Foto: Thais Santana |
SALVADOR 467 – CIDADE MÃE
Patricia Lins
E eis que surge um povo novo
Uns povos novos
Uns novos, uns outros,
Uns mesmos que viraram
outros
Eis que vieram das águas,
dos mares,
Das terras,
Do nada
E aqui se fez uma mistura
pura,
Não pura,
Impura,
Tortura
E todos clamavam magia,
Para se fazer alegria entre
tantas dores
Por cores desiguais.
E eis que pedimos:
“Salva dor, Salvador!”
Ontem, o novo doía...
Doía tanto que ser diferente
dos que só queriam os seus iguais
Era sentença de morte, de
monstro, de animais!
Tantas cores, tantas
crenças,
Tantas diferenças
Doíam cada dia mais!
Doía tanto, até para os que
aqui já viviam
E nada entendiam:
“A terra que a gente vivia,
onde tudo compartilhávamos, já não existe mais!
Quem manda agora quer tudo,
das nossas almas, aos nossos
prantos,
Da nossa comida, à nossa
força, à nossa vida!
Insatisfeitos, nos
destruíram,
Nossa casa não existe mais.
Nosso povo não é bem-vindo,
Fomos banidos, dos nossos
próprios locais!
Saímos correndo, apenas
alguns poucos, para ter paz.”.
A terra que é mãe, acolheu a
todos.
Ela não escolhia para quem
brotar, brotava para quem nela plantava
E esse mundo novo que aqui
vivia, brotava cada dia mais.
As cores se multiplicaram
E eram bem importantes nuns
dias de carnavais
Depois desses dias, os portais
se fechavam
E as alegrias coloridas
Já não cabiam mais
Ninguém entende, ainda hoje,
por que as cores ainda doem?
Cidade miscigenada,
Cidade de todos os cantos,
encantos e axé,
Sagrado e profano...
Onde está a verdadeira paz?
Salva dor, Salvador!
Salva e cura a dor dos
desiguais!
Salva nossas dores,
Para que elas não doam mais!