tudo possa. Para Deus, nada é impossível. Então, saberemos, cada um, dentro de sua órbita indivudual, aprender a amar e respeitar o outro.
Não digo que não se possa incentivar um melhora, um amadurecimento... o que me refiro é à SUPER IDEALIZAÇÃO, SUPER EXPECTATIVA isso sim, é prejudicial. Isso é que afasta.
Mas, não há nada que o tempo não se encarregue de consertar. Há feridas abertas que precisam de cuidado para poder fechar e cicatrizar. Lembra do que já falei: "cicatrizes são lembranças e nada mais!!!".
Poderíamos ser mil coisas, mas, essas mil coisas, poderíam não ser quem somos... É fácil demais exigir... difícil é aceitar as diferenças e tentar ser feliz com a realidade. Ou, até, ver o que poderia ser feito para se chegar a um senso comum...
Patricia Lins
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário/participação. Obrigada, pela visita! Volte sempre!